Segundo a CNN Portugal, Rui Costa vai ser arguido num caso que remonta a 2023, quando o Benfica vendeu o defesa argentino Germán Conti ao Lokomotiv Moscovo.
A operação entra em violação à atual legislação europeia, no que diz respeito às sanções aplicadas a várias entidades e pessoas que apoiem interesses russos. O Ministério Público suspeita igualmente de branqueamento de capitais, já que os 76 mil euros do negócio foram transferidos diretamente da conta do Lokomotiv Moscovo para a do Benfica, sem qualquer tipo de intermediário.
O Benfica, através de um esclarecimento, refere que Germán Conti foi cedido "sem qualquer contrapartida financeira, na época de 2022/23, a um clube de futebol russo", sendo que na época seguinte, uma vez que os encarnados eram detentores de uma percentagem do passe do defesa argentino, "o clube russo transferiu para o Benfica o montante correspondente àquela percentagem: 70 mil euros."
"Quando se tomou conhecimento do entendimento do Ministério Público, de que na data da transferência o clube estaria abrangido por sanções da União Europeia, o Benfica imediatamente fez cessar os efeitos do referido contrato e recusou receber qualquer pagamento", refere a nota de esclarecimento dos encarnados, garantindo que "quer a venda do jogador que deu lugar ao pagamento do valor acima referido ao Benfica, quer o pagamento daquele valor, que viria a ser bloqueado por ordem do Ministério Público, não eram do conhecimento ou da responsabilidade do presidente Rui Costa."
Também o facto de Rui Costa ter adiado a audição no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em julho, foi esclarecido pelo Benfica.
"A data para inquirição coincidia com a data de apresentação do plantel para a presente época bem como da reunião do Plenário dos Órgãos Sociais, agendada para apreciar a proposta de alteração estatutária, pelo que, feita essa prova, o Ministério Público entendeu adiar a diligência. Aguarda-se novo agendamento. Nem o clube, por via dos seus serviços, nem a instituição financeira que acompanhou a questão, na altura, identificaram alguma anomalia na operação", garante o emblema da Luz.
Esclarecimento do Benfica na íntegra:
1. O Sport Lisboa e Benfica cedeu um jogador sem contrapartida financeira, na época de 2022/23, a um clube de futebol russo;
2. Na época seguinte, o clube russo vendeu esse jogador a um terceiro clube. Como o Sport Lisboa e Benfica era detentor de uma percentagem do passe do atleta, o clube russo transferiu para o Benfica o montante correspondente àquela percentagem: 70 mil euros;
3. A transferência em causa foi validada pelo TMS da FIFA;
4. Quando se tomou conhecimento do entendimento do Ministério Público, de que na data da transferência o clube estaria abrangido por sanções da União Europeia, o Benfica imediatamente fez cessar os efeitos do referido contrato e recusou receber qualquer pagamento;
5. Quer a venda do jogador que deu lugar ao pagamento do valor acima referido ao Benfica, quer o pagamento daquele valor, que viria a ser bloqueado por ordem do Ministério Público, não eram do conhecimento ou da responsabilidade do Presidente Rui Costa;
6. A notificação do Ministério Público foi feita ao legal representante do Sport Lisboa e Benfica, que é o Presidente Rui Costa;
7. A data para inquirição coincidia com a data de apresentação do plantel para a presente época bem como da reunião do Plenário dos Órgãos Sociais, agendada para apreciar a proposta de alteração estatutária, pelo que, feita essa prova, o Ministério Público entendeu adiar a diligência. Aguarda-se novo agendamento;
8. Nem o Clube, por via dos seus serviços, nem a instituição financeira que acompanhou a questão, na altura, identificaram alguma anomalia na operação.