Poucos são os que não reconhecem o festejo característico: as mãos entrelaçadas a tapar a cara. A máscara de Bane que está nas bocas da Europa e do mundo, afinal, ninguém fez mais golos que Viktor Gyökeres em 2024.
62 golos em 63 jogos pelo Sporting e Suécia. Praticamente um por jogo, uma média ao alcance de muito poucos - Lewandowski, Cristiano Ronaldo, Fernando Peyroteo, Lionel Messi ou Gerd Müller, para nomear alguns – que tornaram Gyökeres no rei de 2024 a fazer aquilo que Eduardo Galeno considerou “o milagre que acontece poucas vezes”.

Um topo do mundo que poucos imaginavam há 10 anos. O Flashscore deslocou-se a Bromma, nos arredores de Estocolmo, onde Gyökeres começou a jogar enquanto profissional. Foi no relvado sintético do modesto Grimsta IP, casa do Brommapojkarna, que o jovem Viktor se começou a destacar. E tudo por indicação de David Eklund.
Responsável pela prospeção atual 10.º classificado da última edição da Allsvenskan, Eklund foi quem descobriu Gyökeres a jogar no Aspudden-Tellus e o levou para a grande academia de formação do futebol sueco em 2014.
“A primeira vez que o vi tinha 12 anos. Eu era o responsável pela prospeção e o meu trabalho era ver muitos jogos e falar com vários jogadores. No Bromma queremos ter um bom controlo sobre a área de Estocolmo, foi assim que o vi jogar e então comecei a segui-lo com muito atenção”, explicou ao Flashscore.
Um adolescente, Gyökeres já se destacava num parâmetro onde agora é rei. De resto, foi o melhor marcador da equipa em 2017, quando subiram para o primeiro escalão graças aos 13 tentos que marcou na Superettan.
“Não era muito bom com a bola. Se formos a pensar que tínhamos jogadores bons com a bola, e ele era ok, nada de maravilhoso, mas quando o colocas na área e lhe fazes chegar a bola ele vai marcar. Era muito bom nisso. Acho que toda a gente pensava que ele era um jogador razoável, mas não era a estrela da academia. Era bom, marcava golos e foi por isso que vi qualquer coisa nele”, revelou, traçando paralelismos com a atualidade: “Era um jogador muito forte, bom a finalizar, bom a marcar golos. Muito semelhante ao que é atualmente”.

E apesar de Eklund ter visto nele algo de especial, nunca pensou que o internacional sueco atingisse o topo do mundo. “Achava que ele ia ser profissional, mas ao nível que chegou? Não”, frisou, destacando a ida para o Brighton como momento-chave: “Quando era novo, não falava muito. Era simpático, afável com os colegas de equipa. Foi quando saiu para Inglaterra percebeu que tinha de ser mais duro”.
A saída do Sporting parece cada vez mais inevitável, sobretudo no verão de 2025. Os grandes tubarões do futebol europeu não estão desatentos aos golos de Gyökeres. E pese embora o facto de reconhecer que não vê o avançado do Sporting jogar com regularidade – “quando deixo o trabalho desligo do futebol” – Eklund deixou uma certeza: “Todas as equipas precisam de um jogador como o Viktor. Se for para Espanha vai marcar golos, se for para Inglaterra vai marcar golos. Ele pode jogar em qualquer campeonato”.
Os vaticínios de quem reparou em Gyökeres, antes do avançado meter a máscara.