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O Sporting tentou voltar ao passado nesta receção ao Boavista. Não a um passado mau, embora os resultados mais recentes nos levem para esses tempos, mas a uma passado feliz, com Coates, por exemplo, que esteve nas bancadas de Alvalade para tentar ajudar a transmitir uma aura positiva a um clube que parecia ter tudo para uma época histórica e onde de repente tudo falta e os imprevistos não param de aparecer. St. Juste, por exemplo, ficou de fora com uma gripe, o que levou Debast a voltar ao onze e Eduardo Quaresma a regressar depois das marcas trazidas da Bélgica.

Mas será realmente justo falar dos problemas deste Sporting quando do outro lado há um Boavista com muitos mais motivos para baixar os braços? A equipa de Bacci tem sido um exemplo de perseverança na Liga Portugal e mesmo sem as mesmas armas dos rivais na luta pela manutenção trouxe a estratégia possível a Alvalade, com o objetivo de aproveitar a má fase e intranquilidade do ainda líder do campeonato.

Não se pode dizer que o plano tenha funcionado numa fase inicial da partida. Durante cerca de 30 minutos, parecia aquele Sporting da primeira fase da temporada (há um mês, portanto). Mesmo sem a confiança de Gyökeres em alguns momentos e com Trincão ainda desaparecido, os movimentos da equipa de João Pereira e a intensidade trazida para o relvado de Alvalade mostravam que o plantel queria mudar o rumo dos acontecimentos, mesmo quando a bola batia em César, guarda-redes axadrezado que negou o golo a Gyökeres nos primeiros minutos.
Com dinâmica pela esquerda, onde voltaram a estar Quenda e Maxi Araújo, mas por onde também passou várias vezes o jovem João Simões, titular pela segunda vez consecutiva, o Sporting encostou o Boavista às cordas e o fruto dessa pressão foi o regresso de Gyökeres aos golos de bola corrida. Pedro Gomes fez um atraso curto para César e o sueco intercetou a bola e encostou para inaugurar o marcador (23').
A vantagem e a boa meia hora do Sporting devolveram o entusiasmo às bancadas de Alvalade e essa motivação sentiu-se dentro de campo. Dinâmica, a formação leonina começou a colecionar ocasiões de golo, mas assim que o desperdício começou a ser evidente - Gyökeres teve duas ocasiões para bisar - e o Boavista esteve alguns minutos em campo adversário, a intranquilidade voltou a tomar conta do leão, que acabou por ir mesmo para o intervalo em desvantagem.

João Pereira e Franco Israel já tinham apontado o problema em Brugge, mas a solução ainda não foi encontrada. Salvador Agra teve espaço e encontrou a cabeça de Bozeník (43'), que depois de 13 jornadas sem marcar… marcou! Foi o primeiro e único remate à baliza do Sporting na primeira parte.
Os amigos Trincão e Israel
Mesmo com a melhor meia hora da era João Pereira, o Sporting foi para o intervalo a dever a si próprio a responsabilidade pelo resultado, isto porque a equipa está numa fase em que as coisas saem mal, mesmo quando parecem estar a correr bem.

Uma vez mais, a entrada foi quase perfeita (tal como em Brugge) e na segunda parte repetiu-se, com Trincão (47') a despertar para fazer o 2-1, depois de uma jogada temporizada por Maxi Araújo, mas o segundo remate boavisteiro à baliza de Franco Israel teve o mesmo destino do anterior.
O lance parecia perdido, mas a desconcentração defensiva dos leões voltou a sofrer pena máxima, aplicada por Bruno Onyemaechi (58') por baixo do corpo do guarda-redes leonino. Dois remates, dois golos.
A diferença entre este jogo e os anteriores passou, sobretudo, pela facilidade com que o Sporting conseguiu criar lances de perigo. Mesmo sem jogadores influentes, João Pereira recuperou a exploração da profundidade por Gyökeres e o movimento do sueco revelou-se fundamental para que Trincão (66') voltasse a aparecer a um nível decisivo. Além da vitória, terá sido essa a melhor notícia para João Pereira.
Claro que a vantagem curta não foi suficiente para tranquilizar as bancadas de Alvalade, de tal forma que os últimos 20 minutos foram muito mal jogados de parte a parte, mas no final das contas o objetivo era sobreviver. Para já, o Sporting e João Pereira podem respirar de alívio.
Homem do jogo Flashscore: Francisco Trincão (Sporting)
