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Olympique Lyon encostado à parede, recorre à Direção Nacional de Controlo de Gestão

Paulo Fonseca no treino de segunda-feira
Paulo Fonseca no treino de segunda-feiraOLIVIER CHASSIGNOLE/AFP
Despromovido administrativamente à Ligue 2 pelo organismo de supervisão financeira do futebol profissional francês, o Olympique Lyonnais contará com a nova direção, formada por Michele Kang e Michael Gerlinger, para salvar um posto na primeira divisão, esta quarta-feira.

Desde a decisão em primeira instância da Direção Nacional do Controlo de Gestão (DNCG), a 24 de junho, que causou estupefação em Lyon e não só, as coisas evoluíram no sexto classificado da Ligue 1 na época passada e qualificado para a próxima Liga Europa.

O empresário norte-americano John Textor, que nunca convenceu a DNCG com o seu sistema de timeshare pouco claro (Molenbeek, Botafogo...), demitiu-se do cargo de presidente, mantendo-se à frente da empresa-mãe, a Eagle Football Holding (EFH).

A sua decisão foi tomada sob pressão dos dirigentes, que não querem perder definitivamente as dezenas de milhões de euros injetados no clube, e também do fundo de investimento Ares, que emprestou 425 milhões de euros à EFH quando esta adquiriu o clube.

O bilionário americano Michele Kang, acionista do Eagle Football Group (OL) e presidente da equipa feminina (OL Lyonnes), substitui-o desde 30 de junho.

Esta quarta-feira, defende os interesses do clube do Ródano perante um comité de recurso, juntamente com o alemão Michael Gerlinger, um especialista respeitado no futebol europeu, após 18 anos como diretor operacional do Bayern de Munique, que foi nomeado diretor-geral do OL.

Segundo uma fonte próxima do assunto, o seu papel será mostrar claramente nas contas do Lyon os montantes provenientes da holding, a fim de demonstrar que o clube dispõe dos montantes reclamados pela DNCG.

Austeridade

Desde 15 de novembro, data em que a DNCG despromoveu o clube a título provisório - ou seja, enquanto se aguardava uma resposta do clube às queixas que tinha recebido -, foram anunciadas várias entradas de dinheiro e medidas de redução de custos: os acionistas contribuíram com 83 milhões de euros em dinheiro; os credores da Eagle concordaram com um adiamento da dívida no final de janeiro; e cerca de uma centena de funcionários saíram ao abrigo de um plano de despedimento voluntário.

Além disso, as opções de compra obrigatórias de 19,5 milhões de euros expiraram oficialmente para três jogadores emprestados: Saïd Benrahma, Amine Sarr e Johan Lepenant. E o PSG pagou a transferência de Bradley Barcola, no valor de 50 milhões de euros, que inicialmente deveria ser paga em várias parcelas.

A rescisão de contratos ou as transferências de jogadores caros (Alexandre Lacazette, Nicolas Tagliafico, Anthony Lopes, Maxence Caqueret e, recentemente, Rayan Cherki, que saiu para o Manchester City no início de junho por 42,5 milhões de euros, incluindo bónus) também reduziram a massa salarial em cerca de 30 milhões de euros. No entanto, isso não é suficiente para a DNCG.

O objetivo continua a ser reduzir a massa salarial de 160 milhões de euros para 75 milhões de euros. Se o clube permanecer na Ligue 1, a DNCG poderá impor controlos salariais e de recrutamento. Para isso, Michele Kang deverá apresentar um plano de austeridade, incluindo novas transferências e um limite para os salários dos jogadores.

Venda do Crystal Palace

A venda das ações da Eagle no clube inglês Crystal Palace, no final de junho, por cerca de 200 milhões de euros, acabou por desiludir a DNCG: a Ares terá recebido 160 milhões de euros para garantir o seu empréstimo ao Textor, que depois canalizou apenas 40 milhões de euros para o Lyon, quando a autoridade financeira esperava 80 milhões de euros.

Por último, a DNCG está a analisar o caso de três jogadores do Botafogo (Brasil), cujos direitos económicos foram transferidos para o Lyon este inverno. Luiz Henrique assinou com o Zenit de São Petersburgo por 33 milhões de euros em janeiro, enquanto Igor Jesus assinou com o Nottingham Forest por 11,5 milhões de euros no início de julho. Em teoria, estes montantes deveriam ter sido canalizados para o OL.

Se a comissão confirmar a despromoção do clube à Ligue 2, o OL poderá ainda recorrer ao Comité Nacional Olímpico e Desportivo (CNOSF) para conciliação, ou mesmo ao tribunal administrativo.

A decisão final terá consequências para o destino europeu do OL, que se qualificou para a Liga Europa, mas só poderá participar se permanecer na Ligue 1.