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Rui Borges e a desconfiança: "Eles têm de se lembrar que são campeões, mas não adianta só dizê-lo"

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Rui Borges é o novo treinador do Sporting
Rui Borges é o novo treinador do SportingSporting CP
Rui Borges, treinador do Sporting, deu a primeira conferência de imprensa desde que chegou ao emblema leonino, no lançamento do dérbi com o Benfica, marcado para domingo, às 20:30, em Alvalade. Leia abaixo as declarações.

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Grupo que encontrou: "Encontrei um grupo com vontade de treinar, jogar, ganhar, completamente ligado à nossa mensagem, a querer ouvir, entender, tentámos ser curtos como equipa técnica, não passar demasiada informação em pouco tempo, ir diluindo para encaixarem pequenas coisas importantes para o jogo. Um grupo motivado, com vontade de jogar, competir e aprender".

Benfica: "Podemos ir buscar algumas coisas em relação ao adversário, em relação à minha equipa anterior e ao Sporting não posso porque as características são diferentes, hábitos diferentes na ideia de jogo. Não existe comparação para mim, a equipa é diferente, os jogadores são diferentes. Em relação ao adversário, perceber algumas coisas que conseguimos tirar partido e algumas coisas que nos conseguiram fazer a nós. Coisas diferentes, equipas diferentes".

Lesionados: "Todos indisponíveis, há um que está na dúvida, dois estão fora do jogo (Gonçalo Inácio, Morita, Bragança)".

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Inspiração e atitude: "A atitude fará a diferença. Trabalhámos 72 horas, não vou chegar aqui e fazer magia. Tentar fazer algumas coisas que entendemos que podemos tirar partido. Sei que a equipa não vai estar perto do que nós queremos, vai estar muito longe, mas encontrei um grupo muito recetivo e isso é muito importante. A atitude tem de estar lá. Se estiver, perante o ambiente em Alvalade, que será positivo para nós, a atitude fará completamente a diferença ao longo do tempo de jogo".

Jogo: "É dérbi, por isso qualquer jogador está motivado. É um grande jogo, todos querem grandes jogos e essa parte é mais fácil lidar, eles estão motivadíssimos, jogamos em casa, os adeptos serão importantes, há momentos em que não vamos ser tão fortes, há adaptação aos métodos do treinador, independentemente do sistema. Há uma adaptação a tudo. Não vamos estar com aquela qualidade, mas a atitude, embalada pelos adeptos, será importante para chegar ao fim com a vitória, que é esse o nosso objetivo".

Sistema tático: "Poderá acontecer, foi o que disse na apresentação, isso não é tão linear. Já defendi em 5-2-3, em 4-4-2... O sistema é um começo. Depois o resto são dinâmicas que criamos. Vamos tentar perceber de que forma conseguimos tirar o melhor de cada um e sermos melhores, que é o que nós queremos. Mais do que o sistema, é conseguir fazê-los acreditar em pequenas coisas importantes no jogo. Se for assim, vamos ser melhores e vamos ser fortes".

O momento atual do Sporting
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Importância da vitória: "Não olho dessa forma para as coisas. Os ses são subjetivos para mim. Foco-me no que posso controlar nos meus atletas. O meu foco é ganhar, sei que é um jogo difícil, um grande jogo, falam de ser 1.º ou 2.º, ser campeão, mas estamos longe disso e falaremos no fim. Vimos de um empate com o Gil, queremos ganhar e é esse o foco. Se ganharmos, somos primeiros, é a consequência e a melhor coisa que podemos ter. Os jogadores só têm de se focar em ganhar. Vamos sofrer em alguns momentos, vamos ter muitas dores de crescimento nos próximos jogos, mas vai fazer parte. É natural. Temos de saber lidar com essas dores de crescimento, não nos desviarmos do caminho. Foco-me nisso e não nos ses".

Favoritismo: "Não entrego o favoritismo ao Benfica, é um dérbi, será um grande jogo, será muito competitivo, em alguns momentos, mais do que a qualidade, será a competitividade que vai decidir o jogo. Jogamos em casa, queremos ganhar. O favoritismo é um se para mim. Quero é ganhar perante os nossos adeptos".

Jogadores: "É a minha maneira de ser e de estar, não é por achar que animicamente estão mais ou menos abatidos. A minha forma é estar perto. Todos são diferentes e a tarefa mais difícil de um treinador é saber lidar com todos da mesma forma, mas diferente porque todos têm maneiras diferentes de sentir e de falar. O Ruben dizia isso, de comer. Também olho para esses pormenores. Eles têm é de ser capazes de ouvir, podiam não ter essa capacidade de querer ouvir o treinador, mas estão tranquilos. Percebem que é um momento menos bom, mas isso não abala a qualidade que já demonstraram e vão continuar a demonstrar".

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Gyökeres: "Não tenho dúvidas que o Viktor vai voltar aos golos, será o melhor marcador do campeonato, é um jogador diferenciado e tem noção disso, mas não joga sozinho. Temos de tirar rendimento dos médios, extremos, alas, laterais, para tirar rendimento dele. Não podemos dar demasiada importância à fase menos positiva. O Sporting está em todas as competições, tem de seguir o caminho e no fim vemos o que somos capazes. Tenho toda a certeza do mundo que seremos capazes de muita coisa boa".

Balneário: "Depende do que chama de abanão psicológico. Entendo falarem da parte psicológica, é uma parte muito importante, mas não os vejo psicologicamente abatidos. Vejo-os bem, tranquilos, a querer demonstrar o que são individualmente e coletivamente. Não estou preocupado nesse sentido. É natural, precisam de ganhar confiança, não vão ganhar a confiança toda, vão errar, mas desde que a atitude esteja lá nós vamos ser melhores do que os adversários. Eles vão perceber que é um grande grupo, coeso, humilde, não anda em bicos de pé. Senti-os tranquilos. Senti que tiveram aceitação do que chegou. Acho que farão um bom jogo e que essa atitude não faltará, depois vem a confiança técnica e tática para o futuro".

Vantagem: "Será um grande jogo, não gosto de falar em favoritismo. O Benfica está bem, em primeiro, mas nós vamos estar bem com toda a certeza. A equipa tem noção do que poderá dar no jogo, no que representa ganhar".

Preparação para o jogo: "Grandes equipas e treinadores focam-se mais no que podem controlar enquanto equipa, é a minha perspectiva. Focamo-nos mais no que somos enquanto equipa e dinâmica de jogo que perspectivamos para a equipa. Para mim é mais difícil por ter pouco tempo e vamos ter um grande jogo, mas não é isso que me impede de estar com ambição e vontade de vencer enorme. No Benfica, eles vão preocupar-se mais no que podem fazer enquanto Benfica, mais do que propriamente de que forma o Sporting se pode apresentar. Se calhar também olham para o Vitória SC antigo a esperar que o mister mude o sistema. Essa parte é difícil, apanhei mudanças de treinador porque aquela percentagem estratégica que temos fica mais difícil, mas focamo-nos no mais importante, que somos nós".

Jogador em dúvida: "A ponta solta é o Morita (risos)".

Mudança de Guimarães para Alvalade: "O Rui Borges treinador está felicíssimo. Foi para isso que trabalhei, para alcançar estes palcos, estes clubes, cheguei a um grande clube, ao campeão nacional. Não me desvio do que tenho sido, do nosso trabalho, da equipa técnica, eles são muito importantes, os meus são os melhores. É uma equipa técnica muito ambiciosa, corajosa. Podia andar aqui a adiar alguma coisa e entrava depois do dérbi, mas disse que queria entrar logo porque é um grande jogo e é isso que todos nós queremos. Enquanto treinador, só me motiva muito porque acredito no meu trabalho".

Sporting candidato ao título: "O Sporting é candidato ao título, ponto final. É tão simples quanto isso. Nós, seres humanos, valorizamos demasiado as coisas, palavras ou pontos, neste caso. Não estamos a 10 pontos do primeiro lugar. O Sporting é candidato ao título, é uma grande equipa, é campeão nacional e lutará até ao fim para ser campeão".

Meio-campo e João Simões em dúvida: "Sim, o Morita impressionou-me bastante quando jogou contra mim. A treinar comigo nesta fase, impressionamo-nos ainda mais, mas não é só o Morita. Senti a equipa muito bem. Percebemos outras coisas a trabalhar com os atletas, pormenores que os torna melhores e o Morita é um caso desses, é um jogador com uma inteligência acima da média, tomadas de decisões muito boas. (Simões) está em jogo".

Jogadores confortáveis e calendário: "Não olho para a frente, é um jogo de cada vez e olho para o Benfica. Olho para este jogo em específico, é um grande jogo e é isso que me importa. Penso no Vitória SC a seguir ao Benfica. Gosto de sentir as minhas equipas confortáveis. Se não tirar rendimento deles, não consigo ser melhor treinador. Vou impor coisas que não os deixam confortáveis? Não vai correr bem. Nunca fugi da minha ideia, mas vou percebendo algumas coisas. O sistema é muito relativo. Têm batido muito no sistema. Eu quero senti-los confortáveis, quero tirar o máximo rendimento deles. Vou falando com eles, o que me têm transmitido é que estão confortáveis, estão recetivos ao que temos mostrado e falado e que estão preparados".

Dores de crescimento e Aursnes: "Preparei o jogo a contar com os meus, não com o adversário. Foco-me no que podemos ser capazes de fazer. Não me foco nas ausências. As dores de crescimento são naturais. Tudo muda, nem que seja pouco. Há sempre mudanças, seja no treino, seja na Academia. Pequenos pormenores que não são significativos, mas mudam e tudo mexe. O ser humano é feito de hábitos. As tais dores de crescimento. Faz parte. Entendo isso bem, por isso é que digo que os adeptos vão ser importantes amanhã (domingo). A equipa precisa desse carinho".

Possível ausência de Morita no dérbi: "Não muda a estratégia. Em relação ao jogo, muda características. O Morita dá umas coisas, outro médio dá outras coisas. Muda por aí. Em relação à ideia e à estratégia, não muda. O jogador é que dá coisas diferentes à equipa".

Sporting melhor equipa em Portugal: "Têm de acreditar, são campeões nacionais e têm de acreditar. Treino o Sporting e claramente é a melhor equipa em Portugal. No ano passado, senti que era a equipa mais forte e por isso é que foram campeões. Eles têm de se lembrar que são campeões, mas não adianta só dizê-lo, temos de mostrar que somos os melhores. Quando faltar inspiração, a atitude não pode faltar porque podemos ganhar com a atitude, na vontade que não pode faltar. Somos campeões nacionais, somos bons, mas não chega só falar e temos de o demonstrar".

Comunhão com os adeptos e palavras a Ruben Amorim no ano passado: "Sentia-se que a equipa e os adeptos estavam em sintonia. Nos últimos tempos, é normal que os adeptos fiquem desconfiados, é como a equipa. Temos de arranjar formas de fazer ganhar essa confiança e temos de a passar também aos adeptos. Se calhar não estavam a 100%, estavam a 95%. Temos de ir buscar esses 5%. É natural. Não vão deixar cair a equipa, não vão deixar de apoiar, não acredito nisso. Houve uma pequena desconfiança e é natural. Temos de trabalhar nesse sentido e cabe-nos a nós sermos capazes de ir buscar aqueles 5% para a sintonia estar compacta".