Recorde aqui as incidências do encontro
O primeiro Clássico nunca se esquece. Rui Borges que o diga. O técnico sportinguista estreou-se num dérbi e num curto período de tempo defrontou Benfica e FC Porto. Testes de fogo que superou com sucesso, pelo menos até perder nos penáltis da Taça da Liga. Anselmi chegou ao Dragão com uma missão mais exigente pela frente, desde logo por vir de uma realidade diferente, mas também por encontrar uma equipa num ponto totalmente oposto à equipa do Sporting.

Quenda desbloqueou primeira parte de altos e baixos
O mercado de inverno foi produtivo para os cofres do Dragão, mas privou o técnico argentino de alguns dos principais jogadores para o que resta da época e os adeptos do FC Porto não querem ficar a ver jogar à espera da pré-época. No Dragão, a exigência é sempre máxima e por isso, mesmo que na teoria o Sporting fosse favorito, nem que fosse pelos oito pontos de distância entre as duas equipas, na prática os adeptos não pensavam num cenário que não fosse manter a tradição dos últimos anos - o Sporting não vencia no Dragão desde 2016.
A presença de Gyökeres e Morita no banco de suplentes acalentou as esperanças portistas numa tarde amena no Estádio do Dragão, numa partida na qual Anselmi só se viu privado de Otávio, castigado (por cartões e não pela exibição), em relação à última partida, entrando Zé Pedro, que não era titular desde 31 de outubro, para o onze.

O jogo começou interessante. O Sporting teve mais bola, mas o FC Porto estava a ter os seus momentos, especialmente quando Rodrigo Mora encontrava espaço entre os médios leoninos. Só que a primeira parte foi feita de altos e baixos e tardou a ter oportunidades concretas de golo.
Quando parecia que o jogo ia entrar num ritmo mais intenso, digno de um Clássico, de repente abrandava e nada se passava. A equipa de Rui Borges ainda estava a encontrar algumas soluções com João Simões, mas a lesão do médio, mais uma no Sporting, veio tirar algumas soluções ofensivas aos leões - Debast não conseguiu acrescentar com bola.

As bancadas do Dragão pareciam estar a sentir estas quebras de ritmo e o silêncio quase completo instalou-se no estádio, até que um erro de Gonçalo Inácio agitou os adeptos. Eustaquio quase abriu o ativo com um remate que bateu na trave do aniversariante Rui Silva e, logo no momento seguinte, Samu tentou oferecer um chapéu ao internacional português, acabando por rematar ligeiramente por cima. Bastou para despertar os adeptos, até que apareceu um pequeno génio.
Com apenas 17 anos, Geovany Quenda estava a ser, a par de Hjulmand, o melhor elemento da equipa de Rui Borges, que tinha para a estatística apenas um tímido remate de Trincão ao lado da baliza de Diogo Costa. No entanto, foi precisamente pelo flanco esquerdo, o mais capaz do Sporting, que nasceu o golo que desbloqueou o marcador. O internacional sub-21 português deixou João Mário e Zé Pedro para trás e fez um passe venenoso para alguém finalizar. Bragança e Trincão não o conseguiram, mas eis que o improvável Fresneda apareceu para silenciar, literalmente, os adeptos da casa e deixar o Sporting em vantagem ao intervalo.
Dragão trouxe chama e procurou a felicidade
O golo de Fresneda veio forçosamente mudar a segunda parte e a história do jogo. O FC Porto, atiçado pelo 0-1 e pela pressão da classificação virtual, que colocava os dragões a 11 pontos de distância do líder e praticamente arredado da luta pelo título, entrou com outra intensidade para os 45 minutos finais.

A mudança posicional de Pepê, que passou da direita para a esquerda, foi importante para trazer um dragão mais dinâmico, com o brasileiro a aparecer sempre nos melhores lances de perigo, invariavelmente desperdiçados pelo FC Porto - João Mário e o próprio Pepê falharam boas ocasiões, já depois de Tiago Djaló (59') ter um golo anulado por fora de jogo na sequência de um desvio de Samu após pontapé de canto.
Com o jogo a ser disputado quase exclusivamente no meio-campo defensivo do Sporting, os dois treinadores reagiram às incidências, até porque no banco havia armas para o fazer. Fábio Vieira e Gonçalo Borges foram a jogo, Rui Borges respondeu com os aguardados regressos de Morita e de Gyökeres. O sueco quase teve impacto imediato com uma assistência para Quenda, mas o internacional sub-21 português fez o mesmo que Harder na primeira oportunidade do Sporting na segunda parte e atirou por cima da baliza de Diogo Costa.
A ver o jogo entrar numa fase de maior risco, com Gyökeres claramente instruído a procurar os espaços nas costas defesa portista, Anselmi assumiu o risco máximo e entregou a Eustaquio um papel com as várias alterações táticas para tentar resgatar o empate e foi feliz. Muitas vezes patinho feio no Dragão, Namaso apareceu na pequena área para fazer o empate e ditar um final de jogo louco que acabou com protestos de penálti sobre Geovany Quenda e dois vermelhos para Matheus Reis e Diomande.
Homem do jogo Flashscore: Morten Hjulmand (Sporting)
