O Benfica entrou de rompante na época futebolística 2025/26, conquistando a Supertaça e garantindo a presença na Liga dos Campeões, mas bastaram dois jogos para fazer cair o treinador Bruno Lage, substituído por José Mourinho, ainda sem benefícios visíveis.
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O empate 1-1 na receção ao Santa Clara (num jogo em que atuou quase uma hora com mais um jogador), em 12 de setembro, e a derrota por 3-2 com os azeris do Qarabag, quatro dias mais tarde, também em casa, na estreia na Liga dos Campeões, precipitaram a troca de treinador, apesar de o dedo de José Mourinho tardar em fazer-se sentir.
Em vésperas de defrontar o impressionante FC Porto, líder 100% vitorioso da Liga, no Estádio do Dragão, o toque de Midas do mais titulado técnico português é necessário mais do que nunca, até para o presidente Rui Costa, que enfrenta contestação crescente, a menos de um mês das eleições para os órgãos sociais do clube lisboeta.
A saída de Bruno Lage parecia anunciada desde o fim da época passada, mas a campanha meritória no Mundial de clubes e o arranque promissor da atual temporada adiaram o que há meses parecia inevitável, num remake do que sucedeu com o antecessor, ao alemão Roger Schmidt, o último treinador campeão, em 2022/23.

O Benfica até começou da melhor forma possível, desforrando-se da derrota traumática imposta pelo Sporting na última final da Taça de Portugal, ao conquistar a Supertaça frente ao rival lisboeta em 31 de julho, impondo-se por 1-0, graças a um golo do grego Vangelis Pavlidis, melhor marcador destacado da equipa neste início de época, com sete golos.
A caminhada até à fase de liga da Liga dos Campeões decorreu com aparente tranquilidade, com uma dupla vitória sobre o Nice, ambas por 2-0, e uma vitória caseira sobre o Fenerbahçe, por 1-0, que, aliada ao empate 0-0 alcançado em Istambul, que parecia ter impedido o regresso de José Mourinho, então treinador dos turcos, à mais importante prova europeia de clubes.
A estreia na Liga não foi a mais auspiciosa, mas a vitória na visita ao Estrela da Amadora em 16 de agosto, por 1-0, graças a mais um golo decisivo de Pavlidis cumpriu os serviços mínimos e, numa altura em que a atenção se dispersava pelos jogos das pré-eliminatórias da Liga dos Campeões, mereceu pouca preocupação.
O triunfo na receção ao Tondela, na segunda jornada, foi mais categórico, por 3-0, e Bruno Lage parecia capaz de contrariar o seu destino, apesar do triunfo sofrido em Alverca, por 2-1, mas o empate 1-1 com o Santa Clara, na terceira ronda, depois de ter jogado desde os 37 minutos em superioridade numérica, reavivou os fantasmas que pairavam sobre o treinador benfiquista.

A derrota por 3-2 perante o Qarabag, que perdia por 2-0 aos 16 minutos e virou o resultado perante a incredulidade do Estádio da Luz, pode vir a custar ao Benfica um lugar na fase seguinte da Liga dos Campeões e custou mesmo o cargo a Bruno Lage, abrindo caminho ao regresso semiapoteótico de José Mourinho, contratado em 18 de setembro.
O special one não poderia ter escolhido melhor adversário para a reestreia no Benfica e confirmou-o com um triunfo por 3-0 sobre o AVS, atual lanterna-vermelha da Liga, mas o estado de graça durou pouco tempo, uma vez que as águias voltaram a tropeçar frente ao Rio Ave (1-1), novamente em casa, em jogo em atraso da primeira jornada.
A vitória na receção ao Gil Vicente, por 2-1, com um bis de Pavlidis, valeu apenas por isso, pois a exibição fez lembrar os dias mais cinzentos de Bruno Lage, e, apesar do salto qualitativo considerável no encontro de terça-feira, com o Chelsea, a derrota por 1-0 encerra perspetivas sombrias para a campanha na Liga dos Campeões.
Terceiro classificado no campeonato, a quatro pontos do FC Porto e a um do bicampeão Sporting, o Benfica corre o risco de comprometer já em outubro o principal objetivo da época – a conquista do título português -, caso não consiga travar a caminhada vitoriosa dos dragões, sob o comando técnico do italiano Francesco Farioli.