Sporting 2-0 Vitória SC
71 anos depois, o Sporting só dependia de si mesmo para ser campeão. O empate na Luz garantiu que um triunfo frente ao Vitória SC confirmasse o título para os leões de Rui Borges, mas as declarações do treinador, a necessidade de pontos para o conjunto de Guimarães — que ainda lutava pela Liga Conferência —, e a dificuldade do adversário não permitiram festas antecipadas.

Sons de festa vieram do Minho
Com consciência de que podia “acontecer Sporting”, os adeptos aderiram à chamada e, mesmo aqueles que não tinham bilhete para assistir à partida, apareceram em Alvalade para receber a equipa, num último empurrão rumo ao título depois de uma época difícil, marcada por várias lesões, pela saída de Rúben Amorim e pela passagem infeliz de João Pereira. No final, tudo seria resumido em apenas 90 minutos.
O certo é que os primeiros 45 minutos não tiveram assim tanta história em Alvalade. A lesão de Diomande (23’), depois de uma entrada dura de Beni Mukendi — que por pouco não lesionou Nélson Oliveira —, foi a nota de maior registo de uma partida que até começou com uma ameaça de Gonçalo Inácio (8’), num cabeceamento que passou por cima da baliza de Bruno Varela.
Mas as bancadas trouxeram as boas novas: em Braga, Zalazar adiantou o conjunto minhoto no marcador e o Sporting era virtual campeão. Na hora de todas as decisões, o nervosismo nas duas equipas foi evidente, e não se pode dizer que quem pagou bilhete tenha assistido a um espetáculo de futebol.
O cabeceamento de Maxi Araújo ao poste, numa má abordagem de Bruno Varela, foi o principal apontamento futebolístico numa primeira parte que, do lado vitoriano, teve apenas um remate tímido de Maga à baliza de Rui Silva. Na outra área, Gyökeres também ameaçou, mas a demora na tentativa de finalização permitiu a defesa do guardião internacional angolano e levou o 0-0 para o intervalo. Atendendo ao que se passava no Minho, para já, bastava.

Pote à hora certa
A verdade é que o Sporting, mesmo com o resultado do Benfica em Braga, fez por merecer na primeira parte, ainda que sem ocasiões flagrantes de golo. A equipa de Rui Borges não baixou o ritmo e evitou especular com o resultado, deixando o Vitória SC completamente encostado à sua área e sem hipóteses de tentar visar a baliza de Rui Silva.
Na área do Vitória SC, Morita (49’) esteve perto do 1-0, mas o destino estava traçado e o ouro estava guardado no pé direito de Pote. Depois de perder quase toda a época por lesão, o internacional português finalizou ao seu estilo, aos 55 minutos, e concluiu uma grande jogada do Sporting para deixar os leões com uma mão no bicampeonato.
Ao contrário do que aconteceu na maioria dos jogos desde a chegada de Rui Borges, o Sporting não baixou linhas com o 1-0 e continuou a carregar à procura do segundo. Geny Catamo (65’) quase voltou a ser herói, com um remate ao poste, e Gyökeres (70’) desperdiçou mais uma oportunidade ao rematar contra o corpo de Bruno Varela.
O golo do Benfica em Braga podia gerar alguma intranquilidade, até porque o Vitória SC começava a tentar crescer na procura do 5.º lugar, que dava acesso à Liga Conferência. Mas ainda faltava Gyökeres (83') picar o ponto naquele que foi, muito provavelmente, o seu último jogo pelo Sporting em Alvalade. O sueco deixou a defesa do Vitória SC nas covas e deu o golpe final no título, marcando o 39.º golo na Liga Portugal — uma Liga que é muito dele, mas que agora também é do Sporting.
Homem do jogo Flashscore: Pedro Gonçalves (Sporting)

SC Braga 1-1 Benfica
O Benfica deslocou-se a Braga com os olhos na Pedreira, mas os ouvidos no que se passava em Alvalade. A equipa de Bruno Lage não conseguiu anular a desvantagem no confronto direto no denominado Dérbi do Século e ficou à espera de uma espécie de Milagre do Século para ser campeã nacional — as águias estavam obrigadas a fazer melhor resultado do que os leões.

Tiros no pés
Sem Di María no onze e com Aursnes lesionado, Bruno Lage lançou Leandro Barreiro no onze inicial, e o internacional luxemburguês quase deu ao Benfica um início de sonho. Isolado frente a Hornicek, vacilou no calor do momento e nem sequer visou a baliza do guardião checo.
O jogo estava aberto e o SC Braga, sem nada a perder e a ver o FC Porto marcar logo no arranque da partida com o Nacional da Madeira, aproveitou os espaços que os benfiquistas iam deixando no seu setor mais recuado. Demasiado dependente de Pavlidis — que por pouco não marcou aos 15’ —, o Benfica acabou por dar um tiro no pé, quase no sentido literal.
Tomás Araújo pisou Ricardo Horta (20’) e, após análise do VAR, Zalazar (24’) fez o 1-0 em Braga e deixou o Benfica com uma verdadeira pedreira para escalar. A precisar de marcar dois golos para ser campeão, esperava-se mais da reação benfiquista.
Com espaço para atacar, o SC Braga fez o que quis e encontrou brechas pelo corredor central e direito, expondo as fragilidades de um Benfica perdido e claramente abalado pelo golo sofrido. Trubin foi o único a apresentar-se à altura e negou golos praticamente certos a Víctor Gómez (38’) e Roger Fernandes (45+4’). Além da desvantagem que deixava o Benfica em segundo lugar, Bruno Lage levou um bloco de notas cheio de apontamentos para corrigir na segunda parte.

Se o treinador benfiquista explicou aos seus jogadores aquilo que estavam a fazer mal, eles certamente não terão entendido a mensagem. Trubin negou um golaço a Zalazar (49’) e o Benfica continuou a jogar exatamente da mesma forma, à procura de resultados diferentes. Loucura, dizem os sábios. Aos 60’, Bruno Lage mexeu finalmente, retirando os inexistentes Akturkoglu e Schjelderup.
Retoque insuficiente
E não é que procurar algo diferente pode mesmo resultar? É certo que Trubin negou mais um golo a Ricardo Horta após lance pela esquerda, mas logo a seguir foi precisamente por esse flanco que o Benfica chegou ao empate. Pavlidis (63’), claro, foi o mais esclarecido ao rematar junto ao poste da baliza de Hornicek para fazer o 1-1 e relançar a partida — que ficou ainda mais em aberto depois da expulsão de João Moutinho por duplo amarelo (66’).
O estranho é que a cabeça dos jogadores do Benfica pareceu estar sempre mais em Alvalade (e, mais tarde, no Jamor) do que na Pedreira. Trubin foi o único que se manteve ligado à corrente e, mesmo com o SC Braga a jogar com 10, evitou a vitória arsenalista.
Homem do jogo Flashscore: Trubin (Benfica)
