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Lage esclarece áudio divulgado, pede apoio a adeptos e rejeita ceder a pedidos de Rui Costa

Atualizado
Bruno Lage vai falar em conferência de imprensa
Bruno Lage vai falar em conferência de imprensaRUI MINDERICO/LUSA

O Benfica anunciou este domingo que Bruno Lage, técnico da equipa principal, vai falar em conferência de imprensa às 17:30, no Benfica Campus.

Menos de 24 horas depois da derrota do Benfica em Rio Maior, frente ao Casa Pia, Bruno Lage vai falar em conferência de imprensa, anunciou o emblema encarnado.

O técnico benfiquista tinha falado com os adeptos no final da partida, garantindo que iria resolver a situação do clube, após duas derrotas durante a semana, frente a Barcelona e Casa Pia, e antes de ter conhecimento da vitória do Sporting frente ao Nacional, que deixou os encarnados a seis pontos da liderança da Liga Portugal.

Durante a madrugada, um áudio, alegadamente com as palavras de Bruno Lage, foi partilhado pelas redes sociais. No mesmo, o técnico deixa críticas aos jogadores do Benfica após a derrota do passado sábado.

Acompanhe abaixo as declarações do treinador

Áudio divulgado: "Deixe-me antecipar, o conferência deve-se à conversa que eu pensava privada com um conjunto de adeptos que estavam à espera na chegada a Lisboa. Fui ter com eles da mesma forma como ganhamos troféus, mostramos-lhe os troféus, assim como num momento menos positivo fomos ter com eles. Entendo perfeitamente a desilusão do resultado de ontem, depois de uma longa conversa de 30 minutos, que eu pensava privada e veio a público. Estamos aqui para esclarecer tudo. Quero que fique tudo muito claro para toda a gente para pensarmos no próximo jogo".

Presença de Rui Costa: "A nossa intenção foi vir aqui esclarecer o significado do áudio, a confiança é mútua entre presidente e treinador".

Presidente e diretor desportivo na conferência de imprensa
Presidente e diretor desportivo na conferência de imprensaRUI MINDERICO/LUSA

Áudio a questionar decisões da direção: "Que fique muito claro que a responsabilidade do resultado de ontem e do insucesso é do treinador, agora a minha exigência para com os jogadores tem que ser máxima. Há uma frase solta de um áudio de um minuto e meio de uma longa conversa. O que eu disse sobre não saltar, vem no contexto do que disse na conferência de imprensa. Uma equipa que estava no primeiro lugar não pode sofrer aqueles golos, de penálti e de bola parada em que não saltamos. Antes disso ser tornado público, na conferência e no áudio, já tinha sido apontado aos jogadores. Cabe-me criar condições para evoluir a equipa no que sinto que não está bem. Algumas coisas fazemos bem, outras não, temos que evoluir e trabalhar. A questão dos 20 milhões e 5 milhões vem no contexto em que os adeptos, pela emoção, dizem para tirar jogadores do plantel e meter miúdos. Os ativos dos clubes não funcionam assim. Não podemos fazer isso. Como é que o clube vai vender um jogador e tem condições para receber o dinheiro investido? Enquanto treinador que conhece a casa como ninguém, sinto que temos todas as condições de fazer os ajustes necessários para sermos mais competentes. Continuo a acreditar muito no plantel, tem enorme qualidade, mas sentimos que podemos evoluir. Temos um espaço de 15 dias para trabalhar nesse sentido".

Instabilidade após conquista da Taça da Liga: "Isso vem dos resultados. O mais importante é que estamos juntos e há um sentimento de união muito grande aqui, temos consciência do trabalho que temos fazer. Eu, na evolução da equipa, há coisas que já fizemos e aproximamo-nos do primeiro lugar, mas não fomos competentes a mantermo-nos lá. Há outros que temos que continuar a trabalhar. A jogar de três em três dias são os resultados que dão estabilidade. Percebo como tenho de ajudar os jogadores a evoluir para saberem o que é representar o Benfica. Ganhar a Taça da Liga não chega, há um longo caminho a percorrer. Demos um passo em falso no campeonato, mas temos um jogo importante na Liga dos Campeões em que dependemos de nós para chegar à fase seguinte. Temos 15 jornadas por disputar no campeonato, que tem sido muito irregular, quem sabe pelo novo formato da Champions e ainda estamos na Taça de Portugal".

Como os adeptos podem ajudar: "Senti que foi uma conversa muito boa e que esta seja nesse sentido. Estou a falar convosco, estão a fazer o vosso trabalho, os comentadores vão comentar, mas esta tem que ser uma conversa para todos os benfiquistas. Muito seguro do que estava a dizer, foi uma conversa de meia hora em que tiveram acesso a um minuto e meio de áudio com coisas fora do contexto. O que quis passar e sinto que passei é que a união é muito importante. A união dos adeptos foi importante no primeiro título que ajudei a conquistar, vejam imagens da viagem a Vila do Conde ou a chegada ao último jogo com o Santa Clara. O quanto eu sofri e paguei por isso na pandemia, em que não senti esta pressão, nem apoio dos adeptos para termos uma reação. Só eu sei e o treinador seguinte também de jogar em estádios vazios. Neste momento, o que quis foi controlo emocional absoluto da minha parte, quando passei pelos adeptos não podia não ter uma palavra, sei o que estão a passar e a sentir. Sofrem migual ou mais do que nós. Continuem a apoiar-nos, sabemos o que estamos a fazer e temos um caminho a fazer e muito a ganhar esta época".

Sentiu lugar em risco?: "A minha confiança não está minada por causa do áudio, porque já o tinha dito aos jogadores e na conferência. Os jogadores também sofrem com isso e têm conhecimento do trabalho que tinham a fazer, o quanto custou e quanto deram para chegar ao primeiro lugar. A forma como temos sofrido golos não é de uma equipa que quer vencer provas. Tivemos uma resposta muito boa na Taça da Liga, é o que quero novamente. Tudo o que foi dito, foi analisado com os atletas e sabem o que eu quero".

Responsabilidade: "Claramente. Quem faz os jogos que nós fizemos, os últimos quatro jogos, depois de fazer o mais difícil, Braga, Sporting, Famalicão, Farense, Barcelona e os primeiros 30 minutos com o Casa Pia e depois perder o controlo do jogo e não conseguir dar três toques seguidos, permitindo muitas transições ao adversário, sofrendo o segundo e terceiro golo. É preciso criar o contexto para isso. Mal seria o treinador que já provou jogar bem sob pressão, que viesse criticar publicamente que a equipa não sabe dar três toques seguidos".

Obrigado a colocar jogadores em campo pelo preço: "A conversa vem de trás, um dos adeptos disse que a maioria dos jogadores do plantel custou 20 milhões e eu usei isso como exemplo, a intenção quando os adeptos estão aborrecidos é tirá-los e jogar com os miúdos. Eu quis explicar para eles entenderem o funcionamento do clube que não se pode tirar esses jogadores, pode ser 20 ou 10 ou 30... Imagine-se que, qualquer jogador do clube passa a treinar com a equipa B, valorizamos ou desvalorizamos o jogador? Desvalorizamos. Era isso que queria explicar porque as coisas não são feitas assim. O presidente está aqui à minha frente e nunca me pediu para jogar com A, B ou C, nem como diretor desportivo, nem como presidente. Tenho total liberdade para escolher o 11, a estratégia e sou o máximo responsável pelo insucesso".

Falta de vontade dos jogadores: "Não é vontade... Quem está numa posição de primeiro lugar não pode sofrer este tipo de golos. Sofremos golos de bola parada e penálti quando estávamos em primeiro lugar. Na final da Taça da Liga fomos melhores na primeira parte e demos uma oportunidade ao adversário de empatar através de um penálti. Não é de vontade, é estarmos numa posição em que não podemos, além do mérito do adversário, sofrer golos desta maneira".

Mensagem aos benfiquistas: "Recordar e perceber que com o apoio deles, precisamos disso para ser o Benfica.  Perante um mau resultada o é normal que a confiança seja menor, mas estamos convictos em fazer boas exibições e resultados, temos que o fazer amanhã (terça-feira), para que os adeptos continuem a acreditar em nós e apoiar-nos, a presença e apoio deles é fundamental. Repito o quanto foram importantes na conquista de títulos, assim como na altura da crítica a ausência foi péssima. Sabemos o que estamos a fazer, há questões que estão indentificadas, é nisso que estamos a trabalhar, nas situações de bola parada e transição".

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