“Já ficaria feliz com a vitória, que é o mais importante. Queremos associar algumas coisas que não temos feito e queremos fazer. Isso na o é porque vamos receber o Chaves, mas faz parte do trabalho diário, em querer evoluir, melhorar. Só assim a equipa fica mais forte em todos os momentos do jogo. Eu fico sempre desconfiado com as equipas em dificuldades, lembro-me do Farense e do Estoril, que também estavam em dificuldades. O Chaves está muito bem apetrechado, com jogadores que praticamente foram à Europa em épocas anteriores. Não acredito em maus momentos, cada jogo tem a sua história, vamos ter um jogo difícil. Queremos acabar o ano com uma vitória, faz parte da nossa caminhada para o nosso objetivo que é o campeonato”, atirou, reiterando a importância dos três pontos: “É óbvia. Estamos atrás e temos de ir retificar os pontos perdidos”.
Questionado sobre a motivação extra dos adversários do FC Porto no Dragão, Sérgio Conceição reconheceu essa situação.
“Não podemos perceber ou adivinhar, porque faz parte do trabalho semanal. Sei que naturalmente os jogadores ficam sempre, não devia ser assim, perante um estádio com 50 mil, uma equipa que luta por objetivos diferentes e estão super motivados. E com isso vem esse foco, concentração, o brilho no olhar que queremos que os atletas tenham sempre. As coisas tornam-se mais difíceis. Na Taça da Liga mesmo contra 10 tivemos algumas dificuldades em fazer golos. As equipas organizam-se bem defensivamente, estão super motivadas e por isso tudo temos de estar atentos. Não é só fazer golos, mas também a jogadores de qualidade na frente”, asseverou.

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Ajustes no mercado
A receção ao Chaves será o último jogo antes da reabertura do mercado de transferências. Questionado sobre a possibilidade de entradas e saídas, o treinador do FC Porto deixou uma mensagem.
“Vamos entrar num período onde acho que está aberto por demasiado tempo. Esses ajustes ou desajustes vão ser uma conversa que eu tenho com o presidente para definir o que é melhor para o FC Porto. O meu sentimento é de que quando se mexe é pior. O mercado de janeiro devia servir para reajustes a lesões do género do Marcano, mas entrarem três ou quatro, ou saírem três ou quatro não me parece que seja o melhor. Ou são jogadores de qualidade inequívoca, sem dúvidas do potencial, porque o tempo de adaptação coincide com as férias. Há uns que conseguem de forma mais rápida e perceberem que estão numa realidade diferente. Não temos arcaboiço para ir buscar grandes estrelas e muitas vezes é melhor confiar no grupo de trabalho e fazer um outro ajuste”, atirou.
E uma das questões a colmatar pode ser a ausência de Taremi, que vai disputar a Taça da Ásia com o Irão.
“Eu quando falei do Taremi que não é só o golo que faz ou deixa de fazer. É por tudo o que el dá à equipa. É extremamente inteligente na ocupação do espaço, cria situações para a equipa, que para o adepto não é tão visível, porque não é que conclui ou faz a assistência. Eu dou uma vista de olhos à estatísticas, mas não venho dizer que em 2023 temos mais pontos e somos a equipa no mundo com mais vitórias em casa. As estatísticas são o que são, estamos atrás do Sporting, saímos da Taça da Liga. Nem tudo foi bom, mas há coisa positiva que temos de olhar para elas. Em relação ao Tremi é importante na equipa, olho para duas ausências que vão existir. Ele e o Zaidu e cabe-me a mim encontrar soluções, essas variantes. Poderão ver algo diferente contra o Chaves já, faz parte do nosso trabalho”, explicou.
E ainda sobre o mercado, uma mensagem para Gabriel Veron, cedido por empréstimo ao Cruzeiro.
“É um jogador de qualidade e por isso é que o FC Porto contratou. Nos 26 encontros que tem não fez um jogo completo, porque esteve sistematicamente lesionado. Temos departamento médico, preparadores físicos, fisiologistas que preparam bem a recuperação, mas nos controlamos durante duas, três horas, depois há o treino invisível. A concentração é às 9:15, eu tenho jogadores às 7:50 a jogar aqui. É muito importante, o futebol está mais intenso, há mais jogos por épocas e o jogador tem de perceber que depende do corpo. O Veron teve a infelicidade de se magoar muitas vezes. Tudo o que podemos fazer para ajudar a ter sucesso fizemos, agora cabe a ele com este novo passo na carreira preparar-se bem para justificar o investimento que o FC Porto fez nele”, disse.

Balanço de 2023
Com o ano civil de 2023 a terminar, Sérgio Conceição fez também um balanço, após uma época em que viu o Benfica conquistar o título nacional.
“Frustrações são os jogos que perdemos e que fizeram com que a equipa não conquistasse título. Perdemos o campeonato por dois pontos e olhamos para o Gil Vicente em casa e fica uma amargura grande. Faz parte de todas as equipas, as ambições são sempre as máximas em todas as provas que entramos. A ambição de ganhar todos os jogos e trabalho para isso está lá, se vamos conseguir ou não faz parte do futebol e da vida”, atirou.
E sobre o facto de ser o principal candidato ao título, Sérgio Conceição assumiu as dificuldades no início da época.
“Dia após dia é o recomeçar constante após uma lesão, uma saída ou outra. Não estou a lamentar a perda dos jogadores mas é uma realidade, Otávio, Uribe, Pepe e Marcano são jogadores experientes, tinham um peso grande. Vamos ajustando, dando à equipa coisas diferentes, o problema é que se começa uma época e mesmo se não ganhamos os particulares existe exigência. Não temos superstars, temos jogadores de trabalho, que se dedicam à causa, ambiciosos, que entroncam nos pilares do presidente. Tentamos com muito trabalho e lutar pelos objetivos todos os anos e acredito que este ano vai ser o mesmo. Vamos ter o campeonato até ao fim, com quatro equipas a lutar por esse objetivo. Na Taça temos uma saída difícil ao Estoril. É uma luta diária”, atirou.
Reflexão sobre o campeonato
Numa época onde a luta pelo título parece cada vez mais equilibrada, num campeonato também marcado por vários deslizes dos chamados grandes, o treinador do FC Porto deixou uma reflexão.
“Nos anos passados tivemos equipas vencedoras que estavam com os mesmos jogadores durante muitos anos, a lutar por títulos europeus. Eu sou de um FC Porto em que a base era toda da formação. Atualmente, um jogador, com a lei Bosman, os bons, os menos bons, os mais ou menos vai tudo embora. Hoje é muito mais fácil um jogador do Rio Ave estar no FC Porto do que antigamente. É muito difícil guardar os melhores jogadores durante três ou quatro anos, se conseguíssemos estaríamos a ombrear com os tubarões. Hoje em dia, o miúdo chegar à primeira equipa é fácil. Eu andei três anos na segunda divisão e disseram-me que ia só fazer a pré-época. Há muito equilíbrio, mas se calhar os grandes estão diferentes do que eram há uns anos. Agora está muito nivelado, porque maior parte das nossas aquisições são do Santa Clara, Famalicão, o Taremi veio do Rio Ave. Eu partilhei isto com os jogadores, fica mais equilibrado para as equipas pequenas estarem ao mesmo nível. Se eu não conhecesse o campeonato trocava as camisolas dos clubes que não lutam pelo título e não havia grande diferença. Há qualidade, as equipas técnicas estão muito mais bem preparadas.”, desabafou.

Por último, a mensagem a Pinto da Costa que celebrou o aniversário esta quinta-feira.
“Desejo de muita saúde, com muitas felicidades, não só desportivas, como pessoais. É admirável uma pessoa com tantos títulos ganhos que pensa no próximo com se fosse o primeiro, diz muito da personalidade do presidente e tem sido um incrível trajeto de conquistas, sempre baseado nos quatro pilares – rigor, competência, ambição e paixão. Espero que tenha um dia muito feliz”, concluiu.