Desde o declínio de Antonio Adán que a baliza do Sporting tem gerado discussão. Franco Israel chegou da Juventus como um jovem com potencial, mas ainda não se conseguiu afirmar, Kovacevic foi aposta surpresa no verão, mas não convenceu e abriram-se duas possibilidades: Rui Silva (Betis) e Ricardo Velho (Farense).
O internacional português acabou por ser o escolhido, com negócio a ser fechado esta quinta-feira por 4,75 milhões de euros (mais um milhão de euros em bónus). É esperado esta sexta-feira em Lisboa para se juntar ao plantel leonino. Na antecâmara do anúncio oficial, o Flashscore analisa os pontos fortes dos três nomes que foram mais falados para defender a baliza leonina.
O futebol não é uma ciência exata, os números não mostram a figura completa e a observação de guarda-redes é um tema complexo e pouco explorado, mas as estatísticas permitem traçar o cenário mais objetivo possível quando se trata de comparar. Os dados foram todos fornecidos pela Opta e referem-se só aos jogos disputados nos respetivos campeonatos nacionais.
Defesa de remates
Num futebol moderno que pede cada vez mais aos guarda-redes, defender a baliza e segurar os remates continua a ser a função primordial nesta posição. Neste sentido há que apontar o óbvio: Franco Israel, Rui Silva e Ricardo Velho jogam em contextos diferentes, equipas com objetivos díspares e com tal têm cargas de trabalho diferente na hora de defender.
Nesse sentido, não é de admirar que Ricardo Velho seja o que mais golos sofreu (23), dado o estatuto do Farense, que procura sobreviver na Liga, enquanto Franco Israel é o que menos vezes foi buscar a bola dentro da baliza (9) de um Sporting que luta para ser campeão. Rui Silva, num Betis de olho na Europa, tem 18 tentos sofridos.
E, pese embora o facto de ser mais vezes testado (84 remates enquadrados), Ricardo Velho é de longe o que mais defesas fez (63) e o que melhor diferença apresenta entre os golos esperados e os golos encaixados (5.9). Segue-se Rui Silva, que em 54 disparos encarados defendeu 37 e um diferença positiva de 1.4. Franco Israel começa a ter problemas aqui, já que o diferencial é negativo (-2.0) sendo que foi o que menos remates encarou (25) e o que menos defesas fez (16).
Controlo da profundidade
Como equipa grande, o Sporting joga muitas vezes com uma linha subida. Apesar de ter centrais capazes de controlar as costas, os leões também precisam de contar com um guarda-redes eficaz na hora de controlar a profundidade.
Esta é uma métrica que não é fácil de adivinhar, já que por norma as equipas de pequena e média dimensão não jogam tão subidas, mas os dados aqui apresentam uma ligeira surpresa.
Dos três, Rui Silva é o guarda-redes que joga mais à frente (ações defensivas a uma média de 17,2 metros da linha de baliza) e o que mais faz fora da área (uma média de 2,07 por jogo). Em seguida, contra as expectativas gerais, surge… Ricardo Velho. Apesar do bloco baixo do Farense, o guardião joga uma média de 10,7 metros à frente da linha de baliza e quase uma ação por jogo fora da área em média (0,71). Números superiores aos de Franco Israel (joga a 10,3 metros da linha de baliza e só tem uma média de 0,36 ações fora da área por jogo).

Capacidade de passe
Por último, o Sporting é uma equipa habituada a construir desde trás e a capacidade do guarda-redes de jogar com os pés não pode ser ignorada. E, nesse sentido, o atual titular da baliza leonina leva clara vantagem.
Franco Israel completou mais passe (89,4%), sendo que em termos de bolas curtas (até 13 metros) não falhou (100%) e mesmo nas bolas longas (superiores a 35 metros) consegue acertar mais de metade das vezes (54,5%). Em termos dos passes de média distância (entre 13 e 27 metros), acerta 98% das vezes.
Segue-se Rui Silva, com uma percentagem de passes certos a rondar os 78,6%. O guardião do Betis é imaculado nas distâncias curtas e médias, mas perde em termos de bolas longas (45,8%).
Por último, Ricardo Velho acaba por ser o guardião com menor acerto no passe (61,7%). Se é verdade que, tal como os outros três, acerta sempre nas distâncias curtas e nas médias apresenta eficácia assinalável (99,4%). É nas bolas longas o que apresenta menor acerto (42,7%). Um facto indissociável da forma com o Farense joga, claramente menos dominadora da posse de bola que Sporting e Betis.

Três métricas que não dizem tudo, mas podem ajudar a compreender a tomada de decisão do Sporting no que toca aos guarda-redes.