"O que tenho a dizer é o que todos sentem. Foi um momento muito desagradável, muito mau mesmo. Ver sócios contra sócios. Tenho que lamentar tudo o que aconteceu e já tomámos todas as providências para que não se volte a repetir na próxima Assembleia Geral. Estão a decorrer dois inquéritos, um nosso e outro do Ministério Público, para se apurar os mais responsáveis por aquilo que se passou", disse o líder portista, em declarações à SIC.

"Houve incitamento para que as pessoas viessem em grupos, se colocassem nos cantos e filmassem tudo o que pudessem. Não percebi a intenção. Cá em baixo (no Dragão) o problema era haver gente a mais. Tínhamos uma alternativa aqui, plano C (pavilhão) só apareceu na altura. Houve uma afluência anormal e tivemos que ir para o pavilhão, que era última hipótese", prosseguiu.
"Foi uma noite má. Em termos de AG já vi muita coisa, ainda sem ser dirigente. Desde os 16 anos que não perco uma. Estar a dizer se foi ou não a pior… Agora ver sócios contra sócios e ver sócios que, num problema interno, o transmitiram através das TV's fazendo daquilo uma vitória. O FC Porto perdeu. Foi noite má para todos os sócios. Se em nossa casa temos noite má, devemos criticá-la, não é torná-la pública para que inimigos façam daquilo bandeira nacional", rematou.
Data das eleições
A propósito da data das eleições, Pinto da Costa assegura que para ele era indiferente ser em março, abril ou maio.
"Houve três pontos de que discordei. Um era a marcação das eleições. Estava em abril nos atuais estatutos, acrescentou a Comissão que podiam ser até junho. Não que eram em junho. Votei contra e garanti, porque tinha a garantia do Presidente da Mesa da AG, de que as eleições próximas, comigo a presidente, seriam em abril. Nem que a AG aprovasse até junho. Para mim ser em abril, maio ou março era igual. Entendi, para que não houvesse quem pensasse que havia alguma intenção por trás, e tive o cuidado de dizer ao PMAG que ia votar contra e se ele tomava o compromisso de marcar para abril. E ele marcou", rematou.

Relação com Fernando Madureira
Questionado sobre a influência de Fernando Madureira no ato eleitoral, o presidente do FC Porto garante que não está preocupado com a presença do líder da claque Super Dragões.
"Não me preocupa nada, porque sou amigo de quem sou, sei com quem conto. Não tenho amizade especial com Fernando Madureira, não é meu parceiro de todos os dias. Tenho boa relação, admiro-o, porque se formou, fez o seu curso…", defendeu Pinto da Costa.
"O relacionamento entre a minha direção e qualquer direção com uma claque é o normal. Em primeiro lugar, nos jogos fora do FC Porto, se não fosse a claque, estávamos sempre a jogar sozinhos. Contra o resto", sustentou.

A possível candidatura de André Villas-Boas
O antigo treinador do FC Porto, André Villas-Boas, tem sido apresentado como o mais forte candidato e oponente de Pinto da Costa nas próximas eleições dos dragões. Ainda sem confirmção oficial por parte do próprio, o atual líder dos azuis e brancos mostra-se "surpreendido".
"Depois da sua passagem aqui, se falei com ele umas 3 vezes… Uma a entregar Dragão de Ouro. Ele já me ofereceu um relógio, que até é bonito… A última vez que o vi foi numa altura má, no funeral do Fernando Gomes. Daí para cá nunca mais o vi", disse.
"Não reajo às desclarações dele. Ele é que sabe. Surpreende-me mas não comento. Presumo que o intuito seja candidatar-se à presidência do FC Porto, tem todo o direito. Presumo que tenha quotas em dias. Mas não quero comentar. Fico admirado, agora mágoa é quando nos morre alguém querido. Fico surpreendido, mas não comento. Tem direito como qualquer sócio com quotas em dia", sustentou.

Naming do Estádio do Dragão
Pinto da Costa admite a possibilidade de ceder o naming do estádio do Dragão a troco de uma verba a rondar os 5/6 milhões de euros: "Quando há 20 anos quiseram por meu nome no estádio, opus-me, disse que iria complicar negócio do naming no Estádio. Qualquer empresa aceita Dragão e nome de empresa e ninguém ia aceitar Jorge Nuno Pinto da Costa Super Bock. Estamos a partir da base de 5/6 milhões, é isso que estamos a negociar. Algo para médio prazo".
Capitais próprios negativos
As contas da SAD portista também mereceram palavras do líder portista, que justificou a presença de capitais próprios negativos com a inflação do mercado dos jogadores.
"Chega-se aí porque os encargos subiram muito desde 2015. Os jogadores hoje em dia ganham muito mais, é uma diferença abismal. Cada vez há mais concorrência, agora com o mundo árabe. Não é para nós uma preocupação. Em dezembro os capitais próprios vão estar, se não positivos muito perto disso", defendeu.
"Não posso dizer agora o número exato, se não amanhã… O que lhe digo é que capitais próprios e contas negativas foram calculadas para que em dezembro contas e capitais próprios possam estar positivos ou perto disso", sublinhou.

"O que me importa é que o Sérgio Conceição desde que veio tem 10 títulos no museu. Os sócios que vão ao museu vão ver as taças, não os capitais que são negativos. Isso é uma arma de arremesso. Estivemos em fair play financeiro e já não estamos. Pudemos apresentar este prejuízo em acordo com a UEFA, eles sabem quais são os nossos planos ate ao fim do ano. No final do ano é que temos de apresentar as contas à UEFA. A nossa aposta é desportiva", completou.
Prémios da administração: "É um falso problema, porque a administração recebeu um prémio segundo estabeleceu a comissão de vencimentos, que pôs três condições: O FC Porto ir à Champions, ser campeão e ter resultados positivos. O ano passado o FC Porto teve 20 milhões de lucros. Para o ano não vamos ter nem um euro. Não fomos nós que fomos impor isso à Comissão de Vencimentos, que é totalmente independente".
Resistência à entrada de investidores
Ao longo da longa entrevista à SIC, Pinto da Costa também deixou a garantia de que o clube não irá perder a maioria da SAD, pelo menos durante o seu reinado.
"Quando assumi presidência do FC Porto, o FC Porto tinha 40% da SAD. Hoje temos perto de 75%, portanto há uma coisa que já garanti: o FC Porto nunca perderá maioria da SAD. Houve tentativas de compra, várias, mas resistimos e não cedemos porque entendemos que o clube é dos sócios, não é dos bancos ou investidores", explicou.
"O clube é dos sócios, SAD tem de ser maioritariamente do FC Porto", rematou.

Renovações de Sérgio Conceição e Mehdi Taremi
A continuidade de Sérgio Conceição no comando técnico do FC Porto é um tema recorrente no universo azul e branco. Mas para Pinto da Costa o assunto é claro como a água.
"O senhor acha que alguém que trabalhe num clube como FC Porto, seja treinador, o advogado, alguém vai renovar sem saber quem vai ter a dirigi-lo? Eu não assinava. Eu já lhe disse que não apresento a minha candidatura, se vier a apresentar, antes dos três pressupostos que já falei. Não vou fazê-lo. Só pergunto se alguém que tenha contrato que acaba para lá do meu mandato, vai assinar? Eu não assinava, ele não sei. O doutor Nuno Lobo, único candidato, devia contactar o Sérgio Conceição e perguntar se já está disponível a renovar se forem presidentes. Porque não perguntam?", ripostou.

O dirigente portista revelou ainda que Taremi tem propostas para "ganhar 10 milhões por ano" e que nenhum clube se aproximou da cláusula de rescisão do iraniano.
"Temos de ser realistas. Taremi tem propostas que ainda não aceitou para ir ganhar 10 milhões por ano. Sim senhor, dêem-me cá 10 milhões para Taremi e mais 10 milhões para o fisco e eu renovo com o Taremi. Sim, o Milan com propostas ridículas que nem deu para conversar. Não houve nenhum valor de perto da cláusula de rescisão", atirou.