“Temos uma relação muito boa e construtiva com a Autoridade da Concorrência (AdC), graças também às sociedades desportivas que têm dado uma contribuição muito importante no processo. Temos um diálogo, à procura desses consensos, e vemos muito mais pontos em comum do que divergências. Permitiu-nos ter uma narrativa com a AdC muito mais radicada, numa missão de grupo tendente a esta concretização da centralização”, afirmou, em painel do Portugal Football Summit.
Portugal vive atualmente um momento de transição para um modelo centralizado da venda dos direitos televisivos, tendo a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a LPFP a obrigação de apresentar, até ao final da presente temporada desportiva, um modelo que tem de ser aprovado pela AdC, com o intuito de uma distribuição mais justa e equitativa desses direitos entre as sociedades desportivas presentes.
“Não estar centralizado coincide com um desequilíbrio desportivo crescente. As Ligas centralizadas tendem a ter uma valorização dos seus direitos. Há estratégias que a LPFP pode desenvolver sobre o seu produto, para tornar o tamanho do bolo maior. Centralizado, o ‘bolo’ é maior e a capacidade competitiva também melhora. As sociedades desportivas estão consciencializadas para esta lógica”, expressou.
Também a diretora da FPF Sandra Parente marcou presença neste painel, com os dois anos e meio de trabalho no tema a fazê-la elencar três desafios importantes, sendo eles a aprovação da AdC, a internacionalização e a delimitação do objeto.
“Em 2018, a AdC plasmou uma série de variáveis quase impositivas que teríamos de incluir no modelo de centralização. Até hoje, passaram sete anos, muita coisa mudou no mercado e na realidade do futebol. Por um lado, temos de tentar ter um modelo o mais flexível possível para adaptar às variações do mercado. Por outro, alinhar com as regras que a AdC gostaria que cumpríssemos. Um primeiro draft já foi apresentado, aguardemos a posição da AdC sobre o tema”, notou a diretora.
Já o diretor da consultora EY Miguel Farinha vincou o desenvolvimento da indústria do futebol nas várias componentes de receita, à exceção dos direitos televisivos, e crê que um trabalho em conjunto funciona muito melhor do que cada clube por si.
“Grande parte dos pontos de Portugal no ranking UEFA tem sido feita na Liga dos Campeões. Países Baixos e a Bélgica fazem mais na Liga Europa e Conferência, pois têm equipas que conseguem competir ali mais facilmente. Portugal tem uma diferença muito grande entre os três principais clubes e os restantes. A solução é criar uma Liga mais forte, com melhores clubes a ter melhores resultados”, disse.
O Portugal Football Summit, organizado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), teve início na quarta-feira e decorrerá até sábado na Cidade do Futebol, em Oeiras, com o objetivo de discutir o futuro do desporto a nível nacional e mundial.