"Falei com o Pedro (Lourenço), com o Alexandre (Mattos), que apresentaram um projeto interessante, sabendo que o Maior de Minas tinha um projeto em mãos que poderia ser do meu interesse. Aceitei. Não é financeiro, é uma opção de vida vir para o Brasil, que é o país do futebol, o país com mais talentos no mundo", afirmou Leonardo Jardim.
Após quase quatro anos no Oriente Médio, com passagens pelo Al-Rayyan, do Catar, Shabab Al-Ahli, dos Emirados Árabes, e Al Hilal, da Arábia Saudita, Leonardo Jardim chega ao Cruzeiro com a expectativa de aumentar a competitividade do clube mineiro e alcançar outros clubes que cresceram recentemente.
“Acho que no futebol brasileiro dos últimos anos, principalmente as equipas que ganharam campeonatos e Libertadores, a grande diferença foi a intensidade. Foi o caso do Palmeiras, Flamengo e, agora, Botafogo. Eles conseguiram ter talento e intensidade de jogo”, afirmou Leonardo Jardim.
"O que eu pretendo e posso prometer é trabalhar para criar uma equipa competitiva, que tenha uma atitude, em todos os jogos, de busca por resultados e vitórias. Uma equipa que respeita a história do clube e os adeptos. Quero passar da fase negativa, não vai ser da noite para o dia, mas vai ser um processo de crescimento”, garantiu.
Visão do clássico
Leonardo Jardim assuniu que acompanhou as últimas partidas do Cruzeiro, mas ainda tem muito que aprender e entender sobre os jogadores, para dar qualquer atualização sobre quem fará parte dos planos iniciais.
O treinador português também avaliou a derrota com o Atlético Mineiro (2-0) no último domingo, em que Gabigol foi expulso aos 30 minutos.
“O clássico com o Atlético-MG teve dois momentos: antes e depois da expulsão. Acho que por isso que o adversário ganhou. Espero que possamos fazer melhor no futuro, viver essa experiência, aprender com os erros e melhorar a equipa para ter jogos que os adeptos merecem”, afirmou.
“Ontem saí do jogo triste por causa do resultado, mas principalmente pelos 64 mil que estavam lá a apoiar. Foi espetacular vê-los apoiar a equipa e ir ao estádio. Por isso, hoje, uma das minhas palavras para os jogadores foi ‘temos que entregar mais porque aquelas pessoas merecem'”, completou Leonardo Jardim.
Avaliação no dia a dia
Para o treinador português, um dos motivos de ir para o Brasil foi precisamente a cultura do futebol, dos adeptos apaixonados e do jogar para ganhar. O técnico de 50 anos disse que “fez o dever de casa” e pesquisou mais sobre o Cabuloso quando as negociações começaram. Mesmo assim, explicou que ainda precisa de tempo para conhecer e adaptar os jogadores às suas ideias.
“Uma coisa é ver vídeos, outra é sentir em campo e trabalhar com eles. Ver a qualidade e o perfil de cada jogador pessoalmente. Tenho que me adaptar um pouco ao plantel que temos. Gosto de uma equipa que tenha a bola; com transição rápida, se tiver espaço; uma mudança de lado, se os adversários ocuparem os corredores; que consiga posicionar-se e ser compacta”, detalhou.
“Temos que trabalhar essas várias ideias no jogo, que não é só de um plantel. Pode ter variáveis. Não acredito em somente um plano, de manter independente do que o adversário faça. Os meus jogadores têm que ter essa cultura tática de saber qual o momento para tomar as melhores decisões em relação ao jogo”, declarou Leonardo Jardim.
Análise ao plantel
Numa análise do plantel atual, para uma temporada com calendário cheio, o novo treinador não revelou muitas opiniões, mas comparou o Cruzeiro a outro clube que treinou, o Mónaco.
“Eu não acredito em ‘uns’ jogadores, acredito num plantel. Já falei com eles e criei competitividade dentro do grupo. Não podemos ter apenas alguns, sabemos que os adeptos às vezes quer que joguem sempre os mesmos, mas precisamos de ter uma equipa competitiva, com opções para cumprir o calendário e o número de jogos para todas as competições”, disse.
“Temos um grande plantel, bons jogadores, alguns mais experientes. Lembra-me um pouco o Mónaco quando cheguei, com alguns veteranos e os jovens a evoluir. Tenho uma queda pela construção de novos jogadores”, acrescentou.
Leonardo Jardim afirmou que o clube está em busca de um substituto para o central João Marcelo, que aguarda uma cirurgia devido a uma lesão no joelho. O técnico também disse que qualquer decisão será feita em conjunto com a direção e a comissão.
Negociação
Leonardo Jardim foi apresentado ao lado de Pedro Lourenço, dono da SAF do Cruzeiro, e Pedro Júnio, vice-presidente. Pedrinho relatou que a escolha do treinador em aceitar a proposta foi técnica, não financeira, e teve concorrência na negociação com o português.
"Não foi fácil essa luta para trazer um técnico da envergadura do Jardim. É muita concorrência, mas nas conversas ele optou por vir ao Cruzeiro. Não foi pelo dinheiro. Ele não veio por ser a melhor oferta, veio porque achou interessantes as conversas, o que nós pensamos de futebol. Ele preferiu vir para o Cruzeiro", garantiu.
"Desde o início as conversas foram transparentes, e nós temos confiança de que fizemos a melhor escolha. Certeza plena de que vai fazer um grande trabalho. Vai ter tempo para trabalhar, está a pegar a locomotiva em andamento, mas com a experiência que tem, vai conduzir bem os nossos jogadores", completou.