O nome dificilmente poderia assentar melhor - pelo menos, futebolisticamente. Como jogador, Eduardo Quaresma é devoto e tem uma fé inabalável, especialmente quando o momento para ser feliz parece quase impossível.
Lançado por Rúben Amorim na equipa principal do Sporting, Quaresma passou de promessa dos leões à despromoção em Tondela. A passagem pelo Hoffenheim não lhe trouxe os minutos nem a regularidade que procurava e poucos ainda acreditavam que havia espaço em Alvalade. Mas a fé de Eduardo nunca foi abalada.
A meio da época passada, praticamente sem minutos até então, foi forçado a ser titular no clássico frente ao FC Porto, numa exibição que se revelou decisiva para a carreira do internacional sub-21 português. Quaresma secou Galeno, fez uma assistência brilhante para Gyökeres - que foi anulada com polémica - e chorou de emoção. Ele sabia que tinha dado o passo que há muito procurava.
Ainda sob as asas de Amorim, o defesa não conseguiu voar em definitivo. Jogo sim, jogo não, espreitava e tentava, finalmente, chegar ao céu de Alvalade. Mas talvez a saída do antigo treinador dos leões tenha acontecido no momento certo para o jovem formado em Alcochete.
Sem o apoio do treinador que o lançou, Quaresma foi mostrando que é, nesta fase, um jogador mais consistente e, acima de tudo, uma pessoa mais madura. Rui Borges confiou nele para a posição de lateral-direito logo no dérbi com o Benfica e, desde aí, tornou-se indiscutível para o treinador, regressando à posição de defesa-central quando o Sporting voltou a jogar com três defesas.

Meses depois, Eduardo Quaresma fez o agradecimento final ao treinador de Mirandela. Aos 23 anos, cinco épocas depois da estreia pela equipa principal, o momento de glória chegou num jogo inesperado.
O Sporting empatava com o Gil Vicente, depois de uma exibição muito pobre e antes da visita ao Estádio da Luz para o jogo do título. O resultado deixava os leões em segundo lugar e a precisar de uma vitória em casa do eterno rival. Mas o momento de Quaresma chegou, finalmente. Aos 90+3', encheu-se de fé e disparou o Sporting novamente para o topo da tabela.
"Dois ou três lances antes já tinha dito que, se a bola caísse ali, ia chutar", disse, no final do encontro.
Uma fé digna do próprio nome, num golo decisivo nos descontos que fez lembrar o seu antigo mentor, Seba Coates. Depois da estreia com apenas 17 anos, Eduardo Quaresma está, definitivamente, pronto para se assumir como El Patrón de Alvalade.
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