“A SAD continua a trabalhar diariamente para encontrar soluções que garantam o futuro do Boavista no seu todo, com rigor, responsabilidade e visão estratégica. Contudo, não pode deixar de lamentar os ataques sucessivos provenientes da direção do clube, que têm contribuído para criar um clima de hostilidade em relação à SAD. Felizmente, a maioria dos boavisteiros não se deixa manipular por estas cortinas de desinformação constantes”, lê-se em comunicado emitido pela sociedade na página oficial das panteras na Internet.
Horas antes, a direção comandada por Rui Garrido Pereira tinha solicitado a intervenção urgente do tribunal para que fosse ordenado o cumprimento integral do protocolo com a SAD ou, em alternativa, a libertação das instalações do clube - que está responsável pela gestão do Estádio do Bessa -, face à situação de insolvência da sociedade axadrezada.
“Desde o início deste mandato (em janeiro), tornou-se recorrente a tentativa de atribuir à SAD a responsabilidade por praticamente todos os problemas enfrentados pelo Boavista. Esta postura transformou a SAD no alvo fácil e no álibi das dificuldades, desviando a atenção das decisões, omissões e fragilidades da direção do clube”, reconheceu a SAD.
As acusações à SAD surgiram depois de a administradora de insolvência do Boavista ter solicitado ao Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia que ordene o encerramento do clube, que já prometeu apresentar uma contestação na tentativa de evitar essa decisão.
De acordo com o requerimento, datado de segunda-feira e ao qual a agência Lusa teve acesso, a comissão de credores pronunciou-se pelo fecho da atividade do emblema portuense, entendimento seguido pela administradora de insolvência, “devido ao mesmo estar a gerar prejuízos para a massa insolvente, com o consequente acumular de dívida”.
“Antes das eleições (do clube), foram prometidas soluções amplas e imediatas para todos os desafios. Passados 10 meses, elas não surgiram. Em vez disso, repetiram-se ataques constantes à SAD, sem que a direção tivesse assumido autocrítica sobre a ausência dos resultados que garantira poder entregar”, contrapôs a SAD, reafirmando estar focada em “proteger a instituição” e comprometida com a "estabilidade e credibilização” do Boavista.
O clube detém 10% do capital social da SAD, que deveria disputar a Liga 2 em 2025/26, mas deixou de ter uma equipa profissional no verão e foi relegada administrativamente para o principal escalão da AF Porto, sendo 18.ª e última colocada e estando a alinhar como anfitriã no Parque Desportivo de Ramalde, a cerca de 2,5 quilómetros do Bessa.
O clube inscreveu-se na quarta e última divisão distrital, mas, uma vez que está solidário com as dívidas da SAD, que contabiliza seis impedimentos de inscrição de novos atletas junto da FIFA, abdicou de competir em outubro, sem efetuar qualquer partida esta época.
A SAD liderada pelo senegalês Fary Faye tem alinhado com antigos e atuais atletas da respetiva equipa de sub-19, da II Divisão nacional daquele escalão, e continua a tentar resolver as restrições da FIFA - duas incidem sobre três períodos de inscrição e quatro têm duração ilimitada -, que tinham vigorado em anos anteriores e reapareceram em março, impossibilitando, para já, a utilização dos reforços oficializados durante o verão.
O clube tinha lançado no verão uma equipa sénior independente da SAD, afetada pela ausência de pressupostos financeiros aquando do licenciamento para as competições nacionais e cujo direito de apresentar um plano de recuperação foi aprovado por maioria pelos credores, que votaram por unanimidade a continuidade da atividade axadrezada.
Despromovido à Liga 2 em maio, após ter fechado a edição 2024/25 da Liga no 18.º e último lugar, o Boavista concluiu um trajeto de 11 épocas seguidas no escalão principal, sendo um dos cinco campeões nacionais da história, face ao título vencido em 2000/01.
