Mais

Pedro Gonçalves revela o motivo do atraso na recuperação da lesão: "Acho que fiz asneira"

Atualizado
Pedro Gonçalves nos festejos do bicampeonato no Marquês de Pombal
Pedro Gonçalves nos festejos do bicampeonato no Marquês de PombalMaciej Rogowski / Alamy / Profimedia
Pedro Gonçalves, médio internacional português do Sporting, convocado esta terça-feira para a Seleção Nacional, e recém-sagrado bicampeão nacional, esteve à conversa no Canal 11, onde passou em revista a temporada e revelou o motivo e o momento em que, ele próprio, agravou e atrasou a sua recuperação da lesão sofrida esta época.

Nova camisola do Sporting: "É bonita, voltamos à lista verde e branca, as cores do Sporting. Não tenho gostos, o meu gosto é jogar futebol. O que mais gosto - o mais importante - é estar dentro de campo."

Chamada à Seleção Nacional: "Acreditamos sempre que vamos ser chamados, mas sim, porque foi uma época complicada para mim. Mas sempre que tive oportunidade de trabalhar, dei o meu melhor. Quando voltei, tentei dar o meu melhor pelo Sporting. Estava a ver a convocatória num quarto de hotel com a minha mulher. Ela ficou muito entusiasmada, até lhe caíram lágrimas. Fiquei muito contente."

Ausência nas convocatórias: "Passava-me ao lado, sabia que a minha oportunidade ia chegar. Tento aproveitar todos os momentos, nos treinos e jogos, mostrando que posso estar num grupo que tem os melhores do Mundo."

Celebrações no Marquês: "Já recuperei... Também não fiquei assim tão mal."

Atraso na recuperação da lesão: "O Sporting sempre me tentou defender porque a culpa foi minha. Tive uma lesão no tendão do adutor da perna esquerda. Senti o tendão a estalar em Braga e estive dois meses a recuperar. Sabia que podia ser operado, mas a opção foi prosseguir naturalmente. Ninguém reparou, acho mas, na final da Taça da Liga, estava a ver o aquecimento, com o Dani (Bragança) e o Nuno (Santos), vem uma bola, levantei-me e fiz um passe sem pensar... Voltei para trás com uma cara, virei-me para ele e disse: 'Acho que fiz asneira'. Fui para o balneário, fui para o campo, voltei a fazer o treino de corrida, pedi uma ressonância e deu que tinha piorado, que rasguei. Senti-me culpado e sabia que ia durar mais três meses. Foi horrível. Não sabia que um passe me iria prejudicar assim tanto."

Reação dos companheiros: "Os meus colegas não souberam... O Viktor, o Morten perguntavam e eu não contava. A equipa médica sabia, ia dia a dia, mas parecia que o mês nunca passava. Quando disse que voltava, no Instagram, foi antes da Taça da Liga."

Saída precoce de Portugal: "A ida para Espanha foi boa e Inglaterra ainda melhor. No SC Braga, como juvenil, jogava sempre e decidi ir para fora porque precisava de mais concorrência. O SC Braga não apostava tanto nos jovens... O Agostinho dizia que eu jogava muito com bola no pé e que a defender sentava e pedia um café. Fui para o Valência, com maior competitividade e, depois, para Inglaterra, onde tive o estímulo do ginásio, jogos, até às lesões."

Luta pelo título: "Acabamos sempre por ter receio, porque o Benfica tem uma excelente equipa, com campeões do Mundo, que mete sempre aquela pressão. Ficámos sem treinador, sem o capitão que era muito importante, o Coates, o Paulinho, o Adán... Chegámos a meio e sentimos que nos estava a faltar alguma liderança. Mas a equipa uniu-se toda e correu bem. Toda a gente tentou liderar e o Morten apareceu. Surpreendeu-me muito, porque parece sempre que tem o discurso certo."

Rui Borges: "Foi um treinador que uniu bastante o grupo, com grande caráter e muito humilde. Tentou perceber o que os jogadores queriam. Foi uma peça importante para unir todas as tropas."

Os números de Pedro Gonçalves
Os números de Pedro GonçalvesFlashscore

Saída de Ruben Amorim: "O mister foi o treinador mais importante da minha carreira, antes de mais. Tínhamos uma ligação muito forte, principalmente comigo, até a nível familiar. Ficámos tristes. Lembro-me do dia. Eu comecei a chorar. Era uma pessoa que gostava mesmo. Nunca lhe disse para não ir, disse boa sorte."

Reação do balneário: "Claro que ficam tristes, porque era como se fosse um pai. Sabia o que precisávamos... Mas compreendemos."

Continua a falar com Amorim? "Falava mais no início, porque ele queria perceber a minha lesão. Jogo de Braga? Eu disse que nunca ia jogar, mas arrisquei."

Amorim disse que se levasse um jogador para o United, era Pedro Gonçalves: "Não fiquei surpreendido, porque tudo o que diz na televisão, diz para dentro. Ele convence. Tem um discurso muito bom. Se disser que vamos para a direita, vamos para a direita. Ele já me tinha dito, mas... não sei."

Renovação com o Sporting: "Não sei o futuro, mas para já, sim. Gosto de estar aqui, tenho contrato mais dois anos e gostaria de ficar aqui mais dois anos."

Gyokeres é igual nos treinos e nos jogos? "Guarda-se em alguns treinos. Não convém meter o Diomande com ele - isso já saiu. Mas muitas vezes não passa. Ele tem muito físico, mas lembro-me dele a chegar, como está agora e está muito melhor no primeiro toque, a fazer tabelas."

Gyokeres mais um ano: "Pedi eu e todos. Ele disse que não sabe o dia de amanhã, que ainda está na Taça de Portugal."

Continuidade de Gyökeres é difícil? "Tenho uma ligação muito boa com ele, mas o que sei é pelo Fabrizio Romano."

Mas lançou o desafio do tricampeonato sem Gyokeres: "Sim, mas estou a seguir-me pelo Fabrizio."

Adaptação a extremo: "Ao início foi difícil, porque saia muito da posição e o mister Ruben Amorim pedia para esperar na posição. Gosto mais de jogar a médio, a três, mas estou a safar-me melhor a avançado. O meu forte não é a defesa. Médio a dois? Podia ser, sim."

Golo ao Arsenal: "É o melhor golo da minha carreira. Pensei em chutar na segunda vez que levantei a cabeça. Senti que o central ia, numa primeira vez, cobrir a linha de passe, mas quando levanto outra vez a cabeça, vejo um pontinho amarelo... Aquela boa também era boa, era levezinha."

Teve impacto na carreira? "Sim, também pelo momento que foi."

Jogo com o Manchester City: "Foi o jogo de uma vida. Já defrontei muitas equipas de Premier e correu-me sempre bem. É sempre bom."

Relação com os companheiros: "Vários no Sporting entendem os meus gostos e eu os deles. O Daniel Bragança, o Morita... São jogadores do meu estilo. Gosto de estar ao lado do Trincão, sentir que fazemos umas tabelas. Até o (Gonçalo) Inácio que gosta de procurar bolas entre linhas. Se pudesse, jogava com eles a vida toda. Mas uns saem, outros entram... Dizem que sou chatinho em termos competitivos, mas é a forma de não ficar tão stressado dentro de campo. Tento chatear as pessoas. Também sou chato com os meus, às vezes parece que preciso de um colete refletor. Por vezes digo coisas no calor do momento, mas, no final, resolvo sempre tudo. Muitas vezes aceitam. Não faço por mal."

Posição de falso 9 com Ruben Amorim: "Lembro-me do primeiro estágio, da primeira semana, e do primeiro jogo, um amigável com o Farense. Ele disse que ia jogar com falso nove... Foram 45 minutos, perdemos 1-0, mas senti que o central vinha muito a mim e dava muita porrada. Não sou muito físico. Na semana seguinte meteu-me mais nas alas, como avançado interior. Tive muitas conversas com ele, a dizer que a minha posição era a médio, para me meter uns joguinhos ali."

Mudança para 4x4x2 com Rui Borges: "Não senti a equipa desconfortável mas senti que o grupo já estava muito formatado para a base do 3x4x3. Falámos todos entre nós e o míster teve o mérito de ceder. Acabou por correr bem. O mister tem vários adjuntos que são muito bons na bola parada - fizemos alguns golos -, temos grandes observadores, taticamente o míster é forte, mas uma das qualidades é unir o grupo."

4x4x2 em 2025/2026 com Pote a médio? "Pode correr bem, mas não sei se tão bem como na posição que estou agora."

Final da Taça de Portugal: "Jogo complicado, toda a gente jogou futebol. Estes jogos são 50/50. Nós vamos tentar controlar, mas há sempre que coisas que não conseguimos controlar. Há sempre muito stress, mas claro que vamos querer ganhar e tentar fazer a dobradinha. Vamos rever o dérbi para rever o que não fizemos tão bem. Marcar tão cedo fez-nos baixar um pouco."

Temporada do FC Porto: "Não sei, claro que o FC Porto é sempre um grande que tem condições para lutar. Acaba por existir temporadas como esta. Certamente que para o ano vão voltar para ser campeões e na máxima força."

Quem contratava de Benfica e FC Porto? "Contratava o Di María, pela história. Do FC Porto, talvez contratasse o Diogo Costa."

Ídolo no futebol? "Cristiano Ronaldo, claro."