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Di María: o veloz Fideo regressa um pensador

Di María de regresso ao Benfica
Di María de regresso ao BenficaAFP
Depois dos rumores, a oficialização. Após uma temporada na Juventus, Ángel Di María foi anunciado como reforço do Benfica, regressando a uma casa que bem conhece e que lhe abriu as portas do futebol europeu.

Em 2007, então desconhecido em Portugal, Ángel Di María assinou pelo Benfica orientado por Fernando Santos. A dar os primeiros passos na equipa principal do Rosario Central, El Fideo (o esparguete pela esguia estampa física) surgia como um extremo veloz e virado para a baliza, à procura de provocar o caos com o pé esquerdo pelo corredor direito.

16 anos depois, o cenário volta a repetir-se. Desta feita, Ángel Di María chega à Luz um consagrado. Com 35 anos passou pelos melhores clubes do mundo (Real Madrid, Manchester United e PSG), venceu a Liga dos Campeões e venceu o Mundial-2022 com a Argentina (sendo que marcou na final).

E além do maior estatuto, Di María chega também um jogador diferente. A idade já não lhe permite ser o extremo veloz de outrora e agora surge como um criativo, ainda a aproveitar a qualidade técnica do pé esquerdo num papel de organizador e é exatamente aí que pode servir a Roger Schmidt.

Criativo

Antes de mais é preciso olhar para a fórmula vencedora do técnico alemão. Na ficha de jogo, o Benfica espraiava-se num 4x2x3x1, mas em campo as peças apresentavam nuances diferentes. A largura da equipa era entregue aos laterais e os extremos do papel passavam para um médio híbrido no campo, derivando para zonas interiores onde criavam superioridade. Nas costas do avançado não aparecia um médio-ofensivo como um número 10 típico, mas sim um elemento capaz de combinar com Gonçalo Ramos e funcionar na prática como um segundo avançado, o caso de Rafa Silva.

Grimaldo (3) e Bah (6), os laterais dão largura. Rafa (27) no espaço de Gonçalo Ramos (88)
Grimaldo (3) e Bah (6), os laterais dão largura. Rafa (27) no espaço de Gonçalo Ramos (88)Opta by Stats Perform

É nessas três posições que Ángel Di Mária pode ser útil a Roger Schmidt, uma vez que tem demonstrado uma maior tendência a jogar no meio, quer partindo de uma ala, quer partilhando a frente de ataque. A Juventus de Massimiliano Allegri atuou quase sempre com três centrais e com dois laterais a dar largura. Sem extremos puros na maior parte das vezes, o internacional argentino assumiu uma posição central, acompanhado o avançado no meio do terreno, funcionando como um apoio para lançar as corridas de Vlahovic.

Os terrenos por onde Di María se movimentou
Os terrenos por onde Di María se movimentouOpta by Stats Perform

Neste jogo contra o Maccabi Haifa distingue-se nesse papel de organizador, fabricando assistências para os três golos da Juventus. Sendo que num descobriu Rabiot na área e noutra isolou Vlahovic num contra-ataque rápido.

O golo de Vlahovic
O golo de VlahovicOpta by Stats Perform

Goleador

O jogar mais próximo da frente permitiu também a Ángel Di María reencontrar-se com os golos. Com oito tentos em 40 jogos, o internacional argentino teve a época mais produtiva no que a golos diz respeito desde 2019/20, quando marcou 13 pelo PSG.

O jogo mais memorável é mesmo diante do Nantes, no play-off da Liga Europa, onde marca um hat-trick e garante o triunfo do conjunto de Turim. E fê-lo a dividir a frente do ataque com Moise Kean.

O posicionamento de Di María contra o Nantes
O posicionamento de Di María contra o NantesOpta by Stats Perform

Sem a velocidade de outrora, Di María regressa um jogador amadurecido no topo do futebol europeu, com outro entendimento do jogo e pronto para fazer estragos num campeonato que bem conhece e onde já brilhou.

Os números de Di María
Os números de Di MaríaOpta by Stats Perform, Juventus