A análise dos programas de Rui Costa, atual presidente, Cristóvão Carvalho, João Diogo Manteigas, João Noronha Lopes, Luís Filipe Vieira e Martim Mayer às eleições de sábado, para o quadriénio 2025-2029, revela que há mais coisas que unem os candidatos do que as que os separam, e mesmo se o treinador José Mourinho não é consensual, será, pelo menos, tolerado.
Rui Costa pretende atingir o número histórico de 500.000 sócios e aponta para o “primado dos resultados desportivos sobre os resultados financeiros” (apesar da meta de 500 milhões de euros de receita anual), com uma equipa capaz de integrar o top-10 europeu e de “conquistar rapidamente” o 40.º título nacional (possui 38), graças à redução da necessidade da venda de futebolistas.
O atual presidente e líder da Lista G lançou também a ideia do Benfica District, um parque de infraestruturas que se perfila como a futura “cidade do Benfica”, com dois novos pavilhões, uma arena com capacidade para 10.000 pessoas e que implica desenvolvimento estético do exterior do Estádio da Luz, cuja capacidade será aumentada para 70.000 lugares, numa primeira fase, e para 80.000 após a conclusão do projeto.
Noronha Lopes manifesta a vontade de ter “os sócios no centro do clube” e também espera alcançar 500.000 associados até 2029, coincidindo com Rui Costa na necessidade de ampliação do estádio benfiquista (tem um estudo que prevê o aumento para 83.000 lugares) e da modernização da zona envolvente.
O líder da Lista F propõe “um modelo vencedor no futebol, na formação e nas modalidades”, através da retenção do talento que gera, e destaca a importância da ética na governação do clube, com a realização de uma auditoria externa à gestão dos últimos 10 anos, e a criação de um “portal da transparência”, no qual serão divulgadas as remunerações dos órgãos sociais, contratos e intermediações.
Luís Filipe Vieira, que encabeça a Lista E, vai um pouco mais longe na proposta de expansão do Estádio da Luz, cuja lotação pretende aumentar para 90.000 lugares e deixar preparado “para os próximos 25 anos”, através de um plano de modernização, no qual é contemplado ainda o aumento das zonas de serviço do recinto e da oferta de estacionamento.
A ambição de “voltar a ganhar o tetra” - o primeiro foi conquistado sob a sua égide, entre 2013/14 e 2017/18 - remete para o período em que o antigo presidente liderou o clube e será concretizada através do investimento “num plantel competitivo e equilibrado”, com uma base composta por jogadores dos escalões de formação, que devolva a “dimensão europeia e mundial” do Benfica.
João Diogo Manteigas também inscreveu no seu programa de candidatura a fasquia dos 500.000 sócios e a requalificação interior e exterior do Estádio da Luz, bem como a atualização dos pavilhões e a modernização do centro de treino do Seixal, a fim de “garantir a competitividade e sucesso contínuos do Benfica”.
A realização de uma auditoria forense ao Grupo Benfica e a criação de um portal da transparência destacam-se entre as ideias com que o líder da Lista C pretende distinguir-se das gestões de Luís Filipe Vieira e Rui Costa, sendo de todos os candidatos o que parece menos impressionado com o currículo de José Mourinho.
Cristóvão Carvalho e Martim Mayer manifestaram maior abertura em manter um treinador que não seria a primeira escolha, com o candidato a presidente pela Lista D a acenar com o nome do alemão Jürgen Klopp, exigindo a José Mourinho não apenas a conquista do título nacional, mas também que a equipa pratique um “futebol espetáculo”, à altura do projeto europeu que preconiza para o clube.
Martim Mayer, neto de Duarte Borges Coutinho, presidente do Benfica entre 1969 e 1977, sobrepõe à figura de José Mourinho a do diretor-geral do futebol, para o qual já apresentou a sua escolha – o neerlandês Andries Jonker -, que se constituirá um pilar de estabilidade e resistirá à eventual passagem dos treinadores.
O líder da Lista B quer alargar aquela estabilidade ao plantel, através de “renovações bem planeadas e a proteção dos maiores ativos”, e, tal como a maioria dos outros candidatos, deseja aumentar a capacidade do Estádio da Luz, em 15.000 lugares (9.000 nos topos e 6.000 no piso 1), para um total de 83.000.
Cristóvão Carvalho considera que o Benfica terá de construir um novo recinto, nos arredores de Lisboa – sugeriu Amadora ou Loures -, transformando o atual em uma “grande arena no dentro de Lisboa”, multidisciplinar, com capacidade para receber espetáculos e dinamizar toda a zona envolvente, recebendo os jogos da equipa feminina de futebol e de algumas modalidades.
Rui Costa, atual presidente, Cristóvão Carvalho, João Diogo Manteigas, João Noronha Lopes, Luís Filipe Vieira e Martim Mayer concorrem à liderança do clube nas eleições marcadas para sábado. Caso nenhum dos candidatos receba a maioria dos votos (mais de 50%), será realizada uma segunda volta entre os dois mais votados, em 08 de novembro.
