Recorde as principais incidências
Além dos atributos técnicos e táticos, a questão mental é importante no futebol, nos jogadores e nas equipas. Ainda que os treinadores digam que o passado não conta, na cabeça está sempre aquele passe falhado ou aquele remate ao poste capazes de mudarem o destino de uma equipa ou de um só jogador.

Tal como a técnica e a tática, é possível trabalhar a mente, mesmo depois de anos complicados ou jogos com o mesmo desfecho. Trincão e Eduardo Quaresma fizeram esse trabalho de forma individual, mas contaram com um coletivo que se superiorizou bastante ao SC Braga, apesar das dúvidas que os últimos confrontos entre as duas equipas pudessem colocar sobre o conjunto de Rúben Amorim.
O Sporting fez prevalecer o ditado "à terceira é de vez" com uma exibição personalizada em Alvalade, com períodos diferentes de futebol que fizeram com que o SC Braga terminasse a primeira parte sem realizar qualquer remate à baliza.
A perda, ainda que à condição, da liderança, também podia pesar na equipa leonina, enquanto o conjunto de Artur Jorge, apesar de ter somado triunfos pouco convincentes, vinha numa sequência de vitórias, com a conquista da Taça da Liga, onde eliminou este Sporting, a servir como atestado de qualidade. Só que o desperdício leonino nesse jogo em Leiria não esteve presente em Alvalade, onde, diga-se, houve um belo espetáculo numas bancadas pouco habituadas a jogos às 18:00.
A equipa de Rúben Amorim entrou em modo letal e disposta a aproveitar qualquer brecha que fosse para ganhar vantagem no marcador. O SC Braga, por outro lado, entrou desconcentrado e ofereceu o golo inaugural a Francisco Trincão.
No sítio certo, o ex-SC Braga, cuja confiança renovada tinha sido distinguida neste artigo, aproveitou a oferenda de Victor Gómez para fazer o 1-0 com um remate sem hipóteses para Matheus. Noutro dia, o esquerdino teria atirado por cima ou tentado um drible inconsequente, mas o trabalho mental ajuda a tomar as melhores decisões.
O momento de explosão em Alvalade era justificado, não só pelo golo, mas pelo domínio da partida, com Geny Catamo a ameaçar o 2-0 com um remate de fora da área.
Mas voltemos às questões mentais. Lembra-se de Eduardo Quaresma, que cometeu erros em Tondela, não jogou na Alemanha e praticamente não contava até ao jogo com o FC Porto? Caso não tenha visto futebol nos últimos meses, ficará surpreendido com o lance do segundo golo.
O defesa-central continua a aproveitar da melhor forma a ausência de Diomande e os constantes problemas físicos de St.Juste e até fez lembrar o neerlandês pela forma como galgou terreno pela direita, driblou adversários e aproveitou uma sobra para fazer o 2-0.
Um grande momento e uma vantagem de dois golos construída em apenas 18 minutos, incontestável tal a forma como o Sporting jogou e o SC Braga viu jogar nesse período. Com a vantagem, os leões baixaram o ritmo e tentaram atrair a pressão para ver se o SC Braga dava a profundidade a Gyökeres, mas Artur Jorge manteve a ideia da equipa, apesar de ver os arsenalistas sem qualquer remate na direção da baliza de Adán.

E quando parecia que tudo ia mudar...
A aproximação do intervalo fez com que Artur Jorge aceitasse o resultado para fazer retoques ao intervalo e, de facto, as melhoriar na segunda parte foram claras. Não o suficiente para criar muitos calafrios a Adán na fase inicial, mas o suficiente para fazer acreditar os jogadores do SC Braga.
Sem o mesmo ritmo que tinha conseguido imprimir na primeira parte, o domínio do Sporting foi caíndo e pela primeira vez a equipa minhota começou a repartir as despesas do jogo. Álvaro Djaló deu o primeiro sinal com um remate para defesa de Adán e podia ter reduzido pouco depois, ao atirar a melhor oportunidade do SC Braga ao lado da baliza leonina. O jogo ia mudar caso aquela bola entrasse, mas não entrou...
Se no jogo em Leiria foram os jogadores do Sporting que voltaram para casa a pensar nas oportunidades falhadas, desta vez o cenário foi exatamente o oposto.
Álvaro Djaló ainda tinha as mãos na cabeça quando Trincão, o renovado, criou a jogada da tranquilidade. Gyökeres, claro, estava no sítio certo para fazer o 3-0 e, assim que colocou as mãos no rosto, num festejo mais do que celebrizado, os adeptos leoninos respiraram de alívio.
Ainda houve espaço para celebrar novamente, com dois golos de pé esquerdo, um de Daniel Bragança e outro de Nuno Santos, de trivela. Afinal, não há fome que não dê em fartura.
Melhor jogador em campo Flashscore: Eduardo Quaresma (Sporting)
