Um dérbi de Lisboa por si só já é um jogo de destaque, mas o da 16.ª jornada da Liga acabou por ter condimentos que vieram dar um sabor extra. Rui Borges estreou-se como treinador do Sporting e abandonou o 3x4x3 de Ruben Amorim e João Pereira, Bruno Lage lançou Amdouni no onze e acabou por ficar em branco na primeira vez no campeonato.
O Flashscore apresenta três notas que marcaram o dérbi.
4x4x2
Arrancou a era Rui Borges em Alvalade. Frederico Varandas tinha revelado que o antigo técnico do Vitória SC ia ser Rui Borges e isso ficou marcado logo desde o primeiro minuto, com o sistema tático a mudar para um 4x4x2, deixando de lado o 3x4x3 que marcou as vigências de Ruben Amorim e João Pereira.
Em termos teóricos, o Sporting entrou com quatro centrais – Matheus Reis e Eduardo Quaresma a laterais, Ousmane Diomande e Jerry St. Juste no meio – e apresentou alguns comportamentos do passado, sobretudo a defender. O neerlandês sentiu dificuldades naturais a jogar na esquerda da dupla central, mas Matheus Reis e Eduardo Quaresma complementaram-se bem com Geovany Quenda e Geny Catamo, como faziam num esquema a três centrais.

A maior diferença chegou do ataque. Francisco Trincão jogou mais centralizado, no apoio a Gyökeres, e o avançado sueco procurou combinar muitas vezes com o português. No lado esquerdo, onde anteriormente aparecia o avançado interior (Pedro Gonçalves) foi Morita a preencher esse espaço, com várias subidas.

O joker
Zeki Amdouni tinha conquistado o estatuto de joker no Benfica. Cedido pelo Burnley, o avançado de 24 anos tinha participado em 11 jogos da Liga, marcado cinco golos, mas só tinha sido titular numa ocasião.
Era o jogador com mais rendimento a sair do banco no campeonato e Bruno Lage optou por lançá-lo a titular no dérbi com o Sporting, mas acabou por não ter o resultado esperado. Amdouni esteve sempre muito longe da área e acabou por ter apenas uma finalização, que não encontrou o alvo.

Do banco saiu depois aquele que é o habitual titular – Pavlidis – e o terceiro na hierarquia – Arthur Cabral – para uma tentativa de bola mais direta e cruzamentos, mudando por completo o plano inicial. Não teve sucesso também.
Meio-campo
Tem sido uma das pechas do Benfica de Bruno Lage esta temporada: a capacidade de manter a bola perante a pressão alta adversária. Um problema que foi bastante visível num elemento em particular, no jogo com o Bolonha, da Liga dos Campeões, e que voltou a aparecer agora com o Sporting: Florentino Luís.

O internacional sub-21 sente muitas dificuldades quando pressionado e raramente toma as melhores decisões. Isto levanta uma questão, já que o Benfica parece não ter uma alternativa direta, uma vez que Leandro Barreiro é visto por Bruno Lage como um interior, para fazer uma função semelhante à de Aursnes.
Em Alvalade foi Kokçu a recuar – uma solução testada anteriormente por Schmidt – que trouxe mais limpeza na saída de bola do Benfica, mas deixou a definição na frente entregue quase em exclusivo a Di María, já que Aursnes e Barreiro não são jogadores de visão. Um equilíbrio que Lage terá de encontrar daqui para a frente.
