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Sérgio Conceição: “Se tiver de falar com alguém, digo na cara, não mando recados”

Sérgio Conceição voltou a falar com os jornalistas
Sérgio Conceição voltou a falar com os jornalistasFC Porto
Quase um mês depois, o treinador do FC Porto voltou a fazer a antevisão dos jogos do campeonato. Em conversa com os jornalistas antes do jogo com o Portimonense, Sérgio Conceição respondeu à alegada saída que foi veiculada após a partida com o SC Braga e à reunião com Pinto da Costa no Olival.

Nós como treinadores temos reuniões diárias, ou pelo menos conversas, para irmos vendo os problemas que vão surgindo ao longo da época e falar com o líder máximo do clube. O que levantou isto tudo foi uma declaração minha no final do jogo com o Inter, em que eu dei informações factuais. Disse que tinham que dar valor à equipa e estava a falar da imprensa, pessoas, simpatizantes, porque éramos e somos detentores dos quatro títulos nacionais e ao longo destes anos temos convivido com a dificuldade que é – não só o FC Porto mas o futebol português – de segurar os melhores jogadores. Dizer que 30 por cento do meu plantel é da formação não é estar a desvalorizar.  Temos o Vitinha e o Fábio Vieira que foram vendidos, João Félix também. O Gonçalo Ramos e Diogo Costa serão vendidos no futuro. Do mercado nacional saíram jogadores interessantes com o Taremi, Eustaquio, Zaidu. Olho para o Sporting que tem um Pedro Gonçalves e um Nuno Santos que dão cartas. Acho que não disse nada de mal. O Sporting tem 33 por cento em formação, mercado nacional e internacional, nós estamos um bocadinho mais abaixo a nível internacional, o Benfica tem acima de 50 por cento, nesse patamar. É um facto, podem pegar nas afirmações para formar algum atrito entre o Sérgio Conceição e o Pinto da Costa”, atirou Sérgio Conceição, dando outro exemplo: “Quando o Lito Vidigal era treinador do Martim disse que ele não precisava de outras armas para levar um ponto do Dragão, pela organização defensiva que tinha e como era como treinador não tinha de queimar tempo.  Mas se fizesse isso, o árbitro podia, se quiser, dar 10 minutos de tempo extra. E nesse jogo com o Marítimo houve 10 minutos de compensação. Depois abriram-me um processo. Pegaram nas minhas palavras e disseram que tentou pressionar o árbitro. Eu sabia lá o que o árbitro ia fazer. Isto é a mesma coisa. Se tiver de falar com alguém eu digo na cara, não mando recados”.

A saída foi colocada em cima da mesa pela imprensa nacional e Sérgio Conceição negou essa hipótese.

Presumo que seja pelo tempo que estou aqui, o incómodo, que há muita gente que gostava de estar no meu lugar, pelo que temos ganho e o FC Porto tem ganho. Esta semana, jogo com o Portimonense é ver o que foi mais falado. Foi o jogo do ano passado, os cartões amarelos e o Paulo Sérgio teve de poupar e foi goleado por 7-0. Não se falou da capacidade e qualidade dos jogadores do FC Porto, do excelente trabalho do Paulo Sérgio no Portimonense num contexto nem sempre fácil. Não faço a mínima ideia porque vem cá para fora estas coisas. Não temos ganho tantas vezes como queríamos. Até agora conseguimos dois títulos importantes, mas o objetivo é o campeonato, estamos na luta e vamos dar luta”, atirou, falando da forma como tem afetado o plantel: “Os jogadores estão habituados, cada dia são notícias que vão sair, mas ainda não vi dizer que o Taremi está a quatro golos do ano passado”.

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Questionado sobre o futuro, Sérgio Conceição focou atenções no duelo da 26.ª jornada da Liga, com o Portimonense.

O meu cenário principal e único é o jogo de amanhã. Porque não sabemos o que vai acontecer, vamos sim e como disse no final do jogo com o SC Braga remar todos no mesmo sentido para no final fazer as contas, avaliar, planear, ter conversas construtivas mesmo que não sejam agradáveis. Eu tenho de dizer o que eu acho e penso que é o melhor para o FC Porto. Até lá há títulos a ganhar, jogos a fazer, coisas importantes para o FC Porto. Mal será quando eu achar que a maior parte das pessoas diz bem. Ou estou para ir embora ou estou fora do país. A crítica é normal. O FC Porto também tem os seus comentadores, não é por aí. Sendo um clube grande, o maior em Portugal é normal que se fale da forma como se fala. Mas acho que não é importante para o jogo de amanhã, em que temos de estar atentos a algumas situações da dinâmica do Portimonense. Isso é demonstrar humildade, respeito do pelo adversário que muitas vezes não têm por nós”.

E para essa partida, o FC Porto conta com várias baixas, o que não facilita a gestão de Sérgio Conceição que tem Grujic, Pepe, Wendell e Galeno em risco de ver amarelo e falhar o clássico com o Benfica.

Se eu disser os jogadores para jogarem com controlo emocional é melhor não meter jogar. Há momentos em que se mete o pé e não se pensa. Eu também fui jogador e sei como é. Não vou dizer que não joga amanhã e depois joga na sexta, até porque se quem entrar para o lugar dele estiver bem, também jogar na sexta. Se tiver que levar amarelo, leva amarelo. Agora temos de pensar que os nossos campeonatos são os com mais cartões. Não estou a alertar para nada, o jogo é assim mesmo. Já tenho alguns problemas a nível físico de alguns jogadores, se vou pensar nisso tenho de ir buscar metade da equipa B, também são profissionais do clube. É foco total no jogo para quem estiver disponível”, atirou, falando das lesões: “O Pepe está à bica, mas fisicamente não está bem. O Diogo Costa e o Evanilson e o João Mário estão fora, mas nunca me vão ouvir dizer que não ganhamos porque faltou este ou aquele”.

E nesse cenário de ausência de Pepe, levanta a questão sobre Fábio Cardoso e David Carmo, com a escolha a recair no ex-Santa Clara por uma questão de pé dominante.

Qualquer um deles me dá garantias, mas jogar com dois jogadores no corredor central esquerdinos fica mais difícil. Às vezes é por um pequeno detalhe a opção. O David Carmo é um jovem com mutio talento, que vai dar muito ao FC Porto e ao futebol português", atirou.

“Benfica está de parabéns”

Chamado a fazer um balanço da época, Sérgio Conceição foi questionado sobre a análise que faria se ganhasse todas as taças, mas não conseguisse o título de campeão.

Seria uma época razoável. O principal objetivo é o campeonato. Na Liga dos Campeões fomos melhores no que foi a exibição, não no resultado, contra o Inter e podíamos ter testado nos quartos de final. Estivemos lá duas vezes e perdemos contra os campeões da Europa, e não foi motivo de festa para nós.  Atenção que não é nenhuma indireta. O Benfica está de parabéns pelo que fez na Liga dos Campeões e no campeonato. Nós queremos chegar à reta final das taças e ganhar, conquistar campeonatos, trabalhamos para isso, umas vezes consegue-se, outras não”, concluiu.