Eleito presidente do FC Porto em abril passado, André Villas-Boas rendeu Jorge Nuno Pinto da Costa e encontrou um clube debilitado do ponto de vista financeira. Em entrevista ao L’Équipe, o agora líder dos azuis e brancos falou de um cenário dantesco.
“Contactámos várias instituições internacionais para refinanciar a dívida do clube e conseguimos angariar 115 milhões de euros a 5,62%, quando a dívida do FC Porto era até então indexada a taxas entre 8 e 13% ao ano. Precisávamos de gerar 15 milhões no imediato para conseguir pagar os salários dos funcionários e dos jogadores. A situação era realmente limite. Se não tivéssemos sido eleitos, acho que o clube teria sido vendido a um fundo americano dentro de um ou dois anos, no máximo. Havia 8 mil euros na conta à ordem”, atirou, dando exemplos dos motivos que geraram este cenário: “Muitos jogadores ficaram livres, havia muito dinheiro pago a intermediários nas transferências. Enquanto que no Benfica e no Sporting 40% do valor das vendas entra nos cofres, no FC Porto eram apenas 10%, devido a diversos acordos.”
Desde que assumiu a pasta dos dragões, Villas-Boas tem feito da recuperação financeira uma das principais bandeiras.
"Estamos a crescer de 30 para 40% da nossa receita comercial. Sobre as transferências, a taxa média de comissões paga pelo FC Porto a intermédiários foi de 13%. Conseguimos reduzir em 3%. Mudámos o diretor desportivo, de formação, de desempenho, do futebol feminino e do scouting”, frisou.
Uma das principais decisões deste mandato de André Villas-Boas foi a decisão de deixar sair Sérgio Conceição e apostar em Vítor Bruno, então adjunto. O novo técnico tem sido contestado pelos adeptos, mas leva o apoio da direção.
“Foi uma escolha unânime no clube, tem a nossa confiança para fazer os jogadores crescer e atingir os objetivos definidos. As exigências dos adeptos FC Porto são sempre máximas. Foi e sempre será assim, os nossos sócios estão apegados à mística e à cultura do clube, mas o Vítor conhece muito bem o FC Porto. Outros antes dele tiveram grandes carreiras internacionais depois de passarem pelo FC Porto, como foram os casos de Luís Castro, Paulo Fonseca, Nuno Espírito Santo ou Vítor Pereira”, concluiu.