VERDE: Alan Varela cospe fogo
Os números são, não raras vezes, o maior inimigo de qualquer jogador. Quantas vezes avaliamos o rendimento de um profissional de futebol apenas pelos golos que marca ou pelas assistências? Muitas. Demasiadas, em alguns casos. Pois bem, é nesta fase que entram algumas injustiças.
Alan Varela foi um dos reforços mais sonantes do FC Porto no último mercado de transferências, marcado também pela perda superlativa de um nome muito acarinhado pelos portistas: Otávio. Não se comparam. Ou não devem ser sequer comparados. Mas há algo inegável nos dois jogadores: qualidade.
Não demorou muito até percebermos que o jovem argentino era um jogador fiável, regular e ele não precisou de muito para conquistar um espaço nas contas do exigente treinador Sérgio Conceição (é tão fácil apontar vários nomes que passaram por um processo de adaptação e entrada no onze portista bem mais longo). Mas faltavam os tais números para abrir os olhos dos mais exigentes.
O encontro frente ao Moreirense (5-0) pode, então, ser visto como um ponto de viragem na carreira do jovem médio argentino, em que se libertou de tamanho fardo e marcou o primeiro golo e fez a primeira assistência (ou melhor, foram duas) de dragão ao peito.
"Senti muita felicidade por marcar no Dragão. Tinha andado à procura disto. Não se estava a proporcionar, mas estava tranquilo, porque sabia que, a qualquer momento, o golo ia aparecer", reconheceu no final do encontro, em declarações ao Porto Canal.
AMARELO: O Arouca de Daniel Sousa
Praticamente dois meses depois de ter sido apresentado em Arouca, não parecem existir muitas dúvidas em torno da ideia de que há um Arouca pré e pós-Daniel Sousa. O antigo adjunto de André Villas-Boas apanhou uma equipa "europeia" mergulhada no último lugar da tabela classificativa, que não conseguia traduzir em resultados toda a sua qualidade e potencial.
No futebol não há varinhas mágicas que solucionem os problemas, mas a verdade é que muito mudou. O Arouca recuperou, passo a passo, a alegria de vencer e, mesmo depois de atravessar um período complicado de três derrotas consecutivas, conseguiu voltar a sorrir, ao dar a volta ao Estoril na Amoreira (1-2), no primeiro encontro da segunda volta do campeonato.
Os resultados são aqueles que validam o trabalho de um treinador ao final do dia, no entanto, por vezes, é curto basear uma análise apenas em números. É justo dizer que o Arouca de Daniel Sousa tem individualidades de enormíssima qualidade (Sylla, David Simão, Cristo, Mujica, entre outros), mas vale muito pelo seu coletivo. E o treinador tem mérito ao conseguir acertar o tom de toda a orquestra.
Foi também por isso que saltou do último para o 10.º lugar.
VERMELHO: Vizela já vê o fundo
O Vizela surpreendeu no arranque da temporada quando anunciou Pablo Villar para assumir o comando técnico da equipa em 2023/24.
Cinco vitórias, cinco empates e oito derrotas depois, o treinador espanhol abriu a porta de saída, saiu e deu lugar a outro nome pouco (ou nada) conhecido no futebol português: Rubén de la Barrera.
Al Ahli (Catar), Deportivo e Albacete (Espanha) eram nomes que saltavam à vista no currículo do espanhol, mas pouco mais do que isso. Um mês depois, o Vizela ainda não venceu na Liga com De la Barera.
Os dois últimos jogos em casa resultaram em duas derrotas, com nove golos sofridos e três marcados, e o Vizela aproxima-se cada vez mais do fundo.
"Não estou de acordo com os assobios no último jogo (derrota por 1-4 com o Boavista), continuo a dizer que fizemos muitas coisas bem, sofremos muitos golos e o Boavista aproveitou. Hoje tínhamos pela frente uma equipa muito forte, a leitura que faço é que quando tivemos a oportunidade de estar e complicar as coisas, sofremos dois golos de bola parada e outros dois de perdas de bola", defendeu o treinador espanhol no final do último encontro.
