- Fizeram recentemente um estágio em Espanha. Como correu?
- Foram dias bons, deu para preparar o jogo contra o Sporting. Estivemos em Espanha, jogámos bem, ganhámos confiança e continuamos o processo até ao próximo jogo.
- Marcou contra o Valladolid.
- Sim, precisava de marcar para ganhar confiança, ganhar a confiança do treinador, dos colegas de equipa. Fiquei muito feliz por marcar e porque ganhámos um troféu. É um troféu amigável, mas para nós é importante porque dá a sensação de que estamos a ir no bom caminho.
- Como tem sido a adaptação ao país e a experiência no Estrela da Amadora?
- As primeiras três semanas foram duras para mim porque precisava de estar atento a muitas coisas, a forma como as coisas funcionam, mas agora posso dizer que as pessoas aqui são muito boas, o futebol é de topo e sinto-me em casa. Já não sinto diferença quando vou a casa ou estou aqui. Para mim já é igual.
- O que mais o surpreendeu? Quem é que o ajudou mais na adaptação?
- Todos. Este é um grupo especial. Toda a gente ajuda toda a gente. Desde o primeiro momento senti apoio, não só porque marquei ou pelos resultados, mas por causa deste grupo forte. Quero agradecer por isso.

"As pessoas aqui colocam muito coração no clube"
- O Estrela é um clube com uma identidade muito forte, adeptos leais e um estádio que costuma dificultar a vida aos adversários. Como tem sido lidar com esse nível de exigência e com a paixão dos adeptos?
- Quando perdemos, os adeptos sentem muito, mas continuam a apoiar. As pessoas aqui colocam muito coração no clube. Gosto muito disso. Nos jogos em casa são como um jogador extra em campo. É uma grande motivação para mim ganhar porque posso fazê-los felizes.
- O início da época não foi fácil. Já houve uma mudança de treinador e a equipa foi eliminada da Taça de Portugal, mas os últimos jogos mostraram sinais positivos. Como é que a equipa pode transformar isso em resultados?
- Estamos num bom caminho com o novo treinador (João Nuno). Todos dão 100% para ajudar a equipa. Estamos a tentar resolver todos os problemas com ele e chegar ao nosso melhor nível o mais rápido possível.
- Entrou a partir do banco e marcou o golo que garantiu os primeiros pontos da equipa na liga, logo na sua estreia (frente ao Estoril). Que sensação lhe deixou esse jogo?
- Tive muitas emoções porque tudo era novo: o estádio, o futebol, o primeiro jogo. Quando entrei, tentei apenas dar o meu melhor. Concentrei-me em jogar bem e o golo deu-me confiança. Começar assim foi muito bom para mim e, seja a partir do banco ou no onze inicial, espero continuar a ajudar a equipa.

"Tinha uma proposta da Turquia, mas apareceu o Estrela"
- Já iniciou alguns jogos, mas tem sido usado mais vezes como suplente utilizado. O que acha que precisa de fazer para conquistar um lugar no onze inicial?
- O treinador sabe o que é melhor para mim. Vim de um futebol diferente, por isso talvez precise de tempo para me adaptar e aprender como as coisas funcionam aqui. Ele é muito bom comigo, ajuda-me bastante e, sempre que me coloca, eu tento dar o meu melhor.
- Ainda é cedo, mas quais são as suas impressões sobre o futebol português, a Liga, os clubes, os jogadores e Portugal em geral?
- É um futebol muito bom, muito físico. Pensava que seria mais parecido com o espanhol, mas quando cheguei percebi que é diferente, no bom sentido. Os jogadores têm muita qualidade e cada jogo é difícil, seja contra o último ou contra as melhores equipas da Liga.
- Antes de vir, sabia alguma coisa sobre a Liga ou sobre o Estrela da Amadora? Como surgiu a mudança?
- Tinha de escolher entre ir para a Turquia, porque tinha uma proposta, ou vir para aqui. Mas quando o Estrela apareceu, a minha decisão ficou tomada. Escolhi o Estrela porque é um belo clube, com muita história, e é um grande prazer estar aqui.
- Falou com alguém que conhecesse o Estrela antes de aceitar o projeto?
- Não. Procurei informações na internet e tudo o que encontrei era positivo e mostrava que o clube tinha bom nível.
- Foi uma das contratações mais caras da história do clube. Como lidou com essa responsabilidade e como vê o seu papel na equipa?
- É uma grande responsabilidade. Tento dar o meu melhor e fazer as pessoas felizes. No meu último clube também fui a transferência mais cara, por isso já sei lidar com essa pressão. Confio nas decisões do treinador e dou o meu melhor, jogue um minuto ou o jogo inteiro.
- E não sente essa pressão?
- Não.
"O meu jogador favorito é o Zalazar"
- Dentro do plantel, houve algum jogador que o surpreendeu mais quando chegou, pela qualidade?
- Não apenas um. Temos muitos jogadores de qualidade. Tento observar o que os outros fazem bem para imitar e aprender para podermos trabalhar melhor como equipa.
- Nomes como o Sidny Cabral, por exemplo, que está a fazer uma época incrível?
- Sim, ele é muito bom jogador, mas também temos o Renan, o Jovan, o Schappo, o Kikas... muitos bons jogadores. Não é só um.
- E na Liga Portugal, houve algum adversário que o impressionou mais?
- Há muitos bons jogadores, mas o meu favorito é o Zalazar, do SC Braga.
"Não queria estrear-me e parar de evoluir"
- Falando dos seus primeiros anos na Roménia: estreou-se profissionalmente aos 15 anos e até marcou no jogo de estreia. Como recorda esses primeiros meses e o facto de começar tão cedo?
- Começar tão jovem traz pressão, porque muitos jogadores estreiam-se aos 16 ou 17 e depois desaparecem. Tentei fazer tudo passo a passo, dar os passos certos, para chegar a um bom nível. Não queria estrear-me e parar de evoluir, precisava de trabalhar mais. Com essa mentalidade, cheguei ao Estrela.
- Mudou de clube várias vezes na Roménia e foi sempre visto como um dos maiores talentos da sua geração. De que forma essas mudanças constantes afetaram a sua carreira?
- O meu primeiro clube emprestou-me, o que é normal para jovens que precisam de jogar. Os empréstimos ajudaram-me a ganhar experiência, porque é difícil passar diretamente da equipa B para um clube de topo. É preciso dar passos, como a Segunda divisão, clubes mais pequenos da Primeira divisão. Os empréstimos ajudaram-me.
- Portanto sente que esses passos foram os certos?
- Sim. Alguns não correram bem, mas aprende-se com os erros. Ninguém acerta sempre.

- Na Roménia sente que existe muita pressão sobre os jovens jogadores?
- Temos muitos jovens bons agora. Acho que em breve a seleção será muito forte. Como país, precisamos de bons resultados na Europa, porque sem isso é difícil atrair clubes de grandes ligas para olharem para jogadores romenos.
- Tendo jogado nos dois países, qual é a maior diferença entre o futebol romeno e o português? O que está a aprender aqui?
- Há muitos pequenos detalhes, mas o que mais gosto é o foco no grupo. Aqui trabalha-se mais a equipa do que o individual.
- E dentro de campo, não acha que há coisas diferentes em comparação com o futebol romeno?
- Sim, sobretudo a nível tático, mas não posso falar muito disso porque é confidencial (risos). Mas aqui trabalha-se muito a parte tática. O campeonato é mais tático e também mais físico.
- A sua antiga equipa, o Hermannstadt, tem tido dificuldades este ano depois de uma boa época. Tem acompanhado os resultados? Acredita que vão recuperar?
- Não acompanho muito, para ser sincero, porque ao fim de semana foco-me em ver jogos daqui para aprender mais sobre o campeonato e os adversários. Mas acho que o Hermannstadt vai manter-se no primeiro escalão sem problemas. Na época passada estivemos na mesma situação e depois da primeira vitória acabámos por subir na tabela e até fomos à final da taça. Por isso acho que vão conseguir a manutenção sem problemas.
- Disse que ao fim de semana vê futebol português. Há alguma equipa que goste especialmente de seguir?
- Não. Vejo o campeonato para estudar adversários, especialmente os laterais, para perceber como jogam, que qualidades têm, para tirar notas e analisar o adversário que vou ter.

"Não quero que digam 'o Ianis é o melhor'"
- Tem já 10 internacionalizações pelos sub-21 da Roménia, mas ainda não foi chamado à seleção principal. É algo que o motiva ou deixa impaciente?
- Estou focado no meu processo aqui no Estrela. Passo a passo, as coisas boas virão. O meu objetivo é fazer um bom trabalho aqui e, se for chamado, irei feliz.
- A Roménia vai jogar o play-off para o Mundial contra a Turquia. Como vê as hipóteses da seleção?
- Acho que temos boas hipóteses porque temos tido bons resultados. Espero que ganhemos e que cheguemos à fase final do Mundial.
- A Roménia foi uma surpresa agradável no Europeu há alguns anos…
- Sim, e isso é mais um motivo para acreditarmos que podemos chegar ao Mundial.
- O seu pai (Pompiliu Stoica também foi jogador e chegou à seleção. Que papel teve na sua carreira e como o influenciou dentro e fora de campo? Tem estado consigo em Portugal?
- Não, ainda não, mas virá em breve. Ele trabalha na Roménia e tem uma escola de futebol. Não me dá conselhos táticos, apoia-me com confiança e palavras positivas. Nunca me diz 'faz assim' ou 'remata para ali'. Apoia-me como pai. Na Roménia dizia mais, mas aqui confia no meu processo. Agora dá mais conselhos pessoais, diz para estar focado, respeitar todos e fazer algum treino extra às vezes, mas nada de tática.
- Para terminar, quais são os seus principais objetivos, pessoais e com o Estrela? E o que gostaria que as pessoas em Portugal dissessem sobre si no final da época?
- Quero ajudar a equipa. Não estou muito focado em mim neste momento. No final, quero que as pessoas digam que sou um bom jogador e que ajudei a equipa, não quero que digam 'o Ianis é o melhor' ou algo assim.
