Mais

Exclusivo com Luís Pinto: "Já tive grupos de trabalho muito bons, mas este do Tondela superou tudo"

Luís Pinto sagrou-se campeão nacional ao serviço do Tondela
Luís Pinto sagrou-se campeão nacional ao serviço do TondelaCD Tondela, Flashscore
O Clube Desportivo de Tondela e a cidade vivem dias de festa. Três anos após a descida, o emblema beirão está de regresso à Liga. A aposta em Luís Pinto revelou-se certeira: o jovem treinador, escolhido pela direção liderada por Gilberto Coimbra, conduziu os tondelenses não só à subida, mas também à conquista do título.

Acompanhe o Tondela no Flashscore

Foi em Tondela que Luís Pinto viveu a época mais marcante da sua carreira. Na primeira experiência como treinador principal em competições profissionais, conquistou a subida e o título, guiando os beirões de volta ao principal escalão do futebol português, num trajeto pautado pela identida e coragem de uma equipa que acreditou até ao fim.

Entre emoções fortes, momentos de dúvida e uma ligação muito especial com adeptos auriverdes que o celebraram ao som de “Homem do Leme”, fica para a história uma página de superação, convicção e (muito) trabalho de grupo. Quanto ao futuro, com o Vitória Sport Clube a surgir como possível destino, ainda não há decisões tomadas.

Adeptos do Tondela presentes no último jogo do campeonato
Adeptos do Tondela presentes no último jogo do campeonatoCD Tondela

"Desde o primeiro dia que o objetivo era claro: subir de divisão"

- Chegar, ver e vencer. Foi assim a época de estreia de Luís Pinto nos campeonatos profissionais. Chegou ao Tondela e conseguiu devolver o clube à Liga. Consegue colocar em palavras o que esta temporada representou para a sua carreira?

- Alcançar o primeiro lugar logo na época de estreia nos campeonatos profissionais é algo difícil de superar. No entanto, esse resultado foi apenas a consequência natural de um trabalho sólido, construído ao longo de vários meses.

A grande ressalva que faço é que o resultado desportivo foi fantástico, sim, mas ainda mais fantástico foi o percurso. O dia a dia, o relacionamento com todas as pessoas, o profissionalismo e a abertura com que fui recebido — mesmo vindo de alguns anos num escalão inferior — foram absolutamente marcantes.

Isso permitiu-me perceber que o futebol, no fundo, é igual em qualquer divisão. Existem, claro, alguns detalhes que fazem a diferença, mas a essência mantém-se.

- Quando a temporada começou, imaginava que seria possível terminá-la com esta conquista? Qual foi o seu primeiro impacto ao chegar? Sentiu desde cedo que havia qualidade para lutar por algo grande?

- Quando recebi o convite e assinei, já havia um grupo de jogadores com um bom conhecimento do clube e das competições profissionais. Era uma boa base para que, juntando as peças certas, pudéssemos lutar pela subida.

Desde o primeiro dia de trabalho, o objetivo foi claro: subir de divisão. E todo o nosso esforço teve de ser orientado nesse sentido — construir um núcleo forte, trazer qualidade, encontrar soluções e garantir que cada jogador acrescentava algo de diferente. Era fundamental fazer um casamento perfeito entre todos.

Depois, foi preciso fazer com que todos à volta da equipa acreditassem que isso era possível. Essa crença não surge de imediato — vai ganhando forma com o tempo. Apesar da mensagem ter sido clara desde o início, a convicção foi crescendo à medida que a época avançava.

É bom dizer também que nunca falámos do título. Sempre falámos em subir de divisão — e acabámos por conquistar ainda mais do que isso.

Os elogios de Luís Pinto ao CD Tondela
Os elogios de Luís Pinto ao CD TondelaOpta by Stats Perform, Liga Portugal

- A época começa com quatro empates e a eliminação precoce da Taça de Portugal. Internamente, quando é que se percebeu que era mesmo possível lutar pela subida? A mensagem para fora foi sempre jogo a jogo...

- O nosso discurso para o exterior foi sempre pautado por alguma cautela, mas também por ambição. Falávamos em vencer o próximo jogo, onde quer que fosse, com coragem para jogar de forma a estar mais perto da vitória. Internamente, desde o primeiro dia de trabalho, definimos claramente o objetivo: subir de divisão.

Na pré-época já sentíamos um forte envolvimento dos jogadores e uma relação muito sólida entre todos. Isso fez-nos acreditar, mesmo nos momentos difíceis, que estávamos a construir algo de grande valor. E começámos a temporada com a necessidade de confirmar isso em campo.

No primeiro jogo, empatámos na Madeira e, mal terminou, houve jogadores no balneário a dizer que íamos subir. Pela forma como entrámos em campo, num terreno difícil, com atitude personalizada e um golo sofrido nos descontos, essa crença começou a enraizar-se.

Depois veio o FC Porto B — estávamos a ganhar 2-0 e empatámos 2-2 — e seguiram-se dois jogos decisivos para testar o nosso caráter. Em Penafiel, após estarmos a perder 2-0 aos 8 minutos, empatámos ainda antes do intervalo. Depois, tivemos uma má exibição contra o Felgueiras. Mesmo assim, sentiu-se que estávamos unidos e com os objetivos bem definidos. Os jogadores mostraram vontade de fazer acontecer. Em vez de duvidarem, acreditaram: "vamos conseguir responder da forma certa e conquistar a subida."

Seguiram-se duas vitórias expressivas que nos colocaram nos lugares de subida. A partir daí, sentimos que estávamos a fazer justiça. Sempre acreditámos e sempre nos comportámos de forma a tornar isso possível. E quando chegámos ao topo, sentíamos: "isto vai ter de dar para nós."

Tondela terminou campeonato no primeiro lugar
Tondela terminou campeonato no primeiro lugarFlashscore

- Mas em janeiro passaram por uma fase mais delicada...

- Sim, em janeiro passámos uma fase em que não ganhámos nenhum jogo — e mesmo assim ninguém nos ultrapassou. Começámos a olhar para o primeiro lugar como algo que tínhamos de defender. Nas últimas 10 jornadas fizemos 22 pontos. O Vizela fez 24 e o Alverca 19 — foi um final de época com pontuações astronómicas.

Depois da vitória contra o Paços de Ferreira, sentimos que o playoff estava praticamente assegurado. Esperávamos confirmar a subida mais cedo, mas as derrotas frente ao Alverca e ao Vizela atrasaram um pouco o processo e geraram alguma ansiedade. Ainda assim, acabou por terminar da forma que tinha de terminar.

Luís Pinto abraçado ao avançado Roberto
Luís Pinto abraçado ao avançado RobertoCD Tondela

Da semana difícil à festa: "Foi melhor do que aquilo que estava à espera"

- A última jornada foi uma verdadeira montanha-russa de emoções. Depois da derrota com o Alverca, como é que a equipa reagiu e se preparou para esse último jogo? Como foi gerir esse momento internamente?

- Em termos de sensações, foi claramente a semana mais difícil de toda a época. Já tínhamos perdido outros jogos, claro — e a equipa sentia essas derrotas — mas reagia, focava-se logo no próximo desafio. Desta vez foi diferente. Sentiu-se um verdadeiro luto. Parecia que tinha acontecido uma catástrofe.

A carga emocional dessa derrota foi enorme. Só na sexta-feira de manhã senti: “a nossa equipa está aqui para competir.” Esse jogo mexeu connosco de forma profunda. Matematicamente, era quase impossível não subirmos, mas havia a hipótese de terminar em 3.º lugar… depois de 22 jornadas no topo da tabela. Esse peso esteve presente até ao dia do jogo.

- Sentiu algum medo de falhar?

- Sem dúvida — e não falo apenas por mim, mas por todos os que estavam envolvidos. No futebol, escolhemos ser positivos por natureza, e claro que, nos momentos de maior lucidez, acreditamos que vamos ganhar o jogo e ser campeões. Mas, sejamos honestos: em algum momento, todos pensámos na possibilidade de as coisas correrem mal e não conseguirmos atingir o objetivo. Quem disser o contrário, não está a ser totalmente sincero. O importante é termos estratégias para lidar com esses pensamentos, aceitá-los e voltar rapidamente a focar-nos no que realmente queremos.

E eu, na sexta-feira (dia do jogo contra o UD Leiria), ao pequeno-almoço, senti: “vamos ganhar.” Senti essa energia no ar, naquela sala. Sabia que tínhamos capacidade para responder nos momentos difíceis — e a verdade é que essa capacidade podia muito bem jogar a nosso favor.

- O que sentiu no momento em que o árbitro apitou para o fim do jogo?

- Quando soa o apito final, viro-me para o lado para festejar e sou literalmente atropelado por uma série de pessoas. Só passados 15 ou 20 minutos é que tive tempo para realmente perceber o que tínhamos conseguido. Foi um momento de celebração, de conquista — uma verdadeira consagração. Nessa altura, não havia espaço para grandes reflexões, só alegria.

Foi como se um peso enorme tivesse saído de cima de todos nós. Estivemos tanto tempo na frente e conseguimos acabar onde queríamos: em primeiro lugar. Claro que, se fôssemos segundos, estaríamos felizes — o objetivo principal era subir — mas não seria a mesma realização. Ser campeões teve um sabor especial, por tudo o que esta época nos trouxe.

E o mais incrível é que vencemos com um golo do Roberto — algo que todos desejávamos profundamente. Ficámos felizes por ele, tal como ele ficou feliz com o impacto do Miro na equipa. Estamos a falar do segundo melhor marcador da Liga, que passou toda a segunda volta sem marcar, o que lhe pesava bastante. Ele sentia-se responsável por alguns resultados menos positivos.

Esse golo foi libertador. Foi justo, foi simbólico — e deu-nos a consagração. Foi um momento absolutamente fantástico.

- Falou-se muito da ideia de “família” ao longo da época, com os adeptos muito ligados à equipa e à causa. Surpreendeu-o o que encontrou no Tondela e na cidade?

- Aquilo que penso sobre o Tondela — e sobre as pessoas de Tondela — é que são, acima de tudo, humildes e extremamente educadas. Digo isto numa época desportiva de sucesso, mas a verdade é que, mesmo com os bons resultados, conseguimos levar uma vida perfeitamente normal na cidade. Podemos ir a qualquer lado, e as pessoas respeitam-nos. Sabem estar. Percebem que, além do treinador ou do jogador, há uma pessoa com a sua vida, e isso é algo que valorizamos muito.

Depois, no início da época, surpreendeu-me o número de adeptos que tivemos. Infelizmente, em Portugal ainda não há uma cultura desportiva que leve sempre muita gente aos estádios. Mas, tendo em conta a dimensão do nosso estádio, conseguimos ter bancadas muito bem compostas com regularidade — e isso impressionou-me.

O apoio da claque foi algo que também notei desde cedo. Até nos jogos fora, marcaram presença — exceto naquele em que protestaram, com razão. Porque a Liga tem de respeitar os adeptos. No geral, o apoio foi melhor do que aquilo que eu esperava.

Quanto ao tema da família: eu tenho a minha família, com laços de sangue. E tudo o resto, para mim, é criar grupos de pessoas que lutem e que partilhem um propósito comum. E isso, sim, conseguimos — sentimos que todos estávamos na mesma bolha, e fomos empurrando essa bolha até ao bom porto.

Luís Pinto ao lado do presidente do Tondela, Gilberto Coimbra
Luís Pinto ao lado do presidente do Tondela, Gilberto CoimbraCD Tondela

O interesse do Vitória SC: "Sei que existem outras possibilidades"

- O seu nome tem sido ligado ao Vitória SC - notícia dada em primeira mão pelo Flashscore -, um clube com o qual já foi associado no passado. Há alguma verdade nesses rumores ou são apenas especulações?

- O que importa agora é falar da época que passou — e não tanto do que poderá vir a seguir. Estou neste momento a frequentar o curso de nível IV, em regime de internato, e por isso não tenho acompanhado tudo com grande atenção. Sei o que se vai dizendo, sei que existem outras possibilidades, mas é o meu empresário que está a tratar desses assuntos.

É público que, durante a época, houve abordagens. E também é público que a decisão de continuar foi exclusivamente minha. Fi-la porque me sentia muito feliz. O meu coração dizia-me que tinha de continuar, porque acreditava verdadeiramente no que estávamos a construir. Se saísse, sentia que ficaria mais triste e com a sensação de algo incompleto.

Agora, a situação é diferente. Fizemos uma época extraordinária, conseguimos algo muito importante para o clube — e que, honestamente, não era assim tão expectável, muito menos sermos campeões. Por isso, o contexto mudou. Mas, sinceramente, estou um pouco desligado do que se está a passar, precisamente por estar focado no curso.

O treinador do Tondela, Luís Pinto, tem sido associado a uma mudança para o Vitória Sport Clube.
Flashscore

- Criou-se uma ligação muito especial com os adeptos do Tondela, bem visível na forma como lhe dedicavam o “Homem do Leme” no final dos jogos. Que mensagem gostaria de deixar a esses adeptos, que demonstraram tanta admiração ao longo da época?

- Acredito que, independentemente do que o futuro me reserve, houve algo que esteve sempre presente ao longo da época que terminou: um respeito e um carinho enormes pelos adeptos — por tudo o que fizeram, pelo apoio que nos deram e pela forma como ajudaram a equipa a ganhar jogos.

Sempre fiz questão de demonstrar isso, quer nas conferências de imprensa antes e depois dos jogos, quer na relação direta que mantive com eles. Sempre com muito respeito e muita gratidão. E, sinceramente, isso é algo que vai sempre existir entre nós. Respeito e simpatia mútuos, aconteça o que acontecer daqui para a frente.

- Com todo o respeito pelo Tondela, sente-se hoje mais capaz de encarar o futuro com outros olhos? Estamos perante um Luís muito diferente?

- Não sinto que esteja muito diferente, mas sinto que estou mais preparado. Aliás, também senti isso no ano passado em relação à época anterior. No fundo, termino cada época com a sensação de estar mais pronto para o que vier.

Claro que, desta vez, há um mediatismo diferente — por ser uma competição profissional e por termos conquistado o título. Mas isso é fruto do facto de o Tondela me ter aberto as portas e, depois, da nossa equipa técnica ter sabido aproveitar a oportunidade.

O Tondela deu-nos a chance — e nós fizemos por a agarrar. Acredito que esse é o processo natural da vida e do trabalho: agarrar as oportunidades, trabalhar com elas e crescer.

- Aconteça o que acontecer no futuro, o que escreverá no capítulo “Tondela” da sua história?

- O que levo é um carinho enorme. Encontrei em Tondela pessoas fantásticas — trabalhadoras, íntegras, de uma educação exemplar. É assim que quero sempre recordar o clube e a cidade. O Tondela é um clube que me diz muito. Abriu-me as portas num momento importante da minha carreira, e fui rodeado por pessoas que estiveram sempre do lado da solução, nunca do problema. As memórias desta última época são muito especiais.

Já tive muitos grupos de trabalho muito bons, mas este superou tudo. Foi uma época inesquecível, que ficará marcada pelas melhores razões. Conquistar o meu primeiro título em Tondela, e logo em Leiria, onde tudo começou para mim… é algo que vou guardar para sempre com enorme orgulho.

Luís Pinto, treinador campeão no Tondela, explica a história da superstição
Flashscore

A história da superstição: "Não lavo mais os dentes nos estádios"

- O Luís guardou durante toda a época um segredo curioso: a superstição de não lavar os dentes nos estádios onde jogava, só revelada após o jogo em Leiria. Depois de conquistar o título, acabou por quebrar essa rotina ou manteve a superstição até ao fim?

- Não, nada disso… já estamos a preparar o jogo da próxima época! (risos)

- Mas, afinal, quando é que tudo começou?

- Quando era júnior no Leixões, fomos jogar ao Seixal. Saímos cedo de manhã, e depois de almoçar, lavei os dentes. Levámos cinco. No meu primeiro ano de sénior, para a Taça de Portugal, voltámos a jogar fora, lavei os dentes… e levámos cinco outra vez.

Mais tarde, já como treinador, aconteceu de novo. Não levámos cinco, mas perdemos o jogo — foi um 1-0 contra o Paredes. A partir daí, tomei uma decisão: nunca mais lavava os dentes no estádio onde fosse jogar.

No final do jogo com o Mafra, que até ganhámos, quebrei a superstição. E no jogo a seguir… perdemos com o Marialvas. Portanto, não volto a arriscar. Não lavo mais os dentes nos estádios. É para manter até ao fim da carreira. (risos)

A festa de campeão em Tondela
A festa de campeão em TondelaCD Tondela

"Esperei 10 anos para conseguir o UEFA A"

- Disse há pouco que está no curso de treinadores. Qual é a importância do curso de Nível IV para si? E como está a ser esta experiência até agora?

- Enquanto treinadores, o nosso objetivo é estarmos habilitados para poder treinar ao mais alto nível, nomeadamente na Liga — é isso que todos ambicionamos. Durante muitos anos, em Portugal, foi bastante difícil tirar o Nível 3. Eu próprio esperei 10 anos para o conseguir.

Felizmente, o processo para o UEFA Pro foi mais rápido. Queremos estar certificados para, se surgir uma oportunidade, estarmos prontos — sem precisar de andar a contornar regras ou depender de alguém que tenha o nível por nós. É uma questão de profissionalismo e de justiça.

Quanto ao curso em si, e aos colegas que o frequentam, é óbvio que são pessoas cujo trabalho admiramos e respeitamos. Esta experiência, pela forma como está estruturada, cria ligações fortes e aprofunda o respeito entre todos. Permite-nos crescer, trocar ideias e abrir novas perspetivas. Está a correr muito bem, e é um prazer enorme partilhar esta etapa com malta que percebe tanto de futebol.

Os últimos resultados do Tondela
Os últimos resultados do TondelaFlashscore

- Se pudesse deixar uma mensagem ao jovem Luís que dava os primeiros passos no futebol, sabendo tudo o que viveu até aqui — os sacrifícios, as horas longe da família — o que lhe diria hoje?

- Começando pela parte final — a família — tenho plena noção do quanto todos sofrem com os jogos e com a incerteza que a nossa profissão traz. Sei que a minha mãe, por exemplo, sofre imenso com tudo isto. Depois, claro, a minha esposa — que é uma parte tão ou mais importante do que eu neste percurso. Ter alguém ao nosso lado que compreende verdadeiramente o que esta profissão exige, que nos apoia e incentiva nos momentos difíceis, faz toda a diferença.

Parte do sucesso que alcançamos vem muito da nossa família. São eles que seguram tudo quando, muitas vezes, estamos a mil por hora no futebol. E isso é algo que valorizo profundamente.

- Já arranjou medalhas para todos?

- Só tenho uma — e tem de ser partilhada com todos (risos). (...) Abdicamos de muita coisa para estar aqui, e é importante reconhecê-lo. Depois, há algo que vamos aprendendo com o tempo: nos momentos menos bons, é essencial perceber que essas fases também nos ajudam a crescer como treinadores. Nos primeiros cinco clubes por onde passei, nunca comecei e acabei uma época. E, mesmo assim, a minha matriz de jogo e de treino nunca mudou. Claro que fui ajustando e aprimorando, mas a base manteve-se sempre.

A vida no futebol ensinou-me muita coisa, sobretudo na forma como se deve andar neste meio. Temos de ser inteligentes na maneira como escolhemos estar. Se é só para “andar por andar”, não vale a pena. Este mundo exige mais — exige que se ande para conquistar. E, acima de tudo, que levemos sempre os nossos valores connosco.

Mesmo quando estamos bem connosco próprios, vão surgir momentos difíceis. E nesses momentos, o mais importante é conseguir tirar algo de bom. Saber escolher bem quem está ao nosso lado, quem nos dá suporte — e aprender com cada situação, por mais dura que pareça.

Entrevista de Rodrigo Coimbra
Entrevista de Rodrigo CoimbraFlashscore