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Fora questões com treinadores, este Sporting talvez esteja mais a precisar da ajuda de um psicólogo do que propriamente de indicações táticas ou técnicas. No espaço de poucas semanas, jogadores que venceram todos os jogos até então na temporada não deixaram de saber jogar futebol, mas faltam claramente outras coisas nesta fase da época e João Pereira tem um desafio realmente bicudo pela frente nestes primeiros passos como treinador.
O técnico fez as mexidas necessárias e retirou Edwards do onze, depois de duas exibições pobres do extremo inglês. A entrada de Daniel Bragança para a esquerda serviu para colmatar a baixa (e que baixa!) do subestimado Pedro Gonçalves, mas as dúvidas nesse corredor esquerdo continuam na cabeça de João Pereira, que colocou Matheus Reis de início e perdeu um ala mais capaz no momento ofensivo, talvez à procura do equilíbrio que tem faltado a um leão propenso a procurar esses momentos de desequilíbrio sobre si próprio.
O começo foi auspicioso. O Sporting entrou acutilante e chegou cedo à vantagem. Gyökeres ganhou um penálti após falta de Marcelo na sequência de um lançamento de linha lateral e voltou aos golos (12'). A vantagem podia ter deixado o leão mais tranquilo, mas quando tudo pode correr mal, corre mesmo tudo mal.
A equipa de João Pereira teve cinco minutos intensos junto à área do Moreirense, mas a formação de César Peixoto não se deixou ficar. Os avisos tinham sido dados em jogos anteriores - empate com o Benfica e vitória diante do FC Porto - e o Moreirense, que chegava a esta jornada sem derrotas caseiras, tratou de aproveitar o momento débil do Sporting.
Dinis Pinto fez uma ameaça com um remate à malha lateral e acabou por fazer o empate (20') com um cabeceamento na sequência de um livre cobrado por Alanzinho, que Kovacevic não conseguiu evitar. Se o momento serviu para dar confiança aos cónegos no plano traçado para este jogo, para o Sporting acabou por ter o efeito completamente inverso.
As melhorias causadas pelas alterações e sobretudo pelo golo inaugural esfumaram-se e o Sporting passou a fazer trocas de bola estéreis e sem quaisquer resultados práticos. Sem capacidade para encontrar os melhores caminhos para a baliza de Kewin, os leões abriram o caminho da sua própria baliza. Geny Catamo, num lançamento de linha lateral, ofereceu a bola a Schettine (36'), que aproveitou o posicionamento de Kovacevic para consumar a reviravolta a fazer crescer a desconfiança nos jogadores do Sporting antes do regresso aos balneários.
Só mesmo uma palestra psicológica podia alterar o estado de espírito do leão e a verdade é que o primeiro impacto parecia ter dado resultados. O Sporting voltou mais intenso, mesmo sem mexidas no onze e desperdiçou ocasiões mais claras do que em toda a primeira parte, com Hjulmand a cabecear à trave depois de um desvio de Gyökeres, na sequência de um canto cedido por Marcelo, que negou o 2-2 com uma interceção decisiva.
No entanto, essa força extra rapidamente desapareceu. Desde o banco, os sinais eram ténues e o Moreirense ia ficando cada vez mais tranquilo na partida. No Sporting, o esforço era levado individualmente quase sempre ao extremo, com a equipa em esforço, mas sem cabeça para ultrapassar a teia montada pelos cónegos. João Pereira foi ponderado nas alterações e não respondeu aos pedidos de substituição até aos 65 minutos, mas também não foi por aí.
É certo que o Sporting voltou a ter uma bola na trave depois de um desvio de cabeça de Gonçalo Inácio, já nos últimos 10 minutos, mas nada explica estas duas semanas de quebra total de rendimento. A derrota em Moreira de Cónegos e uma possível perda da liderança - o FC Porto pode igualar esta jornada, o Benfica tem a possibilidade de isolar-se se vencer os dois jogos em atraso - é da inteira responsabilidade de um Sporting irreconhecível.
Homem do jogo Flashscore: Dinis Pinto (Moreirense)