Em entrevista à RTP, o médio dinamarquês assumiu que se sentiu desapontado com a saída de Ruben Amorim para o Manchester United a meio da temporada, mas garantiu que entendeu a decisão do técnico português.
"Pensávamos que ele ia ficar durante a época toda e que iria lutar para sermos bicampeões. Traído? Não. É uma palavra muito forte. Ficámos desapontados com a saída do Ruben Amorim", disse.
"Eu disse, à frente de todos os jogadores, que ficámos desapontados por ele sair do clube. Porque contávamos que ele ficaria connosco durante toda a época para sermos bicampeões. Ele disse isso no início da temporada. Mas também disse a Amorim, em frente de todos, que entendíamos a decisão dele", acrescentou.
Apesar do peso da saída do treinador, Morten Hjulmand destacou a importância de Rui Borges para devolver algo que estava a faltar após a mudança na equipa técnica leonina.
"Calma na equipa. É uma pessoa muito calma. Sentimos isso e acho que a equipa também sentiu isso quando ele chegou. Apesar da pressão do Sporting, ele estava calmo e transmitiu isso aos jogadores", analisou.
"Gyökeres também tem de perceber que tipo de clube é o Sporting"
Já sobre potenciais saídas, o capitão verde e branco assume que Gyökeres está pronto para deixar Alvalade, mas lembrou o sueco da grandeza do Sporting, um clube onde o próprio Hjulmand assume que quer continuar a jogar.
"Ele está pronto há muito tempo, mas apesar disso ficou cá e ajudou-nos a voltar a ganhar a Liga. Compreendo que tem ambições de ir para um dos melhores clubes do mundo, mas ele também tem de perceber que tipo de clube é o Sporting. Ganhou dois títulos e vai voltar a jogar na Liga dos Campeões com o Sporting", afirmou sobre o melhor marcador da Liga.
"Estou muito feliz por estar no Sporting, como jogador, mas também como capitão, a representá-los. O que é importante para a minha vida privada, para a minha felicidade, está cá. Por isso, vai ser muito difícil deixar o Sporting", concluiu.
Declarações na íntegra
Capitão ao fim de uma época: "Não esperava ser capitão ao final de um ano, mas acho que a anterior equipa técnica viu algumas qualidades em mim. Sou um tipo muito concentrado na vida dia a dia, nos treinos, mais que outros jogadores, e não tenho medo de falar, no treino ou fora dele. Com os treinadores, de uma boa forma. Viram qualidades e tomaram essa decisão depois de um grande capitão (Seba Coates) ter saído do clube".
Diferença de um título para o outro: "Falei sobre isso no final do jogo, houve algumas circunstâncias fora do campo que podem acontecer nos clubes, que podem ser mais difíceis para gerir. Principalmente quando mudamos de treinador e diretor desportivo, nesse aspeto foi mais difícil do que a época anterior. Dito isto, quatro jogadores cruciais deixaram o clube no final da época passada (Coates, Adán, Neto e Paulinho) e isso teve um grande impacto no plantel".
João Pereira: "Tinha ideias muito boas, parecidas com o Ruben Amorim, um sistema muito semelhante que está a usar agora na Turquia. Mas, claro, tivemos um treinador que fez as mesmas coisas todos os dias durante seis anos com as suas ideias, perderam-se algumas rotinas com os jogadores. Depois chegou o João, tivemos que mudar algumas coisas e adaptar-nos às ideias do João Pereira, o sistema era o mesmo, mas havia movimentações diferentes e a equipa não teve sucesso com isso. É difícil explicar, vi a mesma coisa noutros grandes clubes, um novo treinador entra e não tem sucesso. Os jogadoers também têm de assumir responsabilidade por esse período. Porque temos um treinador que nos diz como jogar, mas nós temos que ter um bom desempenho como jogadores. É importante para mim assumir essa responsabilidade como capitão porque não foi fácil perder jogos. O João Pereira também perdeu jogadores-chave quando chegou: Nuno Santos, Pote, Bragança, Inácio e Morita não estiveram quando ele chegou. Isso também pode ser uma explicação, mas para mim é difícil dizer o que errou".
Chegada de Rui Borges: "Mais um treinador novo. Chegou cá, sistema novo, o 4-4-2, um pouco mais orientado para a zona do que para homem a homem do que o Amorim ou João Pereira e sem treinos, porque estávamos em várias competições e ele tinha que implementar as ideias. O Rui trouxe calma à equipa, é uma pessoa muito calma, sentimos isso e a equipa também sentiu. Apesar de estarmos sob pressão no Sporting. Transmitiu a calma num período difícil, perdemos pontos, estávamos em segundo lugar e isso ajudou, especialmente porque o primeiro jogo foi com o Benfica e estávamos obrigados a vencer para passar a primeiro. E manteve essa calma ao longo dos jogos seguintes. Não acho que fosse uma questão de mentalidade, foi um período em que não estivemos bem com o treinador e isso pode acontecer. Aconteceu com o Guardiola no Manchester City. Não há explicação para isso, nem para o período que tivemos.
Saída de Ruben Amorim: "Pensávamos que ele ia ficar durante a época toda e que iria lutar para sermos bicampeões. Traído? Não. É uma palavra muito forte. Ficámos desapontados com a saída do Ruben Amorim. Tinhamos 11 vitórias seguidas, bem na Liga dos Campeões com a verdadeira ideia do caminho para o clube, o sistema estava perfeito, era como jogar PlayStation. Ele saiu e mudámos outra vez".
Palavras de capitão a Amorim: "Eu disse, à frente de todos os jogadores, que ficámos desapontados por ele sair do clube. Porque contávamos que ele ficaria connosco durante toda a época para sermos bicampeões. Ele disse isso no início da temporada. Mas também disse a Amorim, em frente de todos, que entendíamos a decisão dele porque isso pode acontecer no futebol. Em janeiro, um dos jogadores podia ter saído, como o Viktor Gyokeres. E também podíamos perceber essa decisão".
Mais difícil de substituir Amorim ou Gyokeres?: "Não sei como responder a isso, somos todos substituíveis em todas as posições e todas as equipas. Mas claro que estamos felizes por ter o Viktor durante o tempo possível. Não sei o que acontecerá no futuro, mas é substituível".
Preparados para vê-lo a sair: "A equipa está preparada para ver o Viktor a jogar de novo no próximo jogo e depois veremos o que acontece. É difícil de prever o que vai acontecer porque é um jogador de classe mundial, um dos melhores avançados do mundo e temos a sorte de o ter no Sporting e de contar com ele no domingo quando defrontarmos o Benfica".
Gyokeres pronto para uma grande Liga: "Já está pronto há muito tempo, mas ficou aqui e ajudou-nos a vencer a liga de novo. Percebo que ele tenha ambições para ir talvez para um dos melhores clubes do mundo, mas também tem de perceber que tipo de clube é o Sporting. Venceu dois tíutlos, vai voltar a jogar a Liga dos Campeões pelo Sporting, a melhor equipa de Portugal. Ele sabe disso, tendo isso em conta, tem que decidir no verão".
Promete aos adeptos que vai ficar?: "Neste momento não vou falar do futuro, só da Taça de Portugal que é o meu grande objetivo. Não sei o que vai acontecer no verão. Posso dizer que tenho muitas saudades dos capitães da época passada, é só isso que posso dizer. Estou muito feliz por estar no Sporting como jogador e capitão. Para mim, é isso o mais importante para a minha vida privada, a minha felicidade e isso é estar aqui. Vai ser muito difícil sair do Sporting".
Dobradinha: "Claro que é um grande objetivo para mim ganhar dois troféus numa semana. Não ganhei muitos troféus na minha carreira, este foi o meu primeiro como capitão e o sentimento de erguer o troféu com a equipa... Voltar a ter essa sensação no domingo é algo que nunca esquecerei quando for mais velho. Mal posso esperar".
Melhor jogador com quem jogou: "Gyokeres".
Melhor jogador que enfrentou: "Gosto muito do Lautaro Martínez (Inter de Milão)".
Ídolo futebolístico: "Patrick Vieira".
Melhor treinador que já teve: "Ruben Amorim".
Melhor jogo da sua vida: "Pelo Lecce, quando nos mantivemos na Serie A".
Tiki-taka de Guardiola ou heavy metal de Klopp?: "Tiki-Taka".