“Espero um jogo competitivo, perante uma equipa que vem de quatro vitórias consecutivas. Nós também estamos num bom momento a todos os níveis. Conseguimos levar o campeonato até à última jornada e amanhã (sábado) cabe-nos dentro de um jogo difícil, contra uma boa equipa, ganhar o mesmo. Espero que o Vitória faça um jogo dentro do que tem feito nos últimos jogos e espero que o FC Porto esteja à altura numa partida que vai ser difícil e vamos ter momentos em que vamos ter de estar concentrados com e sem bola para conseguirmos conquistar os três pontos”, começou por explicar Sérgio Conceição em relação à partida no Estádio do Dragão, apitada por Artur Soares Dias que considerou ser: “o melhor árbitro português”.
O jogo com o Vitória de Guimarães vai ser disputado ao mesmo tempo que o Benfica defronta o Santa Clara no Estádio da Luz. Com as águias em vantagem com mais dois pontos, o FC Porto precisa de um deslize para fazer a festa no final, mas Sérgio Conceição não está a pensar no que vai acontecer em Lisboao.
“Eu acho que a confiança não tem que ver com os adversários ou com qualquer tipo de situação que se possa pensar, mas com o nosso dia-a-dia. Não há ‘ses’, temos de fazer o nosso jogo, ganhá-lo e por volta das 20 horas saberemos quem é campeão. Focados, concentrados e fazer o nosso jogo. Ainda acredito e vai continuar a ser o meu discurso até amanhã”, atirou, recusando falar em merecer ou não.
O treinador dos dragões reiterou ainda a perseverança da equipa que levou a luta peleo título até à última jornada.
“Fomos perseverantes, resilientes na forma de estar. Faz parte do ADN desta equipa, não atirar a toalha ao chão em nenhum momento, mesmo quando fomos perdendo alguns pontos que não eram expectáveis. É uma característica dos nossos jogadores deste clube e da nossa região. Nem tudo fizemos bem, não é normal uma distância tão grande. Estamos habituados ano após ano a dar uma resposta fantástica. Temos de ser cada vez mais fortes a todos os níveis, mesmo quando existem adversidades, inerentes ao jogo e junta-se ali uma terceira equipa que nem sempre é feliz”, atirou, falando da forma como os jogadores que estão a lidar com a situação: “Esse é o verdadeiro trabalho, mais emocional, esse estado de espírito, não acontece. Somos profissionais de futebol, sabemos que a vida dos jogadores, treinadores e clubes é assim mesmo. Temos de olhar para o nosso passado recente e o futuro próximo e temos dois títulos ganhos: uma inédita taça da liga, a supertaça e lutamos por dois títulos, um depende de nós o outro não depende. Até ao último segundo do jogo vamos lutar contra o Vitória. Trabalhando contra uma equipa que se organiza bem defensivamente, temos de ver o que podemos provocar para desmontar essa capacidade, se o vão fazer mais alto, mais baixo e em que momentos podem ter fragilidades. Para mim é o que é importante e os jogadores tem de estar focados em desmontar adversários. Estou completamente tranquilo e confiante para dar uma resposta”.
Um empate do Benfica poderia se suficiente para o FC Porto se sagrar campeão, mas para isso era preciso uma goleada com uma diferença de 11 golos. Questionado sobre se isso ia fazer aparecer um FC Porto mais ofensivo, Sérgio Conceição recusou.
“Normalmente faço-o para ganhar o jogo. Trabalhamos para ganhar o jogo. Houve aqui um dos ´últimos jogos em que meti muita gente na frente porque precisava, gosto de ter equilíbrio, que a equipa faça golos, mas que não sofra. A consistência não tem a ver só com os momentos em que temos a bola. Ficar um 6-4 é porque alguma coisa não está bem. Dentro do perfeccionismo é entrar em contradição e eu não o faço”, asseverou.
Deixou ainda um agradecimento aos adeptos
“É o último jogo e a última conferência deste campeonato e queria começar por agradecer a todos os adeptos, porque vamos voltar a ter uma casa bem composta. Agradeço a todos não só em casa, mas nos jogos fora em que nos deram um apoio fantástico e transformaram todos os estádios num mini-Dragão. Eles são a mais-valia do clube.

Balanço
A uma jornada de encerrar o campeonato, Sérgio Conceição aproveitou para fazer um balanço. A dois pontos do Benfica, na liderança, o treinador apontou o início inconsistente para explicar esta posição.
“Existiram jogos durante a época que não foram tão positivos. No campeonato entre os grandes estamos à frente em termos de pontuação. Isso significa que não fizemos tao bem as coisas contra equipas teoricamente mais acessíveis. Existiram jogos em que tivemos bem posicionados para ganhar e no mínimo empatá-lo, tivemos. No ano passado tivemos 91 pontos e esta segunda volta está a ser ainda melhor que a do campeonato em que tivemos o recorde de pontos. No início foi mais difícil, mas faz parte do percurso e da evolução das próprias equipas. Umas vezes por culpa própria, outra por culpa de terceiros. Todos os jogos em que perdemos pontos ficam-me na cabeça e sentimos muito e tentamos trabalhar dentro desses mesmos erros para poder evoluir os jogadores e a equipa será sempre mais forte. Iniciámos de uma forma não muito consistente e eu neste momento sinto que estamos mais maduros, mais espertos dentro do próprio jogo. É fruto dessa evolução”, atirou.
Falou ainda da alma da equipa.
“Faz parte da minha forma de estar. A minha equipa é pressionante, eu sou pressionante, sou muito incisivo nas ideias que eu quero, a equipa também. É a imagem do treinador. Eu sou muito exigente comigo, é nos melhores momentos, no elogio que fico desconfiado. Sinto-me mais confortável quando me criticam, me chama nomes, me assobiam. Nos melhores momentos tende-se a relaxar. Quem gosta de ganhar passa a ser um vício, eu sinto-me normal a ganhar e acho que é anormal perder. É o estado de espírito”, concluiu.