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Di María: "Podia ter ido para qualquer parte do mundo e decidi voltar ao Benfica"

Di María no último jogo pelo Benfica
Di María no último jogo pelo BenficaSL Benfica
Terminada a ligação ao Benfica, Di María concedeu uma grande entrevista aos meios de comunicação das águias. Não esqueceu a receção no regresso e abordou as lágrimas na final da Taça de Portugal.

Benfica: “Disse muitas vezes, quando saí do Benfica, que queria voltar, voltar a vestir esta camisola. Para mim é como a minha casa, porque foi o meu primeiro clube na Europa. Cheguei com 18 anos, com os meus pais, as minhas irmãs e desde o primeiro dia senti o carinho e o amor das pessoas. Passei três anos maravilhosos e quando tive de ir foi difícil, custou-me muito, mas tinha a esperança de voltar a vestir esta camisola. Acho que vou embora com a alegria de ter voltado e ter cumprido com a minha palavra. Também disse que tinha muita vontade terminar no Rosario, no meu clube, a minha casa, é um final de carreira mais do que sonhando".

Reforma: “Vou assinar um contrato de um ano, vou ver como me sinto, mas acho que ainda tenho condições para continuar a um bom nível. Estou a mostrar no Mundial de Clubes, tenho a esperança de jogar mais alguns anos, mas depende de como me sinto”.

Lágrimas na final da Taça de Portugal: “Tinha o sonho de ganhar o 39, de conquistar a Taça de Portugal, já tínhamos ganhado a Taçada a Liga e queria três títulos. Não foi possível. Doi um momento difícil para mim, saber que era o último jogo em Portugal, em Lisboa, numa cidade onde onde fui muito feliz, não poder dar a alegria a todos os benfiquistas doeu muito. Vou embora tranquilo, porque ganhei tudo o que havia para ganhar em Portugal. Cumpri com a minha palavra”.

Taça de Portugal: “Foi difícil por isso, sabia que era o último jogo, não consegui dar uma alegria. Os adeptos do Benfica apoiaram do primeiro ao último minuto e não poder dar-lhes essa alegria… Vou tranquilo, mas triste por não poder dar essa alegria”.

Festejo com o FC Porto: “Quis demonstrar o carinho. Podia ter ido para qualquer parte do mundo e decidi voltar ao Benfica. Doeu-me muito não poder jogar mais no Estádio da Luz, por lesões, mas o futebol é assim. A única coisa que queria demonstrar era demonstrar o meu amor aos benfiquistas”.

Apresentação: “Nunca pensei que isso podia acontecer. Foi um momento importante, porque sou estrangeiro, voltei ao Benfica depois de 15 anos, e ser recebido assim é muito difícil de acontecer. É o que disse, o carinho que me deram a mim tentei devolver dentro o campo e esse dia vai ficar na minha história, porque me aconteceu muito poucas vezes. Só vivi algo assim em Paris e espero que aconteça com o Rosario”.

Balanço: “Vale sempre a pena voltar a casa. O único que me deixa triste é não poder dar mais títulos aos benfiquistas que apoiaram do primeiro ao último minuto. Mas eles sabem que eu dou sempre o máximo”.

Vitória com o FC Porto: “Essa fase de dois meses foi quando estava a alto nível, sentia-me bem, com muita confiança, as coisas saíram com naturalidade. É difícil bisar num clássico, desfrutar, porque foi um jogo incrível em todos os sentidos. Poder conseguir essa vitória que vai ficar na história”.

Chegada em 2007: "É difícil quando se tem de sair do país. No dia em que decidir ir para o Benfica disse à minha família que ou vínhamos todos ou não ia e eles aceitaram. É um dos momentos mais bonitos da minha carreira. Chegei, assinei e a minha vida mudou para sempre”.

Golo com Maradona a ver: “Passei muitos momentos históricos aqui, mas ter o Maradona a ver-me no Estádio da Luz, com o Mundial-2010 à porta e eu tinha muitas esperanças. Dependia muito daquele jogo, também consegui marcar um belo golo. Saiu de lá conotente, graças ao Benfica, graças aquele golo e consegui ir ao primeiro mundial da minha carreira”.

Otamendi: “Somos muitos unidos. Conhecemo-nos há muito tempo da seleção. Poder viver com ele no mesmo clube é diferente. Fiquei com melhor impressão dele e da família. Passámos dois anos maravilhosos, momentos inesquecíveis”.

36 títulos: “Cheguei como uma criança, vou-me embora como um adulto e tudo o que aconteceu na minha carreira vivi da mesma maneira. Cada título foi uma alegria imensa, seja o Mundial ou outro qualquer. Desde que comecei a jogar a única coisa que queria era desfrutar, divertir-me, ser feliz. Os títulos e se estou no topo, no meio, ou em baixo, depende de quem vê. O importante para mim é como aproveitei a minha carreira”.

Melhor jogador: “É muito difícil escolher um. Tive a possibilidade de jogar com uma geração de jogadores incríveis. Joguei com Messi, Cristiano Ronaldo, Zlatan Ibrahimovic, Rooney, Van Persie, Neymar, Mbappé… É difícil. Tenho este privilégio e sorte de jogar com grandes jogadores, com talento incrível e é o que levo comigo”.

Defesa mais difícil: “Não joguei com ele, mas nos treinos, o Cuti Romero”

Melhor treinador: “São vários, tenho medo de esquecer de jogar. Se tenho de começar é por Don Ángel Tulio Zof, que me estreou na primeira divisão da Argentina. É a pessoa que me deu a oportunidade e graças a eles estou assim”.

Treinadores no Benfica: “Cada um tinha as suas qualidades. Fernando Santos foi quem me trouxe para o Benfica, estou-lhe grato. Camacho e Quique Flores utilizaram-me menos, tinham os seus jogadores, custou-me mais jogar, mas isso foi bom porque cresci aos poucos. O Jorge Jesus deu-me oportunidade, fez de mim titular, deu a confiança que precisava e foi graças a ele que deu o salto para o Real Madrid. Quando voltei tive Schmidt e Bruno Lage, completamente diferentes. Lage quer extrair a energia do jogador, Schmidt era muito mais calmo. Dois grandes treinadores, infelizmente não foi possível ganhar muitos títulos, mas o clube acaba por escolher sempre boas opções”.

Os números de Di María
Os números de Di MaríaFlashscore

Melhor e pior momento no Benfica: "No Benfica, para mim, embora por vezes não tenha ganho títulos, foi tudo maravilhoso. Desde que cheguei com 18 anos até agora que vou embora com 37, os cinco anos foram inesquecíveis. Porquê? Porque me senti em casa sempre, da primeira vez, como desta segunda vez. Não sei porquê, é difícil explicar com palavras o que se sente. Não sei. Os dois lugares onde sempre me senti muito confortável foram em Rosário e em Lisboa. São duas cidades muito parecidas, são pequenas, onde é fácil movimentarmo-nos e as pessoas são muito parecidas, com carinho, com tudo. Então, é uma cidade incrível e acho difícil dizer que passei por momentos maus, porque às vezes, quando não se ganha dentro de campo, tens as pessoas fora que te consideram um ídolo, uma lenda, e isso deixa-te muito feliz.".

Rui Costa: "Ele teve toda a importância porque foi ele quem iniciou tudo isto para que eu voltasse. Eu já tinha decidido deixar a Juventus, e no ano anterior ele já tinha falado comigo, já queria que eu viesse para cá, queria que eu estivesse aqui e não tivemos muito o que conversar, apenas uma única conversa e, no final, vim. Não houve muito o que conversar. Eu disse-lhe o que quiseres. A única coisa que quero é voltar a vestir a camisola do Benfica. Quero voltar a ser feliz em Lisboa. E quero mostrar às minhas filhas onde tudo começou, onde comecei quando tinha 18 anos e, na verdade, foram dois anos maravilhosos. Obrigado, Rui. Como ele disse uma vez: uma relação Pai/Filho. Quando cheguei aqui, ele tinha voltado ao Benfica para se retirar e adotei-o como pai. Ele ajudou-me muito. Aprendi muito com ele e, desde aquele dia até hoje, temos a mesma relação. Continuamos a rir juntos, continuamos a conversar sobre futebol. Conversamos sobre muitas coisas. A verdade é que o carinho que tenho por ele é muito grande, assim como ele tem certamente por mim. Estou-lhe grato pela minha primeira passagem por aqui, porque ele me ajudou muito a crescer, e por esta segunda vez, por me abrir as portas para que eu pudesse voltar. Apenas tenho palavras de agradecimento para com ele e espero que, no futuro, também possa voltar aqui e continuar, continuar a vê-lo e ter a relação que temos."

Benfica: "Amor puro! É um amor que desde o primeiro dia em que cheguei com 17, quase 18 anos, e agora que vou embora com 37, sempre senti que era a minha casa, o meu lugar no mundo, e vivi isso com as minhas filhas neste ano. Com a minha mulher já tinha vivido um ano aqui quando éramos mais jovens, agora com as minhas filhas, e elas sentiram-se incríveis em Lisboa. Elas estavam mais do que felizes. Choraram quando decidimos partir, embora também estivessem entusiasmadas por ir para Rosário. Mas isso deixa-me tranquilo, saber que não só os meus pais e as minhas irmãs, mas também a minha filha e a minha mulher viveram felizes em Lisboa e, por isso, para mim, Benfica é amor puro".