Mercado de verão: "Se calhar é muito óbvio, já está a acontecer, mas quero ressalvar isto: se forem ver o que aconteceu neste mercado de verão, foi muito difícil contratar. Estivemos a resistir para vender e tivemos dificuldades em contratar. É um sinal de que o mercado europeu e os clubes lá fora já estão a entrar nesse patamar em que não precisam de vender também. Então a contratação vai tornar-se cada vez mais difícil. A situação financeira dos clubes europeus está cada vez mais robusta. Ou nós em Portugal caminhamos nessa linha de robustez, ou vamos ter mais dificuldade em acompanhar os nossos concorrentes lá fora."
Centralização dos direitos televisivos: "Temos de pensar na centralização de direitos e fazê-la de forma eficiente. Temos de pensar que quando a fizermos, sim, solidariedade, mas cuidado, porque se baixarmos todos os nível e os três grandes baixarem o nível, não vamos ganhar pontos nas competições europeias, não vamos estar lá e estaremos na Conference League. Teremos muito cuidado para neste bolo fazer uma distribuição eficiente. Associado a este bolo, o controlo financeiro. É absolutamente crítico para dar credibilidade lá para fora".
Liquidez dos clubes portugueses: "Muita gente julga que vai entrar num clube de futebol e vai fazer uma gestão desportiva como idealiza, mas depois prende-se com muitos problemas, a começar por liquidez. Podia ser um tema dos três grandes, que cada vez mais deixa de ser, mas sobretudo dos clubes menos grandes. E é um problema que existe, na minha opinião, porque ao longo destes últimos anos e à recente maior profissionalização, havia uma gestão muito de presente, pouca estabilidade das estruturas. Apenas uma tentativa de resolver os problemas no curto prazo sem pensar no longo prazo. O que vemos nos últimos anos é uma inversão na Europa, e julgo que também no futebol português, colocando os três grandes e o Sp. Braga, que estão a fazer o seu caminho para dar o passo seguinte e ter uma gestão sem estar só focada na tesouraria e ter uma perspetiva de longo prazo e ter uma estratégia que vai para além daquilo que é o presente da equipa de futebol e da competitividade dentro de campo para a época presente. É isso que estamos a tentar fazer."
Ferramentas ao serviço dos clubes: "A tesouraria é fundamental, mas para melhorarmos precisamos de credibilidade com os parceiros financeiros e precisamos de um controlo financeiro robusto. A forma mais eficiente ou barata de gerarmos liquidez é através de factoring de transferências de jogadores e até do nosso próprio risco. Porque tenho uma garantia implícita que é o controlo financeiro da UEFA, e é um check de credibilidade. O que fazemos na UEFA tem de passar aqui para dentro, não na lógica do presente mas do futuro."