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Momento Flash: A boa loucura de Martín Anselmi

Martín Anselmi estreou-se no Estádio do Dragão
Martín Anselmi estreou-se no Estádio do DragãoESTELA SILVA/LUSA
Todos os dias há belos momentos no desporto nacional, mas há destaques e destaques. Nesta rubrica, o Flashscore traz-lhe o melhor momento da semana, focando-se maioritariamente - mas não exclusivamente - no futebol português. Entre golos, defesas, cortes ou simplesmente um gesto, vai poder ver aqui o que realmente importa: o jogo bonito.

"Vocês sabem que morro após cada derrota? Morro!". A expressão é de El Loco Marcelo Bielsa, compatriota de Martín Anselmi, e parece-me ser o ponto de partida ideal para iniciar mais uma edição desta nossa rubrica, esta dedicada à boa loucura que ainda existe no futebol.

A nível futebolístico, o talento pode estar mais presente no rival sul-americano da Argentina, o Brasil, mas dificilmente alguém vive um jogo de futebol como um argentino (talvez os uruguaios sejam os maiores rivais neste aspeto). Num Dragão a precisar de chama como uma fogueira numa noite gelada de inverno, Martín Anselmi parece cada vez mais a escolha ideal para devolver a paixão a um clube com uma identidade também ela algo argentina.

O FC Porto é vivido com paixão e foi essa falta de paixão, juntamente com outros aspetos que não vale a pena estar a enumerar neste artigo mas que podem ser lidos aqui, que motivou os adeptos a assobiar a equipa no final de jogos menos conseguidos, mas também durante partidas em que os dragões até estavam a vencer. Faltava a tal chama.

Desconhecido para a maioria dos portugueses, Martín Anselmi trouxe essa boa loucura para o Estádio do Dragão e não aguardou para mostrar aos adeptos ao que vinha. Afinal, que melhor altura para causar impacto do que na estreia numa nova casa? E logo num Clássico!

É um facto que Martín Anselmi ainda não venceu na Liga Portugal, mas frente ao Sporting mostrou que, tal como Bielsa, morre a cada derrota. E por isso não quer perder. A loucura do ex-Cruz Azul fez com que o FC Porto, em desvantagem depois de uma jogada genial de Quenda que merece ser revista no vídeo abaixo, acabasse o Clássico com apenas dois defesas em campo - Tiago Djaló e Zé Pedro.

Anselmi não especula, vai com o coração, como um bom argentino. Aos 62', saiu Nehuén e entrou Fábio Vieira. Aos 68', Francisco Moura deu o lugar a Gonçalo Borges e o caos tático foi ordenado pelo papel entregue a Stephen Eustaquio, que já percebeu que terá de organizar em campo toda esta loucura do seu treinador. 

Com o Sporting encostado junto à sua área, Anselmi olhou para o banco e lançou os homens de ataque que restavam, não hesitando na estreia de William Gomes e lançando Namaso, que viria a fazer o empate já no tempo de descontos. Anselmi festejou... como um louco!

Porque há alturas em que a estratégia não funciona e é preciso apelar ao coração, o FC Porto não saiu do Clássico com apenas mais um ponto, que até pode ter arrumado a equipa da luta pelo título. Saiu de cara lavada e com uma alma renovada para o que aí vem, e referimo-nos também já à época 2025/26.

Para terminar a noite de apresentação aos seus adeptos, Martín Anselmi ainda brilhou na conferência de imprensa pela forma como explicou o que procurou com estas alterações loucas, mas sobretudo pela paixão em falar do jogo que se sobrepõe às regras do próprio assessor de imprensa. "Dá-lhe, dá-lhe. Queres fazer uma pergunta? Dá-lhe. Uma! Atirem uma moeda. Vá, façam os dois"

Eis Anselmi, el loco do futebol português.

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