Rui Costa, presidente do Benfica e candidato ao próximo ato eleitoral, marcado para 25 de outubro, deu esta quinta-feira uma entrevista ao canal "Now", onde falou das suas ideias para o futuro do clube encarnado e as suas decisões no mandato que agora finda.
Clássico com o FC Porto: "Não foram semanas fáceis estas que antecederam este jogo. Ainda assim, por aquilo que tenho visto dos trabalhos e da evolução da equipa, estou bastante confiante".
Jogo decisivo para a sua reeleição? "Não deveria ser, mas acredito que, pela parte emocional de um adepto, seja natural que a equipa estar ou não estar bem possa ser implicativo no desfecho. Ainda assim, enquanto presidente, a única coisa em que penso é na preparação da equipa e que possa sair do Dragão com a satisfação que os adeptos merecem".
E se perder no Dragão? "O Benfica fica mais atrasado no campeonato mas não perde nada para já. Estamos a falar de 7 pontos. Perdemos estes quatro pontos em casa que não deveríamos ter perdido e deixam-nos nesta situação. Mas nenhum campeonato se decide nesta jornada. Temos tido vários episódios ao longo dos últimos anos de alguma distância do 1.º, 2.º e 3.º classificados, mas não me passa pela cabeça e não vou estar a pensar que o jogo não nos vai correr bem, porque não vamos sair do Dragão com 7 pontos de atraso".
Chelsea e FC Porto: "São jogos diferentes, bastante diferentes. Um é internacional, de Champions e com um adversário que acabou de ser campeão do mundo."
Mourinho diz que Chelsea é mais difícil: "É o nosso treinador a falar e tem todo o conhecimento das equipas e do futebol. Os jogadores sabem que não há vitórias morais. Perdemos contra o Chelsea, mas ficámos com a consciência que a resposta foi boa, sobretudo dentro do que estavam a ser as prestações da equipa. Isso dá-nos a preparação psicológica para o jogo do Dragão, que não será fácil".
Palavras de Mourinho dão gás ao FC Porto? "Quer dar gás aos seus jogadores, ao Benfica e é essa a sua função. Pouca gente neste mundo de futebol lhe pode dar lições do que é preparar jogos. Fico agradado que o meu treinador esteja tão otimista para o jogo no Dragão, mesmo sabendo que não é fácil e o que está em jogo. Fico satisfeito com a mensagem do nosso treinador e da confiança com que está para esse jogo. Temos de contar com isso".
Pode dar motivação aos jogadores do FC Porto: "Quando se chega a estes jogos, e posso falar como presidente, dirigente e jogador, a motivação já lá está. São jogos de alta motivação, de concentração. Confio muito nas mensagens passadas por José Mourinho para os nossos jogadores. É por aqui que importa pensar, é por aqui que importa preparar o jogo. Não a pensar no que o adversário está a pensar, mas naquilo que temos de resolver dos nossos problemas".
Vitória no clássico vale prémio ao plantel? "Os jogadores têm os prémios estipulados no início da temporada. Não é por mais ou menos prémio que um jogador do Benfica ou de outro clube qualquer vai estar, num jogo destes, a pensar nisso. Há prémios estipulados para classificações e é isso que vai acontecer".
Contratação de Mourinho é suficiente para inverter o rumo? "Nunca nada é suficiente. Mas se foi a medida que melhor encontrámos para inverter o que estava a acontecer... É um treinador completamente capacitado, dos melhores do mundo e da história do futebol moderno. A sua qualidade fala por si, e a sua experiência e saber estar em momentos assim ajudou a que a escolha não fosse difícil. Muito contentes estamos nós e os benfiquistas também devem estar por um treinador destes ter aceitado voltar ao Benfica à primeira. E assumir a equipa neste momento no estado em que estava, e no momento que o Benfica vive, que também não é fácil. Do que tenho assistido, à forma como trabalha, deixa-me extremamente satisfeito".
Gostava das equipas de Mourinho nos últimos anos? "Temos de analisar um bocadinho de tudo. O próprio (Mourinho) respondeu na sua apresentação, dizendo uma frase que me agradou muito: 'Se o meu mau currículo dos últimos anos foi ter chegado a duas finais europeias...'".
Futebol atrativo com Mourinho: "Costumamos dizer que no Benfica não basta ganhar, tem de ser ganhar bem. Pela exigência do clube. Mas não estamos a falar de uma pessoa que não conheça o clube ou a história do futebol português, e portanto está mais do que preparado. Para analisar as prestações, exibições ou a qualidade do jogo de (José) Mourinho nos últimos anos, também temos de avaliar que clubes treinou. Um treinador não pode ser campeão num clube que não está a trabalhar ou com plantéis para isso. Mourinho passou um bocado por isso. Fala-se do Manchester United e foi o último a ganhar algo por lá. A Roma nunca tinha conseguido um troféu europeu, ganhou um e foi a outra final. Isso não me preocupa".
Interessam mais os resultados que as exibições? "O resultado pode aparecer num mau jogo. Um campeonato não pode ser ganho com maus jogos. Ele sabe muito bem qual a exigência de um clube como o Benfica, ninguém ensina isso. Até por conhecer e acompanhar o futebol português. Mas ele também sabe esta frase: 'No Benfica não basta ganhar, tem de se ganhar bem'. Ele sabe essa parte".
Plantel é suficiente para isso? "Ele (Mourinho) tem plantel para isso. Elogiou o plantel do Benfica quando defrontou o Benfica no play-off da Champions. E nós cá estamos para avaliar o que possa correr bem ou menos bem ao longo da temporada".
Mourinho pediu reforços? "Não. Fez um reparo óbvio porque falou das idades dos jogadores. O plantel foi construído também com base em dois jogadores, o Bah e o Manu, que espero que estejam de regresso (em breve), têm duas lesões desde a época passada. Já estão muito perto. É a nossa ambição e a deles também. Fazem falta ao plantel. O banco, hoje, é jovem por opção nossa. Todo o plantel é jovem. Temos seis jogadores acima dos 25 anos, foi a reestruturação que fizemos no futebol também, alterar a média de idades, trazer competência e futuro ao Benfica. O banco ser jovem é também pela aposta grande do Benfica na formação. Mais cedo ou mais tarde, estes miúdos têm de ir lá para dentro, têm valor para isso".
"Se for preciso algo em janeiro, cá estaremos"
Mas foi feito investimento de 100 milhões de euros no plantel: "Fizemos um investimento forte no que considerávamos ser alvo de melhorias. Começando no 11 para depois ir ao restante. Começámos pela contratação do Dedic, depois os dois médios e daí para a frente. Fizemos um mercado assertivo, imponente, com um custo alto, mas trouxemos jogadores de qualidade, internacionais, que possam garantir, quer desportivamente, quer, mais tarde, financeiramente, o sucesso do Benfica. Naturalmente nenhum plantel está completo. Se for preciso algo em janeiro para reparar, emendar ou reforçar, cá estaremos".
Há verbas para ir ao mercado em janeiro? "Temos sempre soluções e arranjámos soluções para isso. Essa é uma das partes que tem sido positiva no Benfica, pese embora se fale muito da parte financeira. É importante que os sócios percebam isto. Por muito que se fale na parte financeira do Benfica, o Benfica está muito estável financeiramente. Os resultados deste ano comprovam isso mesmo. Tivemos grandes inversões neste último exercício. Toda uma estratégia aplicada desde o primeiro dia até hoje. Se precisarmos de melhorar o plantel, estaremos sempre prontos".
"Ordenado de Mourinho é dentro da ordem de valores de Roger Schmidt"
Ordenado de José Mourinho: "É dentro da ordem de valores de Roger Schmidt. Foi aquilo que referi. E como disse numa intervenção, não venho para as televisões perguntar quanto ganha o fulano A ou fulano B. Não me parece sequer legítimo perguntarem o salário do treinador".
Mas há essa curiosidade: "Naturalmente toda a gente tem curiosidade em saber quanto ganha o vizinho do lado... Quanto mais o treinador do Benfica. Isto é mérito também de José Mourinho, quis mesmo vir para o Benfica. E o Benfica percebe que tem de pagar por um treinador desta envergadura. Mas teve o bom senso, algo que me deixa muito feliz, de perceber que no Benfica não poderia ganhar os salários pagos nos clubes em que esteve toda a vida. É o salário mais baixo que (José) Mourinho tem desde que saiu de Portugal, há muitos anos. Isso também mostra a vontade que teve em vir para o Benfica. Não me leve a mal, mas Mourinho, assim que acaba de sair de uma equipa, tem montes de equipas a querê-lo. O facto de aceitar o projeto do Benfica e aceitar que Portugal não é, em termos de salário, o mesmo que países que representou ultimamente, deixa-me muito feliz. Teve muito bom senso em perceber onde o Benfica poderia chegar".
Acordo com Mourinho foi rápido: "No Benfica tudo parece estranho porque o Benfica tem de ser falado. Se demorasse quatro ou cinco dias a escolher, ia dizer-se que o Benfica despediu um treinador sem ter nada na mão para ter outro treinador. O Benfica trabalhou bem nesse aspeto. No dia seguinte, já estava a pressionar, a contactar, a fazer tudo o que era necessário para ter um treinador antes do jogo na Vila das Aves, que foi o que disse no dia em que Bruno Lage saiu. E no dia seguinte, o Benfica fez o trabalho que lhe competia para garantir um treinador desta envergadura".
"Contactos com Mourinho? Dou a minha palavra de honra"
Não houve contactos com Mourinho antes de despedir Bruno Lage? "Não. Dou a minha palavra de honra. Mesmo que Mário Branco, que não é o caso, tivesse feito algum contacto, a decisão tinha sido minha. Eu falo com Mourinho no dia seguinte, logo pela manhã. Peço-lhe uma reunião. Tivemos a reunião. Houve vontade da parte dele, houve a proposta em cima da mesa, a contra-proposta. Chegando a acordo, no final do dia as coisas estavam concluídas".
Arrepende-se de ter começado a época com Bruno Lage? "Não. De todo. Para mim as situações (de Bruno Lage e Roger Schmidt) estão longe de ser iguais. Tentei, e tento, que o Benfica tenha alguma estabilidade em termos de treinadores e jogadores, ainda que haja muito a melhorar. No que diz respeito ao treinador, pretendo sempre uma continuidade. Acima de tudo, esta é a principal razão para a continuidade de Bruno Lage. Mas depois também havia dois aspetos muito importantes: vínhamos do Mundial de Clubes, de uma temporada de 60 jogos. Sem férias, sem pré-época e a ter de jogar de imediato uma Supertaça, um troféu entre os dois rivais".
Mas o Benfica aceitou jogar a Supertaça naquela data: "As datas tinham sido marcadas há meses. O Benfica achou que não era o ideal mas não temeu a situação. A verdade é que teve a Supertaça de imediato e uma eliminatória de Liga dos Campeões, uma competição na qual o Benfica não poderia ficar de fora. E a pergunta fácil é 'quem estaria pronto para agarrar os jogadores que tinham acabado a época e começar outra neste estado?'. Não só não me arrependo, como a decisão deu frutos: ganhámos a Supertaça e fomos apurados para a Liga dos Campeões. Não me arrependo em nada por estas três razões que acabo de explicar. Já o tinha explicado. Parece-me evidente e fundamental. Voltava a fazer o mesmo."
"Roger Schmidt? Não digo que fui teimoso"
E Roger Schmidt? "Separo um bocado as águas. Não digo que fui teimoso. Posso ter acreditado demasiado que se podia inverter a situação do ano anterior. Programámos a pré-temporada, um plantel mais à imagem do primeiro ano de Roger Schmidt. Sempre considerei que o que ele tinha feito no primeiro ano não tinha sido obra do acaso. A qualidade do treinador estava lá, era preciso encaixar peças que não tinham sido encaixadas no segundo ano. A pré-temporada não corre mal, corre substancialmente bem, mas o início de campeonato, que seria fundamental, não correu bem. Tivemos logo a perda de pontos importantíssimos, que nos afastaram de estar na frente".
E a data do jogo do Santa Clara? "Também já expliquei um bocado essa parte. Não há calendário nenhum que não seja decidido entre a estrutura e o treinador. Confio plenamente nas pessoas que tenho à frente e foi algo que nunca foi discutido no Benfica. Nunca houve um episódio como este, de discutir se o Benfica fez ou não bem em jogar num dia. Mas as premissas para se jogar neste dia foram decididas nessa reunião. A alteração da 1.ª jornada é pelo mesmo motivo. Não podemos estar aqui a bater numa tecla que não faz muito sentido. Se perdemos um dia no jogo com o Santa Clara, ganhámos um para o Qarabag. A primeira reunião dos calendários foi feita em conjunto. Se depois, por algum motivo, podemos pensar que poderia ser melhor alterar, já são outras consequências. Os jogos não podem ser alterados só porque nos apetece. O jogo foi marcado dentro das condicionantes que nos fizeram alterar o da 1.ª jornada (com o Rio Ave). E teríamos de respeitar isso, até pelos dias que ainda vamos ter para a frente sobre esta matéria. E se perdíamos um dia para o jogo do Santa Clara, ganhávamos um para o jogo com o Qarabag. Não pode ser tema, não vai servir de desculpa para mim".
"Bruno Lage? Não houve documento nenhum assinado"
Cláusula de confidencialidade de Bruno Lage: "O Bruno Lage teve uma conversa comigo sobre isso, não disse que tinha de assinar o documento. Não vou assinar documento nenhum com treinador nenhum, a dizer que até ao dia X do mês Y não o vou despedir ou vou aumentá-lo. Isso nem faz parte do futebol. Com todo o respeito pelo Bruno (Lage). Houve este tema, que foi eliminado de imediato. O Bruno percebeu. Sou presidente do Benfica. Não posso estar a assinar contratos com treinadores que até ao dia X do mês Y não vou renunciar ao contrato. São coisas que não fazem parte do futebol. Houve uma conversa comigo, onde lhe expliquei que isso não podia ser tema. Não houve documento nenhum assinado e nós fizemos o nosso trabalho".
Mas deu a entender que assinaria? "Não. Teria de estar a cometer um erro crucial e brutal naquilo que é a gestão do plantel e do treinador. E honestamente, tenho a dizer que foi uma dor para mim, como é sempre, ter de despedir um treinador, muito mais quando tinha uma ligação muito forte ao clube. Trabalhámos na formação do Benfica, tive todo o conhecimento do crescimento dele, depois trabalhei com ele na equipa principal na primeira passagem. Custou-me muito a conversa de 'Bruno, temos de nos dividir aqui'. Uma coisa é a relação pessoal, outra é a missão que tenho enquanto presidente do Benfica. Jamais poderia assinar um documento assim".
Bruno Lage foi acusado de fazer campanha por Rui Costa: "Parece-me injusto esse rótulo, nunca foi intenção dele. Mas cheguei a ter conversas com ele a dizer: 'Foca-te na equipa, é a única coisa que queremos que faças neste momento'. Podia ter dito alguma coisa de boa vontade em algum momento, mas isso nem é do Bruno (Lage) e jamais poderia ter sido pedido algo assim. Desde que começou a época até hoje, nunca foi falado dentro do balneário a parte das eleições. Nem com treinadores, nem com jogadores, nem com staff. A missão de quem está no Benfica neste momento é focarem-se nos objetivos, que é ganhar. Não há conversas de eleições. É evidente que ninguém está imune ao que se está a passar, mas da minha parte não há conversas nesse aspeto e não se fala disso no balneário".
Conferências de Bruno Lage: "Quando disse que me custou muito a parte de me dividir do Bruno (Lage), não foi só pela relação que temos os dois, mas sim porque o Bruno vive o Benfica. Estávamos perante um treinador que era um adepto também, bem como a equipa técnica. É natural, e sendo uma pessoa muito natural e expansiva enquanto homem, que tentasse dizer muitas vezes o que lhe ia na alma. Quando digo que tive essas conversas com ele, para cada um se focar na sua função, tanto podia ser neste momento de eleições como noutro qualquer. (Bruno Lage) dizia aquilo que lhe ia na alma. Não por maldade de querer criar algum conflito, mas por ser muito genuíno e lhe dizer o que vai na alma. Pedimos-lhe a ele, como pedimos a todos - não é uma circunstância incomum - quando alguém se está a desfocar, que nos foquemos nas nossas missões. É natural".
"Posso servir este clube, é por isso que estou aqui"
Chegou a pensar em não avançar com a candidatura? "Cheguei a pensar sempre onde posso servir este clube e foi isso que me fez avançar, é por isso que estou aqui. Ponderei sempre tudo, mas sempre com uma vontade grande de continuar a trabalhar neste clube".
Contratação de Richard Ríos: "Confirmo que todos os jogadores que chegam, conheço-os e vejo-os. Não tanto como gostaria porque, na minha função, não tenho todo esse tempo, mas por isso é que temos uma vasta estrutura. Fiz comentários sobre o Ríos, bem como sobre outros jogadores. Mas foi um jogador aprovado pela equipa técnica, pelo scout, pelo diretor-desportivo, pelo diretor-geral. Rui Costa nunca, nestas funções de presidente, teve a situação de dizer 'quero este jogador e este jogador vem'. Há muitos jogadores que chegam via presidente, outros via diretor-desportivo. O mundo do futebol é mesmo assim. O Richard Ríos estava na nossa base de dados há muito tempo fruto do que fez no Palmeiras, do que tem feito na seleção da Colômbia. Hoje é tema porque, claramente, ainda está numa fase de adaptação ao futebol europeu. Agora teve a infelicidade de fazer o autogolo no Chelsea e pode ser tema. Para nós não é tema. O Richard Ríos é um ótimo jogador, um ótimo ativo que o Benfica tem. Mostrou isso no passado e vai mostrar".
"Richard Ríos? Já tinhamos olhado para ele, tinha custado muito mais"
Manu Silva também foi uma sugestão sua: "Também... Por exemplo. Mas a situação de ser o presidente a sugerir ou não, é de estarmos a comentar jogadores. E eu sou uma pessoa do futebol, não pode ser novidade olhar para um jogador e dizer 'gosto deste jogador'. Mas isso não implica que esse jogador venha, caso contrário tínhamos 500 jogadores. Se cada vez que eu disser bem de um... Até reduzi muitos os ativos do Benfica. Muitas vezes até são conversas circunstanciais a ver-se os jogos. Quando já estávamos nos Estados Unidos, lembro-me de ver o jogo entre Argentina e Colômbia, no qual o (Richard) Ríos estava a fazer um ótimo jogo, e até comentei 'o Ríos está a jogar muito'. Mas isso não implica que o jogador não estivesse já referenciado. Aliás, até posso, e acho que não faz mal nenhum, dizer que já tínhamos olhado para ele. Mas estava a preços proibitivos, muito mais do que os 27 milhões. E embora este ano tenhamos pago bastante por ele - e os valores de mercado estão assim -, o ano passado tinha custado muito mais".
Rafael Obrador: "É um miúdo em quem confiamos e que esperamos que venha a ter um grande futuro. Lembro-me de ter sido contestado de ter metido a cláusula de recompra no Carreras. Temos de lhe dar tempo. Nem todos têm a maturidade suficiente para jogar de imediato nesta dimensão, mas isso não implica que o jogador não tenha qualidades para dizermos 'este jogador vai dar'. É essa a esperança que temos nele. Está mais atrasado em relação ao que todos pretendiamos. Vamos dar-lhe esse tempo de maturidade, estamos a falar do defesa-esquerdo dos sub-21 da Espanha, não de um jogador qualquer que fomos buscar a um lado qualquer e que não sabemos o que estamos a fazer".
"O presidente do Benfica não tem de responder ao do Sporting"
Frederico Varandas: "O presidente do Benfica não tem de responder ao presidente do Sporting, tem de olhar para o futebol português e perceber o que se está a passar. É isso que se está a manifestar. Tivemos de voltar a bater na mesma tecla. Não é a nossa forma de estar, e muitas vezes até sou condenado por falar menos da arbitragem do que os benfiquistas gostariam que falasse. As coisas estão bem visíveis. Na final da Taça, também disseram e cheguei a ouvir que não viram pisadela nenhum que tivesse levado a uma expulsão, quando toda a gente viu. E nós continuamos a ver o que está a passar. Não é o que quero para o futebol português. Muitas vezes até sou contestado por isso. Quero um futebol português mais saudável, não quero é que pisem o Benfica. E neste momento sinto isso. E é esse alarme que estamos a causar no futebol português. Há coisas evidentes, têm havido jogos com muitas evidências sempre para o mesmo lado. O Benfica não pode estar de olhos tapados. O jogo da Taça de Portugal é importante, demasiado marcante para não haver medidas que melhorem o futebol português. O Benfica quer que se melhore o futebol português, que o jogo seja jogado entre os 22 jogadores mais os que vão entrando em campo. Que sejam esses a decidir os jogos, mais ninguém".
Sporting tem sido beneficiado de propósito? "Não estou a acusar A, B, C ou D de beneficiar, estou a relatar evidências. E é sobre essas evidências que quero que o Conselho de Arbitragem observe, que a Liga observe e que a Federação e as entidades reguladoras percebam o que se está a passar. Também não quero os benefícios para o Benfica, quero que os jogos sejam disputados dentro do campo. Só assim é que podemos crescer no nosso futebol. E o que temos assistido não é isso. E portanto, enquanto assistimos a situações dessas, vamos manifestar-nos".
Áudio de Rui Costa a falar do domínio do Sporting: "Sobre esse áudio, muito haveria para dizer. O sítio onde estava, e foi visível quando passaram esses áudios, que as frases não eram completas. Muito do que escreveram até estava errado. Não se conseguiu apanhar as palavras todas e até se tentavam seguir outras. Isso foi a seguir ao jogo da final da Taça e estava a lamentar-me relativamente ao que se tinha passado. Foi demasiado grave. Depois daquele jogo, ficou muito claro o que se estava a passar. Não são casos discutíveis, que possamos estar aqui num programa televisivo ou num debate entre amigos 'para mim foi penálti, para mim foi expulsão'. Foram casos claros e evidentes. O Benfica manifestou-se logo e, naquela noite, a minha revolta estava aí".
Final da Taça de Portugal: "Eu vinha da final da Taça, de um penálti contra o Arouca em casa, que foi considerado um penálti com a cabeça, e vinha de um jogo do Santa Clara-Sporting com um penálti claríssimo contra o Sporting na decisão do título. Três ou quatro jornadas antes de acabar o campeonato. A ideia que queremos passar, ou que estava a ser passada, não sei se era para beneficiar o Sporting ou para prejudicar o Benfica. Eu senti-me prejudicado. E é sobre o sentir-me prejudicado que me manifesto. Estamos aqui a discutir quantos títulos o Benfica ganhou neste mandato. Este jogo da Taça, o sentimento que tenho, é como se tivessem entrado no Museu Cosme Damião e me tivessem tirado de lá a Taça de Portugal. E o benfiquista sente-se assim. O próprio jogo foi assim. Não estou a acusar ninguém, estou a acusar o organismo do futebol nacional".
"Se o Sporting está a ser beneficiado neste momento? Acho que sim"
Mas disse que o Sporting dominava tudo: "Naquele dia disse. Se o Rui Costa acha que o Sporting está a ser beneficiado neste momento? Acho que sim. Se é porque domina as instituições? Não sei se domina ou não domina. Tendo a confiar nas pessoas e espero não me enganar nisso. Mas que alguma coisa temos de fazer para mudar o futebol português... O Benfica não procura ser beneficiado, procura não ser prejudicado. Não vou responder ao presidente do Sporting, vou estar a falar do Benfica e do sentimento interno. Do meu e de todos os adeptos do Benfica. O Benfica está a sentir-se prejudicado. No final do campeonato passado, a final da Taça não volto a falar sobre ela, e neste momento... Estamos a discutir o jogo do Estoril? Vamos discutir se é penálti, se não é, se era fora-de-jogo, se não é? Quem disser que não é fora-de-jogo o golo do Sporting, tem de me explicar como é que diz que o golo do Benfica para a Taça um ano antes me tira da final. É exatamente igual. E esse já foi fora-de-jogo. É sobre isso que quero explicações, qual é o critério para que umas coisas sejam e outras não sendo elas idênticas".
Bernardo Silva: “Não faço campanhas de anos 1980 e 1990, de prometer jogadores. O que faço é tentar melhorar o Benfica. Eu tentei sempre trazer os melhores ativos, como fiz com o Renato Sanches e o Gonçalo Guedes, que não correram bem devido a lesões, procurei com o João Félix e o Bernardo Silva. Se houver disponibilidade dele para voltar ao Benfica, quem é o benfiquista que não gostaria?”.