Numa espécie de análise ao trabalho feito até então, André Villas-Boas lembrou a situação difícil que encontrou quando assumiu o clube.
"O FC Porto, em abril de 2024, vivia uma situação de calamidade, de liquidez e rotura total. Parece impossível que, em 11 meses, procedemos ao pagamento de 179 milhões de euros do seu passivo", lembrou.
Mas André Villas-Boas destacou que o FC Porto vive, nos dias de hoje, uma melhor situação financeira.
"No entanto, temos uma definição clara do perfil dos jogadores que interessam e cabe agora à direção desportiva satisfazer o treinador. O mesmo deu-nos indicações em janeiro precisamente do que queria, por isso também não reforçámos a equipa na sua extensão, tendo em conta esses perfis que o treinador procurava".

"O FC Porto vai ter de se renovar. (…) Vamos ao mercado para investir na renovação da equipa. Temos de vender, sendo que existe quantidade e qualidade alta no plantel", garantiu o dirigente.
O despedimento de Vítor Bruno e a adaptação de Anselmi
As questões direcionadas para o plantel levaram também a fazer um balanço da passagem de Vítor Bruno e a explicar a saída do antigo técnico, bem como a garantir a continuidade de Anselmi.
"Foi a forma e o conteúdo como as coisas estavam a acontecer. Houve derrotas na Taça da Liga, Nacional, Gil Vicente e depois uma quebra de confiança evidente entre jogadores e treinador, o que nos levou a tomar uma decisão", abordou.
"Confesso que o mesmo (despedimento) está relacionado não só com esses jogos, mas com o facto de nunca termos conseguido obter regularidade competitiva e de sucesso que nos tranquilizasse".

"Anselmi tem ideias inovadoras e vincadas, é altamente trabalhador, com um futebol muito próprio, que obriga a um espaço de adaptação que é este em que estamos a viver, em que vimos mudanças profundas. Tenho pena que não tenha atingido de imediato os resultados que lhe dessem estabilidade para a implementação desses processos".
"Para que isso aconteça, o FC Porto terá de ir ao mercado na próxima janela identificado com a ideia do treinador. Era um treinador que nos interessava e em explosão no futebol internacional. Chegaria à Europa em breve. O FC Porto antecipou-se ao que projetamos ser um dos próximos grandes treinadores do futebol europeu".
Questionado diretamente se Anselmi é o treinador para a temporada 2025/26, AVB foi claro: "Sim, em absoluto".

O mercado
Por fim, o dirigente azul e branco abordou vários temas de mercado, entre eles o regresso de Francisco Conceição e a renovação de Rodrigo Mora.
"Obrigatoriamente volta, não há uma opção de compra. Tem todas as condições de voltar ao FC Porto", explicou sobre Conceição, lembrando, no entanto, que o internacional português tem um cláusula baixa em "determinados momentos".
"Estamos em discussão para a sua renovação. Tem uma cláusula que toca os 67 milhões, portanto acho que estamos a salvo. Faz 18 anos em maio, o que nos permitirá renovar com uma cláusula superior", afirmou ainda sobre Rodrigo Mora.

Quanto a saídas, AVB justificou as vendas de Galeno e Nico González e abordou ainda um possível assédio a Diogo Costa.
"Saída de Nico era inevitável porque corríamos o risco de o perder por 30 milhões para o Barcelona. Foi a nossa grande perda. Galeno estava a demorar a arrancar, todos reconhecemos que não estava a um nível que nos habituou e que tardava em chegar", analisou.
"O Diogo é uma peça fundamental para nós. É claro que estamos vulneráveis a tudo o que são os diferentes players de mercado, com outra capacidade financeira", concluiu.