Ser minhoto: “Sim, acho que me posso considerar já um minhoto. Já são muitos anos e eu considero-me minhoto principalmente pelo nascimento das minhas filhas. Todas nasceram aqui, por isso, tanto elas como eu já nos consideramos parte aqui do Minho.”
Definição de guerreiro: “Acho que um guerreiro tem de ter muitos adjetivos, mas o que eu destacaria se calhar era a resiliência. Acho que a resiliência faz parte de um guerreiro e ajusta-se também aqui ao clube, ao SC Braga. Acho que a resiliência é uma boa palavra para definir um guerreiro.”
Jogador com mais jogos e golos pelo SC Braga: “Essas questões, principalmente dos golos e dos jogos, foram acontecendo muito naturalmente. A minha primeira ideia quando vim aqui para o SC Braga era jogar, porque não estava a jogar no meu antigo clube. Era somar minutos, era fazer jogos, fazer 90 minutos para mostrar o meu real valor. E acho que essa questão dos golos e dos jogos foi aparecendo muito naturalmente. Passou um ano, passou dois e pronto, já estou aqui na minha nona época no SC Braga. São marcas bonitas, dá-me responsabilidade, mas acho que convivo bem com essa responsabilidade. É uma responsabilidade boa e acho que os jovens já me olham com com outro olhar, que é isso mesmo, é de responsabilidade, mas ao mesmo tempo conseguir viver estes marcos do clube de uma forma muito positiva."

Estilo de liderança: “Eu acho que é mais de ser seguido pelo exemplo. Eu acho que não sou de falar muito. Acho que, hoje em dia, já não é como antigamente, que era aos gritos, aos berros, era num puxar os colarinhos que se ajudava. Acho que agora é de outra forma. Acho que os jovens estão mais atentos, vêem mais do que ouvem, acho que é isso. Ou seja, podemos estar ali aos gritos, mas eles não ouvem tanto e acho que se for uma coisa que eles vejam, olhem, vai ajudar mais. Juntamente com o lote de capitães que temos aqui, acho que somos os 4 um bocadinho a esta imagem. Tentamos agregar ao máximo o plantel e nesta época acho que fomos bastante influentes nisso, ao juntar o grupo e acho que os resultados estão a vista."
Relação com António Salvador: “Temos boa relação, podemos dizer que temos uma boa relação. Acho que nunca... Acho que nunca... Há momentos mais... Acho que isto acontece com todos os jogadores. Mas são momentos que passam. Acho que todas as coisas têm que ficar resolvidas. Por isso acho que posso dizer que tenho uma grande relação com o presidente e todos os problemas, entre aspas, que tivemos foram ultrapassados e hoje em dia damos-nos bem."
Lidar com as palavras do presidente: “Sim, eu acho que já tenho a vontade para lhe dizer algumas coisas. Às vezes há coisas que ele diz que eu não concordo, coisas à equipa que ele diz que eu não concordo e às vezes tenho que lhe chamar um bocadinho à razão e dizer-lhe: 'Presidente, isto não é assim'. Principalmente, temos uma equipa do outro lado e digo muitas vezes: 'Presidente, está uma equipa do outro lado que também quer jogar e também quer ganhar, a gente não joga sozinhos'. E acho que é mais por aí, mas ele dá-nos todas as condições. Estamos aqui na cidade desportiva, que é uma das melhores da Europa e que nos dá todas as condições para a gente no campo fazer o nosso melhor."
Sonho do campeonato: “Eu acho que todos dentro desta casa sabemos o quão é difícil atingir esse objetivo. Ganhar uma liga onde estão três grandes clubes, acho que é bastante difícil. No entanto, acho que o clube está a caminhar para isso. Acho que cada vez estamos a encurtar mais essa distância, mas acho que é preciso ser feita uma época espetacular do SC Braga e uma época em que os três grandes não estejam tão bem para atingir esse objetivo. Mas, mais uma vez digo, acho que o clube está a caminhar para isso, acho que as condições estão a ser preparadas e acho que vai chegar o dia em que o SC Braga se vai tornar campeão nacional.”
Distância para os três grandes dentro e fora do campo? "Não, eu acho que não é por aí. Eu gosto muito mais do futebol jogado dentro das quatro linhas. E a verdade é que nesta época também temos perdido pontos dentro do campo. E é isso, eu acho que dentro do campo, se nós fizermos o nosso trabalho, acho que as coisas vão acontecer. Acho que uma palavra que nos pode definir é a consistência. Muitas vezes temos resultados bons, mas depois temos dois, três jogos que não estamos ao nível que se exige. Eu acho que é isso, é manter a consistência dos resultados e depois no final se foram as contas."

Ser campeão com o SC Braga: "Claro, eu gostava, tal como toda a gente de Braga, tal como o presidente, e se perguntar aos meus colegas todos, claro que gostaríamos. Mais uma vez digo, sabemos o quão difícil é, mas acho que estamos a trabalhar todos para atingir esse objetivo. Eu acho que já se olha para o SC Braga como um candidato. Aliás, os nossos resultados recentes contra os três grandes têm dito isso. Mas lá está, às vezes são momentos da época em que se calhar se fala mais do SC Braga e eu acho que nesta época já aconteceu muito isso. Já se falou muito no SC Braga ao início, entretanto não correu como nós esperaríamos e já se falava pouco do SC Braga. O SC Braga voltou a estar perto dos lugares cimeiros e já se voltava a falar do SC Braga outra vez. Por isso, acho que são momentos da época em que às vezes faz sentido falar do SC Braga, mas muitas vezes o SC Braga fica esquecido. Nós tentamos fazer o nosso trabalho, trabalhar no silêncio e depois chegamos ao final e vemos o que podemos fazer."
Ficar na sombra: "Sinceramente, eu acho que o SC Braga ganha mais em estar na sombra e depois atacar esses títulos. Eu até costumo dizer que quando se fala muito de nós é mau sinal. É sinal que já estão muito a olhar para nós, a expectativa começa a ser maior, há mais pressão e às vezes as coisas não saem tão bem. Por isso eu digo, trabalhamos no silêncio, não é preciso que ninguém fale de nós e depois nos momentos certos a gente aparece."
Futuro como treinador: "Sinceramente, muitas vezes o jogador diz que começa a ter o bichinho de treinador aqui por volta desta idade e eu ainda não senti isso. Gosto muito de jogar, gosto muito de jogar futebol. Quero aproveitar ao máximo enquanto estou a jogar. Não sei se me via numa posição de treinador. Eu acho que até tenho mais características de ser um bom diretor desportivo. Quem quiser aproveitar. Mas ainda não me vejo como treinador. Acho que não vou ter paciência. Mas sim, quero aproveitar ao máximo enquanto estou a jogar. A minha paixão é o futebol e quero aproveitar ao máximo."
Relação com o irmão dentro de campo: "Nós já jogamos futebol juntos desde miúdos e acho que posso dizer que não vou ter nenhuma conexão com outro jogador como tenho com o meu irmão. Eu sei o que é que ele pensa, ele sabe o que é que eu estou a pensar. E acho que não há nada melhor do que partilhar o campo com alguém do mesmo sangue."
Época com altos e baixos: "Sim, acho que foi uma época de altos e baixos. E acho que começou logo ao início com a troca de treinador. Acho que isso abala um bocadinho o plantel. Mas depois fomos construindo uma boa base e acho que essa base agora tem-se visto. Acho que estamos no melhor momento da época. Acho que podemos dizer que estamos no melhor momento da época. E lá está, puxando um bocadinho atrás a nossa conversa, acho que a palavra consistência volta a aparecer. Foi isso que nos faltou. Tivemos jogos bons, mas tivemos outros jogos que não tivemos ao nível que é exigido e ao nível que é pedido. E eu acho que um bocadinho mais de consistência nesta época, acho que podíamos estar a lutar pelo melhor."
Lutar pelo pódio: "Pensamos jogo a jogo, todos os jogos valem três pontos e nós queremos conquistar o máximo de pontos possíveis. No final vamos fazer as contas, mas a ambição do SC Braga é acabar no melhor lugar possível."

Saída de Daniel Sousa: "Eu posso dizer que foi um momento de surpresa. Eu acho que ninguém estava à espera dessa troca, mas foi uma decisão do presidente que nos foi comunicada e pronto, nós aceitámos. Veio um treinador que conhece muito bem a casa, tivemos a sorte de já ter trabalhado com ele, apesar de ele ter trabalhado só com quatro ou cinco jogadores. Mas eu acho que essa troca abalou um bocadinho o grupo, porque a verdade é que tínhamos feito uma pré-época toda com as ideias do mister Daniel Sousa e quando começam os jogos oficiais, quando começam os jogos a sério, houve essa troca. Mas acho que depois o grupo conseguiu acatar bem as ordens do mister Carvalhal e acho que estamos num bom momento. Volto a dizer, estamos no melhor momento da nossa época."
Saída para o Benfica: "Sim, eu confesso que na altura foi um período difícil. Ser associado ao Benfica já envolve muita história, muita conversa, muita fotografia. Eu relembro que no verão, quando se começou a falar nisso, até me apanharam a sair do Algarve na piscina com um saco de praia da minha mulher. Isso até saiu. Na altura acho que foi difícil, não só para mim como para a minha família, mas é um assunto que já foi. Acho que é daqueles assuntos que quanto menos se falar, melhor. E eu na altura disse que consegui reagir bem a isso e acho que consegui reagir bem.
Resgatar a motivação: "Foi estar em casa, junto da minha família, falar com a minha família. Recordo-me que recorri muitas vezes ao meu pai, porque ouvir uma voz mais experiente e de quem realmente sente as nossas dores e sente como nós. E foi isso. Recorri muitas vezes ao meu pai, liguei-lhe muitas vezes. E pronto, as coisas acabaram por acontecer."
Impacto de Afonso Patrão: "Acho que agora os jogadores da formação já vêm muito preparados para jogar ao mais alto nível e o Patrão acho que é um exemplo porque o Patrão passa diretamente dos sub-19 para a equipa principal e consegue dar uma resposta excelente, tanto no jogo contra o Sporting, quando entrou e conseguimos o empate, tanto agora em que fez esta assistência. Por isso, eu acho que mesmo os jovens têm de olhar para o Patrão já como um exemplo e é assim que têm que chegar à equipa principal, ou seja, chegar e marcar a sua presença. E acho que é isso que o Patrão está a fazer, tais como os jogadores como o Chissumba, Hornicek, e acho que o SC Braga está munido de muito talento na formação."
Nomes que podem ganhar dimensão internacional: "Sim, eu não quero individualizar ninguém, mas eu acho que destacava dois nomes, que era o Hornicek e um que, apesar de não estar a jogar muito, que é o Diego, que eu acho que são dois jogadores que vão ter um grande futuro. Sou muito fã do Diego, acho que é um miúdo com muita qualidade, é um jogador de equipa e já lê muito bem o jogo para um jovem. E eu sou muito fã do Diego, mas junto também ao Hornicek porque acho que vão os dois ter um grande futuro."
Golo no Mundial: "Sim, felizmente em todas as competições que tenho jogado por Portugal tenho marcado. Já tinha acontecido também no europeu de sub-19, salvo erro. Tinha marcado também na Liga das Nações quando voltei a ser chamado contra a Espanha. Mas acho que o ponto alto foi mesmo o golo no Mundial."
Voltar à Seleção Nacional: "Sim, eu nunca digo que não há Seleção, é o meu país, é um orgulho fazer parte dos jogadores selecionados, ou seja, de um lote tão restrito, os jogadores de grande qualidade, por isso eu nunca vou dizer que não há seleção. Por isso vou continuar a fazer o meu trabalho e se o míster Roberto Martínez achar que sim, vou ser uma ajuda. Eu acho que o míster Roberto Martínez é muito comunicativo. Eu lembro-me de quando ele chegou para selecionador de Portugal, procurou encontrar-se com todos os jogadores e ele veio a Braga, fez questão de vir a Braga e deixou-me logo muito boa imagem. Mas posso destacar um momento que foi a não chamada ao Europeu, que ele até fala que me ligou. E a verdade é essa. Eu estava a preparar as minhas filhas para ir para a escola e recebi uma chamada e pensei logo para o que era e até disse à minha mulher, olha, o míster está a me ligar, de certeza que é para dizer que não vou ser convocado. E assim foi, mas destaco esse momento porque teve esse cuidado."
Consistência: "Eu acho que essa consistência vem de não ter lesões. Também ajuda muito. Por isso eu acho que esses jogos vêm muito disso. Não ter lesões e trabalhar sempre bem para poder jogar."
Crescimento: "Eu acho que quando somos mais jovens, como somos mais disponíveis, eu acho que... queremos correr para todo lado e queremos estar sempre onde está a bola ou dar outra opção de passe. Eu acho que isso vai-se ganhando com o tempo, com a experiência, vivenciar todos os jogos, jogar contra equipas que nos apertem mais ou equipas que nos deixam mais espaço. E acho que eu aprendi um bocadinho aí, que é poder não me dar tanto à marcação. Eu acho que aprendi muito com isso. para poder receber a bola mais sozinho e ter mais espaço para jogar. E fui aprendendo com isso. E agora estava aqui um jogador, acho que o João (Moutinho) é exímio nisso. E muitas vezes olho para ele durante os treinos, ele não sabe, mas olho muitas vezes para ele durante os treinos, porque acho que o posicionamento do João é incrível e tento aprender muito com ele."
Fim de carreira em Braga? "Sim, sinceramente já pensei, mas também acho que estou preparado para o que acontecer. A gente sabe que no futebol as coisas mudam de um dia para o outro. E acho que estou preparado para terminar a carreira aqui, mas também estou preparado se tiver que acabar em outro sítio."