Leia abaixo as declarações de José Mourinho, treinador do Benfica, após o empate (1-1) na receção ao Rio Ave, no Estádio da Luz, no jogo em atraso da 1.ª jornada da Liga Portugal.
Recorde as incidências da partida
Análise à partida: "Primeira parte pouco. Segunda parte boa, dentro das nossas limitações. A segunda parte é dominante, agressiva, com oportunidades, sempre a jogar no campo adversário, mas a jogar de maneira adversária."
Substituições: "Os dois jogadores que entraram deram um cariz diferente ao jogo, não quero dizer que fizeram um jogo tremendo."
Golo anulado: "Se isto é o novo futebol, em que se anulam golos por pisar um dedinho com um outro dedinho, eu não gosto deste novo futebol. Depois é o momento em que não se pode sofrer. É tremendamente injusto. É um resultado péssimo para nós. Uma primeira parte pobre, mas uma segunda parte boa. O jogo foi o que o Rio Ave quis e o árbitro permitiu. Pouco podemos fazer em relação a isso. O que podemos fazer é jogar como jogámos na segunda parte."
Dificuldades em encontrar espaços: "O adversário jogou com cinco e com quatro. É difícil de entrar. Obviamente que uma equipa que joga assim não cria nada, marcaram um golo monumental, mérito do rapaz. O Andreas tentou bastante, o Lukebakio não está nas melhores condições. A equipa que está a ganhar não sofre golos de transição."
Fadiga: "Também se sentiu, não quero dizer fadiga, prefiro dizer pouca frescura em alguns jogadores e eu não quis mudar muito. Não é momento de grande mudança, quis dar continuidade, mas sentiu-se aqui e ali pouca frescura, compensada com boa atitude."
Peso do empate: "Ganhar como iríamos ganhar quase no fim do jogo seria um boost enorme, assim é diferente. Agora só podemos tentar ganhar o próximo."
José Mourinho na conferência de imprensa
Golo sofrido: "Na perspetiva de treinador do Benfica, não se pode sofrer aquele golo aos 90', depois de 45 minutos de tanta qualidade, de um jogo tremendo. Fizemos tudo para ganhar. Fizemos um golo, não se pode sofrer um golo a ganhar 1-0. Pode-se sofrer um golo naquele momento, mas de forma diferente, não onde o portador da bola, o Enzo ou o Ríos, se não me engano, e estão 6 jogadores à frente da linha da bola. Três apenas três é ingénuo. É pouca experiência global e pouco entendimento do jogo. Devíamos ter circulado e sem perigo, o que fizemos de mal na primeira parte. Dói o resultado e a injustiça do mesmo, assim como a forma como sofremos o golo. Na primeira parte tivemos bola, mas sem grande objetividade. Na segunda parte, com os dois jogadores que entraram, a equipa andou de outra maneira e começou a criar."
Comentário ao golo anulado: "Se isto é o futebol de hoje, se se anula um golo por um dedinho ter sido pisado ou por uma camisolinha ter sido puxada, eu não gosto deste futebol de hoje. Acaba por ser o protagonista do jogo o Sr. que estava na Cidade do Futebol ao chamar o árbitro para ver aquilo que vimos e depois o árbitro não ter personalidade, que normalmente não têm, quando vi que foi chamado já sabia que ia ser anulado. Na segunda parte fizemos de tudo. Não somos uma equipa com grande presença na área, nem física nem de características de área. Fizemos um bom golo. Perdemos dois pontos importantes."
Retrocesso com este resultado? "Eu acho que esta segunda parte é melhor que a segunda parte na Vila das Aves. Tem mais qualidade, mais consistência. Tivemos 35 minutos verdadeiramente bons. Bola perdida e bola recuperada. Se dividirmos os meus dois jogos em quatro partes, esta foi claramente a melhor. Uma coisa é ganhar com um golo já perto do final e outra perder dois pontos com um golo aos 90'+1. Se não é ingenuidade, é pouco entendimento do jogo. É frustrante, mas é o que é e temos que andar."
Como gerir uma equipa sem pré-época? "Hoje foi a vontade de ganhar, de fazer as coisas bem, a vontade de dar tudo e ser Benfica, que foi isso que fez esconder algumas limitações ao nível físico. Jogaram há dois dias, a forma como o trabalho foi gerido no pós pré-época é algo que não consigo identificar, mas com este volume de jogos, de dois em dois dias, nota-se que faltou um pouco de frescura. Não quis mudar, quis dar sequência ao que fizemos no primeiro jogo. Na cabeça deles, aquele golo foi o golo da vitória e em vez de mudar o chip e entrar na dinâmica de que 'agora é para segurar', não defendendo, mas com posicionamento diferente, foi o erro."
Não concorda com o futebol atual mas é este o futebol atual: "É o futebol atual, que eu não sou obrigado a gostar. Não gosto deste tipo de golo anulado, seja para um lado ou para o outro. Não quer dizer que eu esteja a ser crítico. Honestamente, não acho que seja golo para ser anulado. Um jogador que eventualmente simula fora da área, aos 5 minutos de jogo, leva cartão amarelo? Nem sei se simulou. Mas há jogadores que passam o jogo todo a retardar... mas lá está, são critérios. Não gosto de ir por aí, não foi por aí, não foi pelo árbitro que não ganhámos."
Receção dos adeptos: "Não senti. Eu no jogo não sinto, eu trabalho. Não senti. Não ser consensual fui eu o primeiro a dizê-lo, não preciso que o repitam. É muito difícil ser-se consensual. Não é algo que me preocupe porque não é algo que eu possa controlar. Se temos estofo ou não, vamos ver no final do campeonato. Neste momento temos quatro pontos a menos que o FC Porto e menos um que o Sporting, considerando que estes são os candidatos ao título, não sei se SC Braga ou Vitória SC se consideram, ainda falta muito. Falta muita coisa."
Responsabilidade por isso? "Responsável o Rio Ave pela estratégia que utilizou ao nível emocional, de parar o jogo e retardar o jogo. Responsabilidade do árbitro e disse-lhe ao intervalo: por que razão não dá um cartão amarelo a um guarda-redes ao minuto 15 ou 20? Porque se isso acontece, o jogo é completamente diferente. Árbitros também têm responsabilidade de melhorar o futebol, como nós. Eu também já fiz o mesmo e talvez vá fazer outra vez. Tivemos pouco jogo interior, recuperávamos bolas e em vez de orientar, jogávamos novamente para trás. Com uma relva fantástica para jogar depressa... Culpa minha também porque optei para jogar com esta equipa. O Lukebakio não tinha condições para jogar muito mais do que aquilo que jogou. Mas estou muito contente com a segunda parte. Se pudesse fazer com que o jogo terminasse com o nosso golo... muito contente com a nossa segunda parte."