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André Villas-Boas revela interesse numa Supertaça Ibérica: "Agora andamos todos às cabeçadas"

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André Villas-Boas falou no Portugal Summit
André Villas-Boas falou no Portugal SummitFC Porto

O presidente do FC Porto foi um dos oradores convidados do Portugal Football Summit, que está a decorrer na Cidade do Futebol. O dirigente fez um balanço do mandato à frente da entidade azul e branca e revelou ideia para uma nova competição. Abordou a importância da formação e a proposta do Al-Ittihad por Rodrigo Mora.

Ser treinador ou presidente: "O que se mantem é o amor único pelo FC Porto, o que o clube representa, valores e princípios, destino de vida, obrigação, sentido de chegar a presidente. Agora sou movido por um sentido de missão, de melhor servir a instituição e entregar melhor do que quando encontrei, o que será difícil tendo em conta o passado histórico e glorioso. Entregar com títulos, bem estruturada, com crescimento associativo. Uma transformação enorme pessoal. De treinador a presidente encontrei muitas diferenças, o meu dia a dia é liderar equipas, posso orgulhar-me que terei das melhores equipas de gestão do país e por isso temos tido estes resultados em 16 meses".

Balanço: "No plano desportivo ambicionávamos títulos e primeiro ano de mandato foi violento. O FC Porto ficou aquém dos objetivos; algumas mudanças pelo meio, uma reestruturação financeira gigante. O FC Porto movimentou cerca de 450 milhões de euros em mercado e operações financeiras. Foi o salvou o clube. A situação foi perigosoa, fomos ajudados por sócios com papel comercial, depois uma das operações financeiras, que vira replicada nos outros grandes, levantamos 115 milhões de euros com dívida americana. Caminho de reestruturação, vendemos 30%. Injeção que serviu para salvar o FC Porto e mante-lo enquanto clube de associados. É o nosso maior propósito e assim o queremos deixar. Felizmente encontrei pessoas muito metódicas, muito profissionais, que se entregaram de alma e coração. Pessoas que me ajudaram a chegar e executar um plano. Onde não havia capital, tivemos de nos apoiar nos sócios, aqueles que amam o FC Porto, que nos permitiram levantar 15 milhões de euros dos funcionários, jogadores, estava numa situação limite. Trabalho de background em campanha foi fundamental. Abrindo mercados, reunimos com JP Morgan, ver como pessoas respondiam à marca FC Porto, a credibilidade na banca estava de rastos. Não queríamos que fosse com violência de acabar em 3.º, ganhámos a Supertaça e podemos orgulharmo-nos dela, mas foi curto".

Supertaça Ibérica: "Se pensarmos noutras modalidades que não o futebol, temos vários tipos de competições, como Supertaças ibéricas, ligas transfronteiriças. Sou da opinião que o futebol caminha para esse sentido. Lancei o desafio ao Pedro Proença e aos outros grandes portugueses e espanhóis, no início do meu mandato. Agora andamos todos às cabeças, mas ficou lá o bichinho, foi bem acolhido pelo Atlético Madrid, Real Madrid, Barcelona, Benfica, Sporting e a FPF".

Novo centro de treinos: “Irá oferecer outras condições aos jovens do FC Porto para se desenvolverem. Como já temos uma boa história de desenvolver jogadores, principalmente pela qualidade dos nossos treinadores, esperamos rapidamente de sermos capazes de alimentar a equipa principal. Neste momento temos o Rodrigo Mora, Martim Fernandes e o Diogo Costa, o Vasco Sousa emprestado ao Moreirense. São joias do FC Porto e queremos produzir cada vez mais. São eles que nos dão mais-valias e sustentabilidade financeira”.

Internacionalização: "É fundamental esta nova forma do futebol. Vamos ver o AC Milan - Como na Austrália e o Villareal - Barça em Miami. Será que o futebol português pode aproveitar esta janela de oportunidade? Há jogos com 1.500 espectadores. Um Casa Pia-Sporting pode ter 2 ou 3 mil espectadores, um jogo desta natureza podia ter estádio cheio em Newark, por exemplo. A FIFA já disse que foi uma exceção aprovada e não quer dar continuidade, diz que ligas devem ser jogadas nos países, mas o campo está aberto e cabe às federações fazerem algo. São desafios que são responsabilidade de maior do futebol português, de todos, clubes, FPF e Liga. É preciso partir pedra, criar cimeiras de presidentes realmente ricas em conteúdo e discussão como esta Summit é"-

Rodrigo Mora: "Existiu uma proposta de 50 milhões de euros do Al Ittihad, um clube que infelizmente se habituou a tentar brincar com o FC Porto, prometeu vir com uma proposta de 63 milhões de euros que nunca apareceu. O FC Porto, de todas as formas, não venderia o Rodrigo Mora por menos da cláusula, que na altura estaba balizada nos 115 milhões de euros. No entanto, em conversa com o atleta, dissemos que estávamos disponíveis a aceitar uma conversa a partir dos 70 milhões, mas essa proposta nunca apareceu e o Al Ittihad desapareceu mais uma vez da mesa de negociações com o FC Porto".

Participação do Sporting: “Já disse o que tinha a dizer. Não vou continuar a alimentar uma guerra em que fui muito factual e direto. Apelo a reuniões como esta, summits como esta, a encontros entre os três grandes. É a obrigação maior e a única coisa que lamento é que não haja esta qualidade de debate em cimeiras de presidente e assembleias-geral da Liga. É preciso presidente da Liga forte, presidente da FPF forte para discutir o futebol português de forma transparente, clara e direta não andarmos aqui em rodeios. Temos situações de rotura relativamente aos direitos audiovisuais, podemos ter perda no ranking da UEFA e perda de receitas, e se acontecer o caso Diarra podemos ter perda de valor nas transferências. Se isto acontecer, significa falência técnica. Isto obriga a reflexão profunda e a um debate sério”.

Liderança forte: “Representantes dos clubes português estão para poiar os presidentes. O presidente da FPF chegou com sucesso desportivo, quererá o melhor para o futebol português. O presidente da Liga estamos aqui para ajudar, mas ele também tem de nos ajudar e ter uma visão ampla sobre os problemas. A UEFA está a decidir a forma de vender os direitos relativamente a 2028, o futebol português não faz ideia de como dividir os direitos, os clubes querem receber mais sem perceber as dinâmicas de geografia, em que a maior parte da população é adepta dos três grandes. É preciso respeitar os clubes grandes e as suas marcas que vão para a UEFA, em que na Liga dos Campeões compete com equipas com orçamentos que são o quádruplo. Quando os clubes profissionais tiveram consciência da importância dos grandes podemos chegar a valores que satisfaçam toda a gente”.

Transferências: “O FC Porto fez compras avultadas, que obrigam a salários avultados e obriga a um impacto direto nas nossas contas. Tivemos de vencer muito em janeiro e junho passado para ter folga. O FC Porto agora em vez de competir com o Valencia, Marselha, Barcelona, compete com o Sunderland, o Burnley. 50% dos clubes que estão na UEFA já têm multipropriedade, têm facilidade de transferência dos jogadores dentro da sua cadeia e grandes volumes de receitas. Depois, os Vinícius, o Endick, Estêvão são contratados pelo Real Madrid e Chelsea, não pelo Benfica, FC Porto e Sporting”.

Três grandes unidos: “Alinhamento estratégico dos três grandes é fundamental para criarmos valor. É o primeiro passo, precisamos de um homem unificador e que sejamos capazes de nos unir rapidamente e chegar a soluções”.