Com 11 jogos oficiais pelo Arouca, Pablo Gozálbez recordou a mudança para o emblema português.
"No final da temporada passada, eu estava ainda de férias e o meu agente ligou-me a dizer que tinham recebido uma proposta do Arouca. E a verdade é que a mim pareceu-me um local incrível e muito atrativo. Eu tinha vontade de vir para cá para Arouca e o clube também queria muito apostar em mim. Bastou ter uma reunião com o Joel Pinho e com outros elementos do clube para perceber que todos tínhamos esta vontade muito grande em concretizar esta transferência", começou por referir Pablo Gozálbez.
"Hoje vejo como foi uma decisão ponderada e acertada", acrescentou o médio, que conhecia Jason dos tempos do Valência.
"Informei-me um pouco do clube, disseram-me que ia ser um lugar muito bom para continuar a crescer, que era como uma família e, bom, até ao momento, estou muito feliz e creio que acertei na minha decisão. Todos nós olhamos para os exemplos espanhóis que passaram pelo clube e vemos o sucesso que tiveram. Obviamente que também sonhamos e trabalhamos para conseguirmos alcançar um pouco do que eles alcançaram", vincou o médio, que voltou a ser titular na última partida diante do Boavista.

Gozálbez assumiu que existiram algumas adversidades na adaptação, principalmente por esta ter sido a primeira experiência fora do seu país e fora do clube onde passou mais de 10 anos.
"A verdade é que, inicialmente, não foi fácil. Também porque as coisas não estavam a sair. A verdade é que eu tinha o apoio do clube e da equipa, que, para mim, é como uma família. Apoiamos-nos diariamente e estamos todos juntos em tudo. Com esse apoio, as coisas pouco a pouco vão saindo e torna-se tudo mais fácil. Eles ajudaram-me muito porque, para mim, como disse, era uma experiência completamente nova, algo que nunca tinha vivido", realçou, salientando que os colegas de equipa e a estrutura em Arouca tornaram "a adaptação muito fácil."
"Acho que já não sou o mesmo jogador que era há seis meses. Afinal, com o tempo e com os jogos, vais ganhando confiança. Já estás mais habituado à liga em que competes e aos teus companheiros. Essa creio que foi a grande mudança que eu experienciei. Acho que é sobretudo essa confiança que já tenho em mim e no quão adaptado estou para continuar a melhorar e crescer que irá fazer a diferença no futebol", disse Pablo Gozálbez.
Diferenças do futebol espanhol para o futebol português: "Creio que as principais diferenças possam ser a nível tático. A Liga Espanhola tem todos os jogos mais fechados, mais táticos e que custa mais encontrar os espaços. Aqui, por vezes, o futebol é mais direto, com mais espaços para se aproveitar e mais duelos individuais de um contra um. E essa acho que pode ser a maior diferença entre os dois campeonatos, pois tudo o resto é muito parecido. São campeonatos com muita qualidade e, por vezes, desde Espanha não entendiam isso, embora agora estejam a dar outra atenção há medida que cada vez mais jogadores espanhóis se mudam para o campeonato português."
Detalhes mais complicados na adaptação: "Penso que o mais complicado foi todo o tema extra-desportivo. Afinal, sempre que tinha um mau momento ou estava a passar por algo, tinha a minha família e os meus amigos ao meu lado. Fazia uma chamada e estávamos a cinco minutos de distância. Vivia em casa dos meus pais. Ou seja, era tudo muito fácil para mim, estava muito protegido por eles. E aqui tens de aprender a viver mais por ti. Mas também sempre me vi preparado para esta eventualidade e creio que, apesar de tudo, tenho passado muito bem estes últimos seis meses em Portugal."
Rotina antes dos jogos: "Depende sempre se jogas às 15:00 ou às 21:00, mas vou tendo uma rotina de preparação para o jogo, mesmo que inconscientemente por vezes. Se jogas de noite, tento fazer sempre o mesmo. Pode mudar alguma coisa mas é praticamente igual. A comida ser a mesma desde o pequeno almoço. E tentar fazer um pouco sempre a mesma rotina. Até hoje sinto que tem funcionado dessa forma e me tenho sentido bem com o meu corpo quando estou dentro de campo, então também não tenho sentido a necessidade de alterar. Quando os jogos são mais cedo, claro que temos de mudar. Cortar em refeições e em exercícios de aquecimento, para não ser muito exagerado quando já estamos mais perto da hora do jogo. O descanso já não é o mesmo quando podes descansar de manhã e de tarde, para estares calmo e com a mente limpa para o jogo da noite. De tarde acordas já com o pensamento no jogo. Mas não sou muito obcecado com essas rotinas."
Superstições: "Agora sou um pouco mais com algumas coisas. Gosto de entrar em campo com o pé direito. Em Espanha costumamos dizer que ‘pela manhã acordas com o pé direito’, que é como dizer que o dia vai decorrer com maior tranquilidade. E por isso também gosto de entrar em campo com o pé direito. É uma mania um pouco tonta, não algo super importante."
Ídolos: "Gostava de ver sobretudo médios espanhóis. Em Espanha, vivemos um período muito bom, sobretudo com Iniesta, Xavi, Isco... São jogadores que sempre admirei muito e que vi durante muito tempo. Com o Isco tive a sorte de, no ano passado, ter jogado contra ele no Estádio Benito Villamarín, contra o Bétis.Ver o jogador ao vivo é que foi incrível. Penso que são os jogadores que mais me inspiraram pela forma de jogar, pelo estilo de jogo que sempre gostei."
Treinadores: "Tive muitos treinadores e todos eles me ensinaram um pouco em cada um dos seus momentos. Claro que consigo destacar alguns como o Miguel Ángel Angulo, com quem estive muitos anos. A verdade é que é um treinador que me marcou muito e que recordo sempre com um carinho muito especial porque foi, sem dúvida, um dos treinadores que mais me ajudou em todos os momentos e me passou mais confiança para continuar a melhorar o meu jogo. Estivemos juntos muitos anos no clube, em juvenis, depois em juniores e finalmente no futebol profissional através da equipa B. Foi com ele que joguei na UEFA Youth League e na equipa B e, desde o primeiro dia, que mostrou total confiança em mim e no meu jogo. E claro, não posso esquecer o Rubén Baraja, que foi com quem me estreei no plantel principal e me permitiu cumprir o sonho que tive desde que era uma criança a entrar nos escalões de formação do Valencia Club de Fútbol e ainda sem entender o quão importante ia ser aquele clube para mim. Além dele, também posso destacar o Chema Sanz, que era o treinador adjunto dele, com quem também me estreei na equipa B. Não tem o passado de jogador dos outros, mas é muito respeitado no clube e no país e esse respeito foi passado também por parte dos jogadores, que reconhecem o seu trabalho. Estou muito agradecido a todos eles porque foi graças a eles que me tornei no jogador e na pessoa que sou hoje, disso não tenho dúvidas nenhumas. Passamos muitas horas no clube e grande parte do nosso crescimento é feito lá dentro, com os teus amigos mais próximos a serem aqueles com quem partilhas tantas horas de balneário diariamente."
Mensagem de apelo aos adeptos: "Só peço que confiem nesta equipa. Na verdade, sou um jogador novo mas vi o grande grupo que aqui existe e na capacidade que todos têm. Há muita qualidade na equipa e ela irá continuar a aparecer. Estou convencido que vamos continuar a crescer e a subir na tabela classificativa, a desfrutar de cada jogo."