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Eleições Benfica: Rui Costa e Noronha Lopes mantêm tensão e acusações no derradeiro debate

Rui Costa e Noronha Lopes disputam segunda volta
Rui Costa e Noronha Lopes disputam segunda voltaRICARDO CASTELO/LUSA, JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O atual presidente Rui Costa, e o gestor João Noronha Lopes mantiveram na quinta-feira a tensão e troca de acusações no último debate antes das eleições para os órgãos sociais do Benfica, sem trunfos na manga.

Em debate transmitido pelo canal oficial do clube, realizado no novo Hotel Benfica 1904, em Lisboa, foram muitas as acusações entre ambos de que o adversário nas eleições era “mentiroso”, sempre num ambiente crispado e sem propostas novas.

Rui Costa, que terminou a pedir desculpas aos benfiquistas pelo debate “que não dignificou o clube”, voltou a assumir que o seu mandato não foi o que pretendia no número de títulos no futebol, mas desejou alcançar os 40 campeonatos em 2029.

“Temos a obrigação de trabalhar para tentar ganhar mais do que os outros. Não foi o mandato que queria em títulos, mas tenho o sonho de, enquanto presidente, no mínimo acabar o mandato com a quarta estrela no emblema. É o desejo de todos os benfiquistas”, disse, acrescentando que o Benfica “está preparado para efetuar melhores investimentos, comprando melhores futebolistas por um menor valor”.

Por outro lado, João Noronha Lopes frisou que está “farto de não ganhar” e vê uma direção do Benfica “resignada, que está sempre à procura de desculpas e que não procura ganhar”, pedindo que Rui Costa assuma a responsabilidade dos desaires.

“Como é que, após gastar 130 milhões de euros em reforços, já estamos a falar de reforços para janeiro? Mais uma vez, houve uma má gestão desportiva. Rui Costa já provou que não tem nenhum projeto para vencer. O maior legado desportivo do seu mandato é o bicampeonato do Sporting. Isso não posso perdoar. Como é que os benfiquistas poderão acreditar que, após não ganhar nos últimos quatro anos, podemos agora ganhar, se está tudo a ser feito da mesma maneira?”, questionou.

O antigo futebolista negou desinvestimento no futebol feminino, aceitou falhas na bilhética, quer aproximar-se das Casas do Benfica, assumiu “modelos diferentes” de Assembleias Gerais no futuro e lembrou o "forte investimento” nas modalidades, na quais quer ter títulos europeus no futsal e hóquei em patins no próximo mandato.

João Noronha Lopes, que perdeu o sufrágio de 2020 para Luís Filipe Vieira, frisou a pretensão de criar um departamento de scouting para o futebol feminino e de um portal da bilhética, propôs congelar o preço dos lugares anuais, lamentou haver Casas do Benfica “ao abandono”, quer criar condições para alargar assembleias-gerais a mais sócios e apostar na formação nas diversas modalidades das águias.

Sobre as finanças, Rui Costa garantiu que o Benfica “não está falido e continua a ser o clube português com melhores condições financeiras” e foi perentório sobre os direitos televisivos: “Iremos ter um contrato televisivo superior ao que temos e fazer de tudo para que a BTV continue a ser a nossa operadora. É muito premente”.

Em resposta, Noronha Lopes concordou com um “melhor contrato” e quer pensar além dos próximos dois anos, criticando a saída do Benfica da discussão do tema da centralização dos direitos televisivos: “Foi submetido o projeto e o maior clube português está fora do processo. Os direitos televisivos não são a solução para os males todos. Há muita coisa a fazer para melhorar o futebol português e o Benfica não se pode ausentar num momento que é crucial”, entende o gestor, de 59 anos.

O atual líder e João Noronha Lopes vão disputar no sábado a segunda volta do sufrágio para o quadriénio 2025-2029, depois de, na primeira volta, Rui Costa receber 42,13% de votos, contra 30,26% do gestor, sem se chegar a uma maioria absoluta.

Luís Filipe Vieira (13,86%), João Diogo Manteigas (11,48%), Martim Mayer (2,10%) e Cristóvão Carvalho (0,18%) eram os restantes candidatos que não alcançaram a segunda volta, onde, além da direção, as duas listas mais votadas irão disputar a Mesa da Assembleia Geral, o Conselho Fiscal e a Comissão de Remunerações.