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Balanço da Liga: João Pereira destruiu legado de Amorim em quatro jogos

João Pereira não teve passagem feliz como treinador da equipa principal do Sporting
João Pereira não teve passagem feliz como treinador da equipa principal do SportingMIGUEL RIOPA / AFP
João Pereira passa a ter o seu nome na lista dos treinadores campeões nacionais de futebol, mas, estatística à parte, a sua contribuição para o cetro do Sporting em 2024/25 foi catastrófica, mesmo durando muito pouco tempo.

Em quatro míseras jornadas, o técnico luso, de 41 anos, conseguiu destruir o legado de Ruben Amorim, ao somar apenas um triunfo, mais uma empate e duas derrotas, depois do trajeto perfeito do antecessor (11 vitórias, em 11 jogos).

Num ápice, João Pereira conseguiu a proeza de perder a liderança da Liga, pois chegou seis pontos à frente do FC Porto e oito do Benfica (então com menos um jogo), e saiu a um ponto dos encarnados e com os mesmos dos dragões.

É impossível saber o que teria sido a época do Sporting se João Pereira tem continuado ao leme, mas, o que fica é um registo penoso, incluindo um negativo 4-5 em golos na Liga, perante oponentes como Santa Clara, Moreirense, Boavista e Gil Vicente.

O ex-futebolista dos leões, e também do Benfica, foi o escolhido para substituir Ruben Amorim, numa troca que o presidente Frederico Varandas explicou, então, como natural e que apenas antecipava em “sete meses” o que já era previsto.

Sporting terminou no 1.º lugar
Sporting terminou no 1.º lugarFlashscore

De acordo com o presidente do Sporting, João Pereira, que comandava a equipa B dos leões, estava a ser preparado para suceder a Amorim como novo treinador principal e, ao ex-lateral direito, Varandas antecipava um trajeto como o do antecessor.

“Não tenho muitas dúvidas de que daqui a quatro ou cinco anos estará num dos clubes mais poderosos da Europa”, anunciou o presidente, na altura de apresentação de João Pereira.

A equipa estava em grande, apesar de uma série de lesões, incluindo a de Pedro Gonçalves, que iriar estar vários meses afastado dos relvados, sendo que, em última instância, tinha sempre Gyökeres para resolver qualquer problema.

João Pereira estreou-se à 12.ª jornada e, perante si, tinha a oportunidade de fazer história, pois, ganhando, o Sporting iria conseguir o seu melhor arranque de sempre na prova, com 12 triunfos, superando os 11 de 1990/91, com Marinho Peres.

O cenário era o ideal, o Estádio José Alvalade, mas a formação verde e branca fracassou, pois não só falhou o triunfo, e o recorde, como acabou derrotada pelo Santa Clara, que chegou ao triunfo com um golo de Vinícius (33 minutos).

A equipa que parecia indestrutível com Amorim, que dias antes goleara o todo poderoso City, de Pep Guardiola, caía com estrondo na estreia de João Pereira e os alarmes dispararam.

O novo técnico praticamente não mexeu na estrutura de Amorim, mas o mestre já lá não estava e tudo era diferente, como se viu na ronda seguinte, a 13.ª, com o Sporting a perder novamente, desta vez com o Moreirense, em Moreira de Cónegos.

Os leões até marcaram primeiro, de penálti, por Gyökeres, logo aos 12 minutos, que faziam prever o regresso à antiga normalidade, mas os locais empataram rapidamente, aos 19, por Dinis Pinto, e, após um lançamento lateral, deram a volta aos 35, com um tento de Guilherme Schettine.

Depois de dois desaires, o Sporting voltou aos triunfos à 14.ª ronda, mas o 3-2 ao Boavista, com um tento de Gyökeres e dois de Trincão, não tranquilizou Alvalade, onde os ‘axadrezados’ estiveram empatados a um e a dois golos.

A primeira vitória de João Pereira na Liga acabou por ser também a última, já que o Sporting não foi, depois, capaz de vencer o Gil Vicente, em Barcelos, à 15.ª jornada. Perdida a liderança, em quatro jornadas, o presidente Frederico Varandas decretou o fim do trajeto do técnico.

“João Pereira experienciou, verdadeiramente, o que é a lei de Murphy (...) João Pereira não pôde ser João Pereira”, disse o líder dos leões, na hora do adeus, falando de “onda de lesões” nunca vista e “arbitragens extremamente infelizes”.

João Pereira, que estava destinado a altos voos, saiu pela porta pequena, mas, meses volvidos, também ele entra na lista dos treinadores campeões, depois de, como jogador, também ter sido campeão, por Benfica (2004/05) e Sporting (2020/21).