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Maioria das emissões de carbono do Benfica provém das deslocações de adeptos

Benfica publica primeiro Relatório de Sustentabilidade
Benfica publica primeiro Relatório de SustentabilidadeSL Benfica

A maioria das emissões de dióxido de carbono do Benfica ao longo da temporada 2024/25 tiveram origem nas deslocações de adeptos para jogos de futebol no Estádio da Luz, adianta o relatório de sustentabilidade divulgado esta quinta-feira pelas águias.

Pela primeira vez elaborado pelo clube lisboeta, o documento consultado pela Lusa mostra que as emissões do gás com efeito de estufa (CO2) ascenderam às 31 mil toneladas durante a época transata, com quatro mil a resultarem da atividade interna encarnada e as restantes 27 mil a provirem das viagens de espetadores.

O Benfica apurou que mais de 79% dessas deslocações são realizadas de carro, sobretudo em carros com motores a combustão, a gasolina ou a gasóleo (mais de 76% das viagens de automóvel).

As restantes viagens para o Estádio da Luz, recinto que, nos jogos da Liga Portugal de 2024/25, acolheu 998.680 espetadores (58.746 por jogo), realizam-se de metro (11,4%), a pé (7,9%) e noutros meios de transporte, que incluem mota, táxi, autocarro ou comboio (14,2%).

Pouco mais de dois terços dos adeptos que se deslocaram ao Estádio da Luz (67,7%) percorreram até 30 quilómetros, tendo sido semelhante o número de pessoas que fez viagens entre 31 e 100 quilómetros (16,1%) e viagens superiores a 100 quilómetros (16,2%).

“A maior parte das emissões da pegada de carbono vem destas deslocações – cerca de 955 toneladas de dióxido de carbono por jogo. Cabe-nos mudar o jogo fora das quatro linhas. Por isso, estamos a trabalhar para que os nossos sócios e adeptos tenham melhores alternativas nas suas deslocações para o estádio”, lê-se na brochura associada ao relatório.

O documento mostra ainda que o serviço de gestão de resíduos das águias, designado ecocentro, recolheu mais de 375 toneladas de resíduos durante a época transata, tendo encaminhado para reciclagem 309 toneladas das 311 que foram valorizadas, o que corresponde a 83% da recolha. As outras 63 toneladas foram eliminadas.

Foram ainda distribuídos cerca de 727.000 copos reutilizáveis nos jogos disputados na Luz, com 62% dessas unidades a serem devolvidas, tendo-se reduzido o uso de plástico em duas mil toneladas “em comparação com épocas anteriores”.

O Benfica substituiu sacos de plástico por 140 mil sacos de papel nas operações de merchandising e reuniu mais de 80 toneladas de aparas de relva do seu estádio para entregar a agricultores locais, com vista à sua compostagem e transformação em fertilizantes naturais, o que contribui para a redução das emissões de metano, outro gás com efeito de estufa.

O relatório de sustentabilidade assinala também que, ao longo da época transata, foram recolhidos 4.485 litros de óleos alimentares usados para conversão em detergentes biodegradáveis e realizadas entregas relativas a compras online na loja do clube através de veículos elétricos da frota benfiquista.

Os encarnados concluíram que nove em cada 10 sócios consideram que a sustentabilidade deve estar entre as preocupações do Benfica e que 75% deseja ver o clube como o mais sustentável de Portugal, a partir de um inquérito realizado em plataforma digital, entre 21 e 28 de julho de 2025, com 2.037 respostas válidas.

Proprietários de um estádio que é lavado com recurso a um sistema de recolha de águas da chuva, os lisboetas elaboraram o relatório de sustentabilidade no âmbito da sua estratégia para a sustentabilidade 2025-2030, que inclui ainda objetivos a nível social e de governação interna.

Essa estratégia enquadra-se nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, adotados precisamente há 10 anos, em 25 de setembro, hoje assinalado em Portugal como Dia Nacional da Sustentabilidade, e na estratégia de sustentabilidade da UEFA, designada ‘Strength through Unity’ (força através da unidade, na tradução portuguesa).