Depois de Obrador, Dedic e Barrenechea, chegou o momento Richard Ríos. O negócio pareceu improvável a certa altura, até porque o médio já teria tudo acertado com a Roma, mas depois de falhar a contratação de Thiago Almada, o Benfica apostou forte na contratação do internacional cafetero do Palmeiras.
O negócio vai render 27 milhões de euros à equipa de Abel Ferreira, mas o que os benfiquistas querem saber é quanto irá render Richard Ríos ao Benfica no plano desportivo.
Do futsal ao topo do Mundo
Um subtítulo pouco criativo, mas literal. A relação de Richard Ríos com a bola esteve, durante alguns anos, mais ligada ao futsal do que o futebol, ainda que tivesse começado por tentar singrar no desporto-rei, como explicou em entrevista ao site da CONMEBOL.
"As coisas não correram bem" e Ríos procurou apostar no futsal. E foi aí que chamou a atenção do mundo do... futebol. Depois de dar nas vistas no Sudamericano sub-20 da modalidade, em 2018, foi convidado a testar as suas habilidades no Flamengo.
Ao contrário do que é habitual, Ríos começou a jogar nos sub-20 do Mengão, em 2019, e chegou à equipa principal um ano depois. Apesar de não ter conseguido destacar-se, o que fez com que fosse cedido ao Mazatlán, do México, brilhou no campeonato Paulista, quando jogava no Guarani, na altura na Série B, e levou o Palmeiras a pagar pouco mais de um milhão para o levar para a equipa de Abel Ferreira.
2023 foi, por isso, um ano de sonho para Richard Ríos. De um quase desconhecido na Série B ao plantel do atual campeão brasileiro, até chegar à seleção da Colômbia, com a qual viria a perder, um ano depois, a final da Copa América frente a uma Argentina onde jogavam Di María e o atual capitão do Benfica Nicolás Otamendi, com quem viria a travar um aceso duelo mais tarde.

Já consagrado como um dos principais jogadores da equipa de Abel Ferreira, fazemos flash forward na carreira de Ríos até aos meses de junho e julho de 2025, onde se mostrou a quem ainda não o conhecia, desde logo ao... FC Porto. O Palmeiras foi o primeiro adversário dos dragões no Mundial de Clubes e Richard Ríos começou a mostrar-se como um médio box to box, tão capaz de recuperar bolas junto à grande área, como de aparecer junto à baliza adversária.
Um médio moderno que certamente não iria continuar a passar despercebido na Europa.
Substituto de Kokçu não é um novo Kokçu
O resto da história já é conhecida e trouxe-nos até aqui. Richard Ríos chega ao Benfica para substituir Orkun Kokçu, mas não tem assim tantas semelhanças com o médio turco.
Se Bruno Lage e o próprio Roger Schmidt levaram algum tempo a perceber qual a melhor posição para encaixar o agora jogador do Besiktas, quanto a Ríos não há dúvidas. O colombiano chega para jogar ao lado de Barrenechea, que será o médio mais posicional e responsável pela construção. Menos criativo no processo ofensivo, Ríos não garante os mesmos números de Kokçu, embora seja um jogador com boa capacidade de remate e que vai, sempre que possível, entrar nas áreas adversárias para procurar a finalização.

No modelo de Abel Ferreira, Ríos sempre foi um jogador mais habituado a pisar o lado direito, até para compensar a liberdade dada a Estêvão nesse corredor, mas é um todo o terreno que promete equilibrar a equipa do Benfica no aspeto defensivo - o gráfico acima mostra uma diferença considerável para Kokçu nesse tipo de ações.

Além do pulmão inesgotável, o colombiano não se fica pelos atributos físicos. Apesar de alguma impetuosidade na forma como tenta recuperar a bola - leva 23 faltas em 10 jogos no Brasileirão -, fruto da intensidade com que vai para dentro das quatro linhas, Ríos é inteligente na forma como se movimenta no terreno e capaz nas compensações junto aos corredores, prometendo ser um auxílio importante no processo defensivo dos encarnados.
Na última edição do Brasileirão, apresentou uma taxa de sucesso de 85 por cento no passe e um registo assinável de 74 de acerto em passes longos, números que comprovam o estatuto de médio completo.

Quanto à finalização, apesar de aparecer com frequência em boa posição para visar as balizas adversárias, pode melhorar os seus números em solo português - em 36 remates, apontou três golos no último Brasileirão.

Depois do investimento em Kokçu, que acabou por não resultar como esperado pela direção benfiquista, Richard Ríos chega para acrescentar funcionalidades diferentes ao meio-campo da equipa de Bruno Lage, um pouco ao estilo do que se esperava (ou não) de Renato Sanches.
Resta perceber como é que vai adaptar-se ao futebol europeu e se a equipa vai ser capaz de se adaptar ao próprio Ríos. Atendendo ao que se viu no Mundial, e ao que foi mostrando no Palmeiras, tem tudo para ser um upgrade de Kokçu a vários níveis.
