Palavras sobre o futuro: "O meu futuro é muito claro. O que disse é que quem me quiser levar, vai ter de pagar. Agora, temos de ver que, desde que estamos aqui, o primeiro ano foi bom, porque fomos campeões, e o segundo foi escasso, porque ganhámos dois títulos e ficámos em segundo. Se, ficando fora dos três primeiros, eu levasse a situação como algo banal, perdíamos a coerência. No futebol, há uma ideia e, depois, há resultados. Temos de reagir perante os resultados. A minha ideia não mudou. O que eu disse, simplesmente, é que o Sporting está a caminhar para uma época em que não atinge sequer os objetivos mímimos e isso tem de ser debatido no final da temporada. Não mudou nada, está tudo igual, mas temos de ver que os objetivos podem não ser atingidos, porque não vamos ganhar nenhum título. Foi nesse aspeto que falei, mantendo a coerência no discurso. Uma equipa grande como a nossa não pode chegar ao final do campeonato sem estar nos três primeiros e nós passarmos por isso como se nada fosse. É preciso ter noção, e eu tenho-a, do que é o relacionamento com os adeptos nos clubes grandes, do que vai ser a próxima época, da margem que vamos ter... Tudo isso tem de ser debatido, sem dramas. Obviamente que a culpa é minha, porque no final do jogo deixei aquelas palavras, mas o que quis dizer é que no final da época temos de fazer um balanço. Temos de nos sentar todos e perceber o que falhou. Isso não muda nada na vontade do treinador em ficar nem significa que mudou de ideias e quer sair. Significa simplesmente que no final da época, de acordo com os objetivos que não foram alcançados, ou que foram - mas está muito difícil -, faremos o balanço e teremos de conversar dentro do clube, até para passarmos a mensagem aos adeptos de que não estamos aqui por andar. Todos nós vamos ter de assumir as nossas responsabilidades e eu sou a cara do projeto desportivo. Não posso fugir a isso, não me sentiria bem ao fazê-lo e até me sentiria envergonhado se não tivesse essa conversa com a direção e com o presidente. É apenas isso, sem dramas, como acontece em qualquer empresa que não atinge os resultados pretendidos".
Ambiente no balneário: "Em relação ao balneário, está bem. Obviamente está muito desiludido, mas, quanto a mim, temos jogado muito bem e, nesse aspeto, é o que temos de fazer. Estejamos em quarto ou em primeiro lugar, há um trabalho a fazer, uma forma de jogar. Nós vamos jogar dessa forma e de certeza que vamos jogar bem. Em relação ao resultado, já houve dias e fases em que tínhamos a certeza que íamos marcar um golo ou que não íamos sofrer. Nesse aspeto, estamos com mais dificuldade, mas em termos exibicionais, se virmos os últimos jogos, jogámos sempre bem, criámos oportunidades, mas temos de melhorar a eficácia. O grupo sabe disso, tem um trabalho a fazer e vai fazê-lo muito bem".
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Gestão do plantel: "A perspetiva que tinha era que, se passássemos a eliminatória, teríamos em conta a gestão dos jogadores olhando mais para a Liga Europa. Neste momento, queremos ganhar todos os jogos e a melhor equipa vai jogar. A classificação não está fechada, é preciso ter atenção em relação a isso. Vamos ter de dar máximo, acelerar a fundo e ver o que pode acontecer no fim. Não tendo Liga Europa, a melhor equipa vai jogar nos próximos jogos, com o foco no campeonato como até aqui".
Falta de avançado num momento em que se discute aumento salarial do presidente da SAD: "Enaltecer que as coisas estejam a ser feitas abertamente, porque toda a gente tem conhecimento. Agora, estarmos a comparar a contratação de um avançado com o aumento do salário do presidente... Os valores não têm nada a ver. É uma decisão dos sportinguistas, do presidente, são assuntos completamente separados. Sobre o avançado, sei que deu muita confusão, mas mantenho o que disse. Obviamente que a ausência de mais um avançado pode ser um dos fatores para a falta de eficácia, mas não quer dizer que isso seja a principal razão do falhanço dos nossos objetivos. Nesse aspeto, mantenho".
Sairá do clube se não tiver as condições que pretende? "Já falei sobre isso. A única coisa que posso dizer é que, mesmo com renovação, sabemos como é o futebol. Eu sou responsável pela parte desportiva, nós falhámos até ao momento e estamos a falhar redondamente. Portanto, nós, enquanto clube, temos de falar. Eu tenho de falar com as pessoas, apresentar as minhas explicações e assumir a minha responsabilidade. E, no fim, vamos ver o que é melhor para o clube. Mais nada do que isso. Não estou a dizer que vou sair ou não. Até pode ser o clube a chegar a determinado momento e achar que para o ano não vai ter tanta margem comigo e queira mudar, não sei... A única coisa que quis foi assumir as minhas responsabilidades e dizer que não atingimos os objetivos mínimos. Portanto, temos de conversar todos e faremos essa avaliação no fim da época, independentemente da vontade do treinador, da direção e, principalmente, da renovação feita há uns tempos. Não há instabilidade nenhuma no Sporting. O que acontece é que o Sporting falhou os objetivos desportivos. Em relação aos restantes, como valorização de jogadores ou vertente financeira, estamos bem".
Gestão de Fatawu: "Se estivesse na mesma situação, faria da mesma maneira. Ele começou a crescer na equipa B e, depois na Youth League. Eu utilizei-o naquele jogo porque o meu pensamento não foi poupá-lo porque não ia utilizá-lo mais. Depois, tem a ver com a forma como ele treina, se adapta à ideia, dos jogos, da forma como tem de pensar o jogo... Ele apresentou aquela capacidade com o Ajax, mas já sentiu mais dificuldades no nosso treino. Portanto, eu faria a mesma coisa. Se eu tivesse uma bola de cristal e soubesse que ele ia ter essas dificuldades e não teria minutos, obviamente que não o faria para não prejudicar o Çelikkaya, que estou sempre a prejudicar, seja na equipa B ou na Youth League. Naquele momento, o que pensei foi que ele estava a responder muito bem ali e que estava a mais, e tentei transportá-lo mais cedo. Mas se durante os treinos percebemos que ainda não dá, porque o Marcus (Edwards) está bem, há o Trincão, temos o Arthur... Nós damos espaço, mas ele ainda tem dificuldades a ultrapassar os outros e tem de haver mérito. Se soubesse isso, geria de outra forma, mas na altura foi o que me pareceu. Sendo muito claro, o que eu não quero é estragar aquilo que fizemos no Sporting. E às vezes temos de ter noção do que aconteceu e do que vai acontecer. Perceber o fenómeno desportivo, o que acontece após estas épocas... A minha vontade não mudou, assinei a renovação, está tudo escrito e sempre fui muito claro no que disse. Agora, não vou estragar o que fizemos aqui. Vocês sabem e eu sei o que acontece depois de uma época má e temos de falar sobre isso. Fizemos um grande trabalho, mas este ano falhámos redondamente no plano desportivo e no planeamente, e por isso quero salvaguardar essa situação. Não mudando a vontade, o que não quero é estragar todo o trabalho feito até aqui".
Jogo contra o Vitória de Guimarães: "Em relação ao jogo de Guimarães, ainda bem que falam sobre isso... É uma equipa que precisa de pontos, o Moreno está a fazer um grande trabalho neste momento, porque está a remodelar o Vitória de Guimarães e a alcançar resultados com miúdos da formação. É um jogo muito perigoso, toda a gente sabe o que é jogar lá. Gostava muito de estar no banco - e foi uma falha minha. Em relação à expulsão, só vejo o facto de ter saído muito da minha área técnica. Acho um exagero, porque se os treinadores forem expulsos por aquelas palavras somos todos expulsos. Mas não vou falar sobre isso, foi uma falha minha, eu tenho de ser melhor nisso e pensar no bem-estar dos jogadores. Nesta fase, eu teria de estar no banco, mas temos o jogo bem preparado, os jogadores sabem o que fazer e vão estar fortes".

Motivação da equipa: "Nesta fase não tem muito a ver com o acreditar, tem a ver com o viver o dia-a-dia e focar naquilo que temos de fazer. Não vale a pena estarmos a olhar para os resultados, porque a verdade é que os rivais não perdem pontos, todas as semanas estão a ganhar e nós não estamos a conseguir fazer o mesmo. A motivação que temos de ter é que o futebol não acaba aqui. Há uma próxima época, todos se querem valorizar e, nesse aspeto, os jogadores tiveram uma valorização muito boa este ano. A motivação é de ganhar o lugar, jogar bem. Temos sido muito competentes nas exibições, não temos tido eficácia e não temos sido competentes nos resultados. É nisso que temos de melhorar, o foco é esse: marcar e não sofrer golos. A motivação não tem de vir com as derrotas dos outros ou com a classificação, tem de vir com o dia-a-dia, o jogo e a vontade de ganhar".
É um "tudo ou nada" para o Sporting? "O "tudo ou nada" para nós já foi com o Chaves em casa, quando já tínhamos cinco pontos de atraso. A verdade é que há dois anos que lutávamos para ser campeões até à última jornada e num deles fomos mesmo campeões. Quando entrámos em campo com o Chaves, em casa, e sofremos um golo, já estávamos a jogar o "tudo ou nada". Portanto, já andamos assim há muito tempo e esse é um dos grandes problemas, porque não conseguimos dar a volta em momentos-chave. Acho que isso não vai entrar na cabeça dos jogadores. Eles querem ganhar todos os jogos, temos feito por isso, mas sido pouco eficazes. O "tudo ou nada" já começou há quinta jornada".
Vitória de Guimarães e Sporting defrontam-se esta segunda-feira, pelas 20:15, em jogo da 29.ª jornada da Liga portuguesa.