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O efeito Messi: MLS quer um lugar entre as grandes Ligas

Messi, um ídolo em Miami
Messi, um ídolo em MiamiAFP
Com o argentino a revolucionar Miami, a competição de futebol norte-americana acredita que a contratação do ex-jogador do Barcelona confirma a sua força de atração em direção ao ambicioso objetivo de se tornar uma das melhores Ligas do mundo.

A chegada de Leo Messi "mostra o trabalho e a seriedade com que estamos a trabalhar aqui", disse o diretor desportivo da MLS, Alfonso Mondelo, em entrevista à AFP. "Os jogadores nos consideraram uma Liga de destino, os proprietários das equipas fizeram um grande investimento em infraestrutura e o público cresceu nos últimos anos".

"E agora ter o melhor ou um dos melhores jogadores da história é a cereja no topo do bolo", sublinha o dirigente espanhol. "Temos uma ideia clara de que esta vai ser uma das grandes Ligas a nível mundial", acrescentou.

Mural de Messi numa parede
Mural de Messi numa paredeAFP

Messi será apresentado no domingo em grande estilo como a nova superestrela do Inter Miami e o novo ícone do futebol nos Estados Unidos.

Recusada uma oferta da rica Arábia Saudita e a chance de voltar ao Barcelona, o capitão da albiceleste optou pela MLS num momento crucial para o crescimento do futebol.

O argentino será a atração da Liga durante um período em que os Estados Unidos sediarão a Copa América de 2024, o Mundial de Clubes de 2025 e o Campeonato do Mundo de 2026, co-organizado com México e Canadá.

"Interesse no teto"

Depois da era Pelé nos anos 70, quando o craque brasileiro assinou pelo New York Cosmos da extinta North American Football League (NASL), e da era David Beckham nos anos 2000, com a sua chegada ao LA Galaxy vindo do Real Madrid, domingo será o ponto de partida da era Messi na MLS.

"Beckham foi um antes e um depois para a MLS. Ele colocou-nos no mapa do futebol. Este pode ser o próximo grande passo", afirma Mondelo sobre a contratação do agora coproprietário do Inter Miami.

Os adeptos esperam ansiosamente por Messi
Os adeptos esperam ansiosamente por MessiAFP

De acordo com os dados da MLS, os jogos da MLS em 2022/23 registaram uma assistência média de 22.000 espetadores. Entre as cinco principais Ligas dos Estados Unidos, essa média fica atrás apenas da NFL (futebol americano) e da MLB (beisebol).

"Tivemos uma assistência massiva nos estádios, este mês batemos o nosso recorde (82.000 no dérbi de Los Angeles) e agora o interesse subiu em flecha", diz Mondelo. "Toda a gente quer ver o Messi. Nos estádios onde ele vai jogar este ano já é difícil encontrar bilhetes".

Concorrência saudita

Se Pelé e Beckham atraíram outras estrelas no final das suas carreiras - Beckenbauer ou Müller no primeiro caso e Henry ou Ibrahimovic no segundo -, a chegada de Messi pode ter um efeito semelhante, mesmo que a MLS se tenha recentemente focado no desenvolvimento de jovens talentos como o argentino Thiago Almada (Atlanta United).

A chegada de outras estrelas "é inevitável. Os jogadores vão querer jogar com ou contra Messi", diz Mondelo.

O argentino não estará sozinho na missão de lutar por títulos com o Inter Miami, uma franquia sem pedigree na MLS que está em penúltimo lugar nesta temporada. Terá a companhia do veterano Sergio Busquets e poderá ter a companhia de outro ex-companheiro de Barcelona, Jordi Alba.

Os jogadores "vêem que esta Liga continua a crescer, vêem a montra que vamos ser com o novo contrato que temos com a Apple para transmitir os jogos para todo o mundo", disse Mondelo sobre a concorrência de outras Ligas emergentes, como a da Arábia Saudita.

Inter Miami recebe Messi de braços abertos
Inter Miami recebe Messi de braços abertosAFP

"O mundo árabe tem recursos financeiros e estamos a ver que está a atrair jogadores, mas temos de nos preocupar com o que fazemos aqui, colocando o melhor nível de competição possível para o tornar atrativo", diz Mondelo.

Nos últimos anos, a estratégia da MLS deixou de se centrar na atração de estrelas à beira da reforma (Kaká, Henry, Ibrahimovic ou o próprio Beckham) para passar a recrutar jovens jogadores, de forma a elevar o nível da competição e a inseri-la no mercado global de transferências.

A partir de 2021, a MLS é a competição que mais gasta em transferências na América e teve grandes vendas para a Europa, como Alphonso Davies e Miguel Almiron.

"Cada equipa tem formas diferentes de perseguir os seus objetivos, mas o mais importante neste momento é que os jogadores que entram possam elevar o nível do futebol. E esta não é uma liga fácil, é complicada e difícil", disse Mondelo.

"As melhores equipas da MLS estão lá para lutar por lugares intermédios numa das grandes Ligas europeias. Os jogadores têm de vir com a mentalidade de competir e estar preparados, porque ninguém lhes vai estender o tapete vermelho em campo", conclui.