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Exclusivo com Paulo Lopes: “Regresso ao futebol português? Está sempre no meu horizonte”

Paulo Lopes, antigo guarda-redes do Benfica
Paulo Lopes, antigo guarda-redes do BenficaArquivo pessoal

Paulo Lopes, treinador português, chegou à Finlândia há cerca de um mês, para orientar o SJK Akatemia. Em entrevista ao Flashcore, o treinador de 47 anos, explicou o contexto do atual desafio; fez um balanço da experiência anterior no Bahrain, e apontou ainda a um possível regresso ao campeonato português.  

Com vinte jornadas disputadas no campeonato finlandês, o SJK Akatemia de Paulo Lopes ocupa a oitava posição da tabela classificativa, num clube onde o projeto passa, fundamentalmente, pelo crescimento como “a formação e o desenvolvimento dos jogadores”.

O clube tem intenções claras de evoluir os jogadores e colocar os jogadores da formação a jogar na equipa principal, lutando sempre pelos títulos", explicou Paulo Lopes.

O técnico português olhou ainda para o arranque do campeonato nacional, destacando a competitividade atual dos três grandes e, também, do SC Braga. Paulo Lopes enalteceu a prestação do Benfica, clube ondem pendurou as luvas e iniciou a sua carreira como treinador, nos escalões de formação: “Penso que vai ser uma época muito forte, onde (Benfica) vai lutar pelo título claramente até ao fim.”

Paulo Lopes está há um mês na Finlândia
Paulo Lopes está há um mês na FinlândiaArquivo pessoal

- Começou há poucas semanas um novo projeto, na sua carreira de treinador, no SJK Akatemia, da Finlândia. O que o levou a aceitar este convite, o que o cativou para embarcar nesta aventura?

- Essencialmente, foi a forma como fui abordado, como me apresentaram o projeto do clube e os planos para o futuro. Foi o que mais me cativou. Não hesitei e estou aqui para ajudar nesse sentido.

- Que tipo de projeto e que funções tem exatamente? Que objetivos estão definidos?

- É um projeto de crescimento do clube a todos os níveis, como a formação e o desenvolvimento dos jogadores. O clube tem intenções claras de evoluir os jogadores e colocar os jogadores da formação a jogar na equipa principal, lutando sempre pelos títulos. O clube tem consigo lutar até às fases finais, mas quer evoluir e melhorar em muitos aspetos.

- E o que já conhece do futebol da Finlândia?

- É um futebol físico e que está em evolução. Tem muitos jovens com talento, mas precisam de evoluir em vários aspetos. Precisam de evoluir na parte tática e mental. Vou tentar fazer com que isso aconteça. 

Os últimos jogos do SJK Akatemia
Os últimos jogos do SJK AkatemiaFlashscore

- Antes da Finlândia esteve do Bahrain. Que balanço faz dessa experiência? Houve possibilidade de se manter no clube onde esteve uma temporada?

- Faço um balanço positivo. Fui para o Bahrain com o objetivo claro de conseguir ajudar a equipa a sair da situação em que estava, estava na fase de descida. Com muitas dificuldades em termos financeiros, conseguimos montar uma equipa, ter resultados e ser a segunda ou terceira equipa com mais posse de bola, com mais remates, com mais oportunidades de golo. No fim, acabámos por ficar bem classificados. Foi uma aventura muito positiva. Houve uma possibilidade de ficar, mas também surgiu esta oportunidade na Finlândia. E um dos meus objetivos era conseguir fazer o meu trabalho na Europa.

- Com que opinião do futebol daquela zona do mundo? 

- É um futebol com qualidade, mas é muito cada um joga o seu jogo. Faz-me lembrar um bocado os anos 80 e 90 do futebol, onde não há uma ideia de equipa. A ideia é individual. Cada jogador faz o seu jogo. Mas em termos de qualidade, tem alguns jogadores com qualidade. 

- Como treinador trabalhou no Benfica, Bahrain e, agora, Finlândia. Neste momento, e atendendo a estas experiências, que objetivos pode definir para as próximas etapas do seu percurso?

- O objetivo é sempre o mesmo, é evoluir como treinador. Ganhar mais valências para o meu desenvolvimento como treinador. De facto, ter passado pelo Benfica, em várias funções, ajudou-me bastante. Ter ido para o Bahrain, para um contexto completamente diferente, também me ajudou muito a crescer e a ver o futebol de uma forma diferente. Aqui, na Finlândia, percebendo a cultura, é tentar continuar a evoluir e querer ser sempre melhor. Não sei qual será a próxima etapa, agora estou focado aqui, na Finlândia. 

- Está nos seus horizontes um regresso ao futebol português? 

- Está sempre. Como é lógico, qualquer treinador gosta de treinar no seu próprio pais. Está sempre no meu horizonte. Se surgir algo interessante, que seja aliciante, por que não? Claro que sim. Estou aberto a isso. Sou treinador, estive a treinar no Bahrain, agora na Finlândia... Portugal, Espanha, França, Alemanha, em qualquer canto do mundo. Desde que sinta que vou acrescentar algo para onde for, claro que sim. 

- Como está a ver a evolução do treino e jogo nos últimos anos? O futebol tem mudado muito com as novas tecnologias e, também, num aspeto importante com as equipas técnicas mais alargadas. 

- É um facto. Felizmente, acompanho o futebol há muitos anos e tenho acompanhado a evolução do futebol nesse sentido. A tecnologia ajuda e quanto mais pessoas tivermos na equipa técnica também ajuda, desde que todos estejam a remar para o mesmo lado. Ajuda sempre a ter novas ideias e a evoluir o jogador e a forma como se joga. 

- Não há risco de termos, cada vez mais, um futebol mecanizado, com menos espaço para os chamados artistas?

- Depende da forma como se vê. Neste momento, temos um futebol mais rápido e mais físico. Acho que há espaço, na mesma, para o artista. Vai continuar a existir esse tipo de jogador, desde que perceba que vai ter de ter também outras funções no futebol, porque, neste momento, só quem joga com a bola no pé é muito complicado... não podemos ter jogadores, por exemplo, que não corram. Se o jogador tecnicista se conseguir habituar ao novo estilo de jogo com a parte física, a parte técnica vai fazer sempre a diferença.

- Olhando para o campeonato português, que ainda está no início, e para a luta pelo título. Que opinião tem dos principais candidatos e há aqui algum favorito que possa ser considerado, por si, como declarado?

- Tenho acompanhado o campeonato português. Benfica, FC Porto, Sporting e SC Braga estão fortes. Penso que vai ser um campeonato muito competitivo. Vai existir mais competitividade na frente, em relação ao ano passado. Acho que, este ano, o FC Porto está com um estilo diferente de jogo, tal como o Benfica. O Sporting continua mecanizado no mesmo sistema e está a ter confiança, sucesso... penso que vai ser um campeonato muito renhido. 

- O seu Benfica? Fala-se de um momento algo confuso ao nível da pré-campanha eleitoral. No aspeto desportivo, o objetivo é conquistar títulos. O que poderá ser esta temporada para os encarnados?

- O Benfica, neste momento, não pode ser um clube instável. Estão a ter resultados, sempre tiveram. Na época passada lutaram até ao fim pelo campeonato nacional. Continuam a estar bem, não sofrem golos e estão a jogar bem. Como é lógico, o adepto quer sempre ganhar, ganhar por muitos e jogar bem. A insatisfação está sempre presente, faz parte do clube. O jogador tem de saber viver com essa parte do clube, mas penso que vai ser uma época muito forte, onde vai lutar pelo título claramente até ao fim.