O anúncio da alteração da designação do estádio, onde em 25 de junho de 1975 foi proclamada a independência de Moçambique pelo primeiro Presidente moçambicano, Samora Machel, aconteceu no mesmo local, nas comemorações dos 50 anos de independência do país, pelo chefe de Estado, Daniel Chapo.
Contudo, os sócios do Clube de Ferroviário de Maputo, que gere o estádio, contestaram nos últimos dias a decisão unilateral, aprovada em 24 de junho em Conselho de Ministros, conforme relatos na comunicação social local.
No entanto, na resolução do Conselho de Ministros, que define que o "Estádio da Machava passa a designar-se Estádio da Independência Nacional", consultado hoje pela Lusa, é invocado o decreto-lei 1/2014, sobre as toponímias nacionais.
Em concreto, a alínea b do artigo 33 do mesmo decreto-lei define claramente que "compete ao Conselho de Ministros" a decisão de "atribuir e alterar topónimos de infraestruturas de nível provincial e nacional".
Na resolução do Conselho de Ministros é apontada a "necessidade de outorgar o devido reconhecimento da importância da emblemática infraestrutura de interesse público, que acolheu a cerimónia de proclamação da Independência Nacional", sendo esta "um valor nacional que custou o sacrifício e vidas de muitos moçambicanos" e "tendo em conta a sua dimensão e valor histórico-cultural".
"Julgamos que os moçambicanos sentir-se-ão orgulhosos de olhar para este estádio, não somente como uma referência arquitetónica e ícone no desporto, mas, sobretudo, como o verdadeiro berço da nossa independência nacional", declarou em 25 de junho o chefe do Estado moçambicano, Daniel Chapo, ao discursar no agora Estádio da Independência Nacional, durante as cerimónias centrais das celebrações dos 50 anos de independência de Moçambique.
O Presidente indicou que a decisão visa registar "de forma indelével o acontecimento mais marcante da história do (...) povo (moçambicano), a independência nacional", para transformar o estádio numa "referência do patriotismo e cidadania no presente e para as gerações vindouras".
Naquele estádio joga habitualmente futebol o Clube Ferroviário de Maputo, um dos vários emblemas 'ferroviários' do país apoiados pelos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM).
Contudo, há quatro anos que o espaço, multiuso, não é utilizado devido à falta de condições, sendo a intervenção de reabilitação realizada pelo CFM nos últimos meses, para a cerimónia de 25 de junho último, a primeira de fundo em mais de 50 anos, esperando-se que a Confederação Africana de Futebol (CAF) o aprove para acolher provas internacionais.
Com capacidade oficial para 45.000 pessoas, começou a ser construído em 1963, num terreno com mais de 30 hectares, na Matola, e foi batizado então como Estádio Salazar, sendo inaugurado em 1968 com a também histórica partida de futebol entre as seleções de Portugal e do Brasil.