É um fenómeno raro, mas não inédito. Este sábado, por volta das 20:00, o Sporting pode estar a festejar o título, enquanto o Benfica fica resignado com o segundo lugar, isto apesar do facto de terminarem com os mesmos pontos.
Neste momento, leões e águias estão no topo da tabela com 79 pontos, mas a vantagem é dos homens de Rui Borges devido ao primeiro critério de desempate: o confronto direto. Com uma vitória em Alvalade e o empate na Luz, na 33.ª jornada, são os verdes e brancos que partem na pole position.

O Flashscore convida-o então a ver as outras sete edições em que os dois primeiros da Liga Portugal terminaram com a mesma pontuação.
1937/38 – Benfica
Na quarta edição do então Campeonato Nacional da Primeira Divisão, o Benfica sagrou-se campeão pela terceira vez. Em 14 jornadas, as águias somaram 23 pontos (a vitória valia dois), os mesmos do FC Porto, que ficou no segundo lugar, e mais um que o Sporting.
Acabou por valer a superioridade dos encarnados no duelo com os azuis e brancos. Uma vitória na Luz e um empate no Dragão, na penúltima jornada, garantiram a vantagem aos encarnados no confronto direto.
Essencial, porque o FC Porto marcou mais golos (43 contra 34) e tinha uma melhor diferença de golos (21 contra 18).
1947/48 – Sporting
10 anos depois, nova igualdade entre os dois primeiros, mas desta feita com o Benfica a ficar na segunda posição. Os encarnados somaram 41, tal com o Sporting, mas não conseguiram superiorizar-se no confronto direto.
Pese embora a vitória fora (1-3), foram vergados em casa (1-4) com um póquer de Peyroteo. O Sporting garantiu vantagem decisiva e somou o quarto título, o primeiro bicampeonato da sua história.
1954/55 – Benfica
O oitavo título de campeão do Benfica fica marcado por uma ajuda que muitos poucos esperavam. Os encarnados partiram para a última jornada a um ponto do Belenenses e fizeram a festa graças uma mão do... Sporting.
A vencerem o Atlético CP por 3-0, os encarnados fizeram a festa já perto do final, quando souberam que João Martins marcou para os leões aos 86 minutos do dérbi com o Belenenses, deixando tudo empatado (2-2).
Com 39 pontos, confronto direto sorriu ao Benfica (vitória fora e empate caseiro).
1955/56 - FC Porto
15 anos depois, o FC Porto voltou a sagrar-se campeão nacional em 1956, com os mesmos pontos do Benfica. Ambos os conjuntos somaram 43, mas se em 1938/39 os encarnados foram melhores no confronto direto, desta feita a história foi ao contrário.
Os dragões venceram em casa e empataram na Luz para garantir o quarto título da história.
1957/58 – Sporting
No espaço de quatro anos, este foi o terceiro campeonato em que o segundo teve os mesmos pontos do campeão. E o curioso é que foi uma equipa diferente a erguer o título, sendo que depois de Benfica (1955) e FC Porto (1956), foi a vez do Sporting.
Os leões somaram 43 pontos, os mesmos dos dragões, e fizeram-se valer de uma importante vitória em casa. O triunfo por 3-0 na receção ao FC Porto permitiu mitigar os efeitos da derrota na visita aos dragões (2-1) e fazer a festa no final.
1958/59 – FC Porto
Os anos 1950 do futebol português foram pródigos neste feito que agora parece tão raro. Sendo que este foi o primeiro em que o confronto direto não teve influência e até resultou num dos episódios mais infames do futebol português.
Depois de dois empates nos clássicos, o FC Porto entrou para a última jornada com uma vantagem na diferença de golos (56 contra 52). Com os jogos a supostamente começarem à mesma hora, os dragões ficaram no relvado a ouvir a rádio depois de terem vencido o Torreense por 0-3.
Isto porque Inocêncio Calabote, árbitro do jogo entre o Benfica e a CUF, foi acusado de deliberadamente atrasar o início da partida, marcar três penáltis para os encarnados e ainda expulsar três jogadores do conjunto do Barreiro. Contudo, a goleada encarnada (7-1) de nada valeu.
O FC Porto ergueu o título graças a um golo (59 positivos, contra 58 das águias).
1977/78 – FC Porto
Chegamos então à última edição em que o segundo terminou com os mesmos pontos do campeão. E novamente uma em que o confronto direto acabou por não fazer diferença.
Depois dos empates nos dois jogos, o FC Porto de José Maria Pedroto somou 51 pontos, os mesmos do Benfica, mas foi demolidor em termos ofensivos (81 golos marcados em 30 jogos), o que lhe valeu uma diferença positiva de 60, mais 15 em relação ao Benfica.
19 anos depois, o título voltava à Invicta.