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Campanha apaga luzes no estádio da Luz para lembrar mortes por doenças cardiovasculares

Estádio da Luz nas celebrações do 37.º campeonato
Estádio da Luz nas celebrações do 37.º campeonatoSL Benfica

Metade das luzes do estádio da Luz, em Lisboa, que tem 60.000 lugares, vão apagar-se esta sexta-feira para lembrar as mais de 30 mil mortes por ano por doença cardiovascular em Portugal e insistir na importância da prevenção e rastreio.

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A campanha “Mantém o teu coração acesso”, da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) em parceria com a Direção-Geral da Saúde, pretende sublinhar a relevância que as doenças cardiovasculares e as suas consequências têm na qualidade de vida da população e na mortalidade.

“Tornou-se um bocadinho clichê dizer que a doença cardiovascular é a principal causa de morte em Portugal. Curiosamente até mais nas mulheres do que nos homens”, disse à Lusa a presidente da SPC, Cristina Gavina, sublinhando a importância de se perceber que quando os óbitos por doenças cardiovasculares são “mortalidade prematura”.

Reconhecendo que o avanço da idade aumenta o risco de mortalidade cardiovascular, pois a pessoa tem mais probabilidade de ter doença, recorda: “a mortalidade antes dos 65 anos é particularmente dominada pela doença cardiovascular e estas são pessoas que são ativas e que ainda estavam muito a tempo de fazer a prevenção”.

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As luzes que se vão apagar no estádio da Luz esta sexta-feira à noite servem para mostrar os “33 mil corações que efetivamente se apagam todos os anos e que 80% da carga da doença cardiovascular pode ser prevenida”.

“Se tivéssemos tomado medidas ao longo da nossa vida isto não estaria a acontecer”, acrescentou, sublinhando a importância de cada um conhecer os seus fatores de risco para os poder controlar.

Além de apagar as luzes no estádio, no início do jogo, e de emitir um vídeo sobre a importância da prevenção para reduzir estas mortes evitáveis, serão distribuídos vouchers para que cada pessoa possa fazer gratuitamente o rastreio e conhecer os seus “três números mágicos”: tensão arterial, glicemia e colesterol.

Estes dados vão permitir, no site da campanha, juntar outras informações e estimar o risco cardiovascular.

A campanha vai estar num estádio de futebol em cada um dos dias da 7.ª jornada da Liga Portugal.

Cristina Gavina lembra que fatores de risco como a hipertensão, diabetes e colesterol alto são modificáveis, desde que sejam conhecidos. “Se nós não conhecemos os números, eles não doem, não fazem diferença nenhuma e as pessoas não vão monitorizar”, acrescenta.

Um estudo feito em 22 municípios portugueses divulgado em 2024 revelou que mais de 700 mil portugueses com idade superior a 50 anos vivem com insuficiência cardíaca, sendo que 90% não sabe.

Questionada sobre a dificuldade de acesso aos rastreios por via dos cuidados primários – mais de 1,5 milhões de pessoas não têm médico de família –, a presidente da SPC aconselhou a que todos aproveitem este tipo de campanhas e disse que a intenção é massificar estas iniciativas de rastreio a nível nacional.

“É suposto as pessoas a partir dos 40 anos fazerem este rastreio, mas depois a cobertura é claramente insuficiente”, disse a especialista, lembrando que as pessoas “não estão sensibilizadas” e acham que “é uma coisa que só acontece tarde na vida”.

“Não é verdade”, disse a responsável, acrescentando: “acontece cada vez mais cedo, e, com exemplos infelizmente trágicos, como aquele que aconteceu com o Jorge Costa (ex-jogador do Futebol Clube do Porto)”.

Cristina Gavina insiste na importância de as pessoas tomarem consciência do risco que correm: “Hoje em dia, uma pessoa que entra com um enfarte agudo do miocárdico num hospital, está internado três dias, faz um cateterismo, correu tudo maravilhosamente, leva uns quantos medicamentos para casa e nem se apercebe que esteve em risco de vida”.

Defende que cada cidadão tem de tomar a prevenção da saúde nas suas mãos e não esperar que sejam os profissionais de saúde a fazê-lo: “Espero que as pessoas compreendam que têm uma responsabilidade acrescida na sua saúde e na sua vida. (…). Elas têm que tomar na sua mão o controlo da sua vida e isso passa por conhecer que risco têm”.

A campanha, que se vai estender até final do ano, surge no âmbito do Dia Mundial do Coração, que se assinala na segunda-feira.