Leia abaixo as declarações do treinador do Benfica, José Mourinho, na conferência de imprensa de antevisão ao duelo com o Gil Vicente, do arranque da sétima jornada da Liga Portugal, agendado para sexta-feira, às 20:15.
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Taça de Portugal: "É bom para o Chaves, que tem um jogo grande em sua casa, e bom para os benfiquistas transmontanos porque é a oportunidade de nos terem lá. Para nós, é complicado do ponto de vista desportivo, logístico, com Liga dos Campeões dias depois, mas olhamos para o lado positivo da coisa, que é a festa da Taça em locais que, este ano, como é o caso de Chaves, não tem futebol de Liga Portugal".
Gil Vicente: "A equipa está bem e está preparada para amanhã. Podia enunciar uma dezena de coisas negativas, como o pouco tempo e a deceção do último resultado, mas não o quero fazer. Estamos a preparar-nos o melhor possível, agarramo-nos às coisas boas que já fizemos e debatemos as coisas más que fizemos. Tenho a convicção que amanhã pode ser um dia bom para nós".
Benzema: "Foi a primeira vez que ouvi a hipotética possibilidade. Jogámos no Algarve contra a sua equipa, conversámos um bocado. A última coisa que está no horizonte do Karim é regressar ao futebol europeu, a uma equipa como a nossa, que joga ao mais alto nível. Vai ficar ali, tem sido feliz, está a ganhar títulos, situação económica invejável. Não penso que o objetivo é regressar. Miúdos jovens que estão em idade de voltar ao futebol europeu, mas jogadores como o Karim é um absoluto não. Não perguntei a ninguém, mas arriscaria a dizer que não há nenhuma possibilidade, nem entendo como é que o nome dele chegou a esta situação".

Lukebakio: "O Lukebakio não tem gasolina para 90 quilómetros, tem gasolina para 45 e se tiver híbrido vai um bocadinho mais. É uma opção que temos de tomar. É o segundo dia após o jogo, o pior ao nível de fadiga. Vamos treinar amanhã de manhã e depois tomamos essa decisão, mas com a convicção que não tem gasolina para 90 quilómetros".
Prestianni: "Vai ao Mundial sub-20. É importante para ele, para o Benfica também. Temos outras opções para a posição. Obrigá-lo a ficar e não lhe dar muitos minutos não parece uma decisão correta. Toda a gente gosta de jogar na seleção. Está convocado para amanhã, mas depois irá".
Aursnes a lateral esquerdo: "É importante estar em campo. É um jogador que permite que tudo aconteça, temos sempre uma solução alternativa que pode compensar toda a imprevisibilidade. Preciso de conhecer melhor o Obrador, honestamente. Jogou pouco, treinámos pouco, analisei em vídeo o jogo que fez com o Tondela, fui ver jogos no Deportivo, mas preciso de o conhecer melhor. Sabia que o Aursnes podia dar aquilo, jogar mais por dentro. Ele dá-nos garantia em todas as posições. Se me perguntar qual o jogador que conheço menos, inclusive após estes seis treinos, diria que é o Obrador, até pela personalidade. É um rapaz introvertido, reservado e isso transmite-se ao nível do treino. Tenho de ajudar a ser mais ele próprio e a perder a vergonha, entre aspas, para mostrar o potencial que tem".

Falta de jogadores de área e mercado: "Não penso no mercado de janeiro e disse que o Benfica tinha um bom plantel. Continuo a achar que tem. Os três atacantes, são três bons atacantes. Digo um determinado tipo de fisicalidade, jogo diferente do que estes três apresentam. Quando se joga com uma muralha defensiva como contra o Rio Ave, em que estivemos sempre no último terço, às vezes não consegues entrar em combinação, apoios, profundidades curtas e, às vezes, a presença de um jogador deste tipo vale um golo e pontos. Longe de mim pensar no mercado e pedir alguma coisa, o meu trabalho não é esse. A minha missão é ajudar a melhorar os jogadores".
Assuntos pendentes: "Ainda nem comecei os assuntos aqui. Estive aqui três meses, fiz sete ou oito jogos, mas é verdade que me sinto mais focado nos outros. Quem são os outros? Adeptos, direção, jogadores. Penso mais neles do que em mim. É uma boa sensação, honestamente".
Queixa da APAF: "Tenho de me adaptar. Tem sido uma característica minha tentar adaptar-me a todos os níveis. A Liga é nova para mim. Tenho muito claro que a ofensa pessoal, pôr em casa a dignidade das pessoas, não o posso fazer. E não o fiz. Se não posso criticar o trabalho de um árbitro da mesma maneira que milhões de pessoas criticam o mesmo trabalham, não penso que seja muito democrático. Sinto que não fiz nada que justifique nenhum tipo de ação, seja disciplinar, seja para analisar as palavras. Lembro-me de ter dito que o árbitro não teve influência no resultado do jogo, nem disse que o golo devia ter sido validado. Disse que é o futebol dos dias de hoje. Não penso que tenha tido declaração justificativa. Se é assim e quiserem ser objetivo, dizendo que é proibido falar dos árbitros, facilita muito a vida".
Richard Ríos: "Vejo razões para eu o ajudar muito, tentar tirar o melhor dele, tentar não lhe pedir coisas que tem dificuldade em fazer. Vejo razões para analisar, estar perto dele, proteger ao máximo e tentar que mostre aquilo que de bom tem e esconda o que de menos bom tem. Quando se pede a um jogador para fazer coisas que um jogador não é famoso a fazê-las é criar instabilidade que vai afundar o jogador em termos emocionais. O trabalho de hoje foi colocá-lo a fazer coisas nas quais se possa sentir confortável e as pessoas possam ver o bom jogador que ele é. Há sempre uma relação entre o que as pessoas esperam e o preço. O jogador entra em campo com o autocolante nas costas dos milhões que se pagaram pela transferência, mas não vou ser eu a criar mais pressão no jogador. Vou criar situações onde possa aparecer e jogar melhor para os níveis de confiançar subirem. Se me perguntar quem joga amanhã, o Ríos joga de certeza".

André Villas-Boas: "Totalmente de acordo. Acho que deve ser assim. Se for recebido como todos os treinadores do Benfica, com respeito, educação, sem amor e sem carinho, estou absolutamente de acordo. Se viesse ao estádio da Luz um treinador com história grandiosa no clube e fosse recebido de maneira gloriosa eu não ficaria muito contente. O FC Porto é um clube extremamente competitivo e as declarações são absolutamente corretas. Ingratidão de quê? Nenhuma. Fiz a minha história lá, fazem parte da minha história, sem eles só tinha ganho uma Champions e eles sem mim também, com Artur Jorge. Sou amigo do presidente do FC Porto, mas eles querem ganhar, nós queremos ganhar".
Arbitragem turca e portuguesa: "Antes do jogo, não falo de árbitros. Não tenho intenção de hostilizar, criar antagonismo, ambiente negativo, principalmente a jogar em casa. Depois do jogo, sinto-me no direito de elogiar, que é um prazer, ainda dá mais prazer quando perco. Perdi com o Feyenoord, antes de jogar com o Benfica, e elogiei o trabalho do árbitro depois da derrota. Se me disserem que não posso falar do árbitro, não falo. Se sentir liberdade, no comentário ao jogo, tenho o maior prazer em dizer alguma coisa. Até poderei ajudar em alguma coisa. Comparar Portugal com Turquia? O que desejo é que, no fim do jogo com o Gil Vicente, possa dizer que o árbitro foi um grande árbitro".
Mudança: "É muito difícil afinar. Quanto mais jogamos, mais fadiga e mais fadiga significa menos trabalho de campo, que significa afinar só, em reunião, em conversa, em grafismo, que é uma coisa na qual não acredito muito. É uma parte mínima da educação tática e técnica de um jogador. Quando cometes os mesmos erros, significa que o nível não é muito alto ou temos problemas cognitivos. Estamos a analisar os erros ao detalhe e esperamos não voltar a cometer esses erros. Daqui a quanto tempo vamos ver uma equipa com a qual me identifique? Não sei. Jogamos com o Chelsea na terça-feira e com o FC Porto dias depois. Os jogadores saem para as seleções. Vamos fazer umas peladas oito contra oito, mas são seis treinadores e dois jogadores. Vamos jogar com o Aursnes e um gajo qualquer que já nem sei qual é. Chegam terça-feira, quarta e quinta, depois o Mário Branco acertou no sorteio da Taça. Eu disse Sintrense, Atlético da Malveira, Atlético CP e ele disse Chaves. Por isso é que utilizam os períodos de pré-época para definir princípios. Apanhar uma equipa nesta altura não é fácil para um treinador. Tenho de ser positivo e dizer que amanhã vai ser mais parecido com o que eu gosto".
Gil Vicente: "Não fizeram pergunta, aproveito eu. Parabéns ao César, que é um dos meus muitos jogadores que virou treinador. A equipa é boa, tem dedo de treinador e está bem organizada. A última vez que estive com o César foi na final da Liga dos Campeões, vai ser um prazer voltar a estar com ele. Precisamos de ganhar e temos de pensar que vai ser amanhã".

Leandro Barreiro: "O Bruno (Lage) conhece os jogadores melhor do que eu, trabalhou com eles horas e horas. Estou de acordo com o Bruno no sentido que o Leandro tem bom timing de chegada na área e, se estiver posicional, sofre um pouquinho, mas na Vila das Aves, quando troquei o Enzo pelo Leandro, ele foi para a posição seis. É um jogador disponível, um bom soldado, é rápido, tem boa transição defensiva e pode transformar-se num médio defensivo, mas estou de acordo com o Bruno. É perigoso a partir de trás".
Críticas após o último jogo: "Disse diretamente aos jogadores, mas no dia seguinte. A dececão era grande. Os jogadores envolvidos na situação estavam em baixo, naquela altura, mais do que a crítica, precisavam de uma mão e que todos dividíssemos a responsabilidade com aqueles dois. Eu disse quando cheguei que sou direto, direi muita coisa boa, mas muita coisa má também. Nesse sentido, obviamente que o fiz porque é uma situação que não deve voltar a acontecer. Podemos voltar a sofrer um golo no último minuto, mas não daquela maneira".