A história de Neymar no Santos não pode ser contada apenas pelos 136 golos e 63 assistências em 225 jogos. Ou até mesmo pelos seis títulos em cinco temporadas — e os diversos prémios individuais.
O craque causou um impacto cultural poucas vezes visto no futebol brasileiro, desde os variados moicanos no cabelo até às danças nas comemorações. Tudo o que era feito por Neymar tornava-se um hit instantâneo entre crianças, adolescentes e até adultos, que se divertiam com a ousadia e a alegria do "menino Ney".

A ascensão meteórica, porém, teve as suas polémicas, algo frequente em toda a vida pessoal e profissional do jogador. Ainda assim, Neymar é ídolo e referência para quase todos os talentos que surgiram no Brasil após os seus anos de brilho, como Vinícius Júnior, Rodrygo, Endrick e Estêvão.
No embalo do regresso ao Santos, o Flashscore separou cinco momentos simbólicos para resumir o fenómeno Neymar nos seus cinco primeiros anos no futebol brasileiro.
Santos 10-0 Naviraiense
O adversário era bem fraco, mas o massacre na 1.ª fase da Taça do Brasil foi um evento canónico para a equipa que se tornaria o "Santos de Neymar". No início da sua segunda temporada como profissional, aos 18 anos, o jovem fez dois golos e três assistências no inesquecível 10-0 sobre o Naviraiense-MS.
Neymar parecia um adulto no meio de crianças, com dribles desconcertantes e golaços. O Santos arrancou para o título inédito da Taça do Brasil, e Neymar foi o melhor marcador do torneio, com 11 golos em 8 jogos — cinco deles na goleada por 8-1 sobre o Guarani, nos oitavos de final.
"Estamos a criar um monstro"
Golaços, títulos, propagandas publicitárias, seleção brasileira... Neymar alcançou tudo em 2010, mas não sem um capítulo explosivo, que o pôs em xeque. Num jogo do Brasileirão contra o Atlético-GO, na Vila, o craque ultrapassou os limites com Dorival Júnior, após o treinador impedi-lo de marcar um penálti.
Ainda naquela noite, o treinador adversário, René Simões, disparou uma frase que ficou na memória do adepto brasileiro: "Estamos a criar um monstro". Dorival pediu à direção santista uma punição dura a Neymar e anunciou que barraria o craque, mas acabou demitido por isso.
Campeão e Rei da América
Depois da Taça do Brasil, chegou a Libertadores. Em 2011, Neymar foi a estrela do título que apenas a geração de Pelé havia alcançado no Santos, com quase 50 anos de jejum. Após uma fase de grupos turbulenta, em que chegou a ser expulso, o avançado cresceu na hora certa e foi decisivo na fase a eliminar.
Dos quartos de final em diante, Neymar deixou a sua marca em todos os jogos. O golo mais especial, é claro, foi o da final contra o Peñarol, no Pacaembu, que o eternizou como um dos grandes ídolos do Santos. O avançado ainda ganhou o tradicional prémio de Rei da América, concedido pelo jornal uruguaio El País.
Prémio Puskás contra o Flamengo
Em 16 anos de carreira, nenhum golo de Neymar foi tão emblemático quanto a pintura de 2011, contra o Flamengo, na Vila Belmiro. A arrancada desde o meio-campo terminou com um drible antológico em cima de Ronaldo Angelim e uma finalização com estilo, que lhe renderam o prémio Puskás.
A coroação na cerimónia da FIFA, destronando Lionel Messi, deixou o talento de Neymar conhecido em todo o mundo. O golaço ficou inserido num dos jogos mais icónicos do futebol brasileiro, com a reviravolta com o Flamengo por 5-4 e hat-trick de Ronaldinho Gaúcho.
Hat-trick e aplausos dos adeptos do Cruzeiro
Todas as grandes estrelas têm uma atuação digna de reverência dos adeptos adversários. Neymar conseguiu esse feito raro, ao apontar um hat-trick e fazer uma assistência na goleada por 4-0 sobre o Cruzeiro, no Independência, para o Brasileirão de 2012.
Mesmo com a humilhação em casa, os adeptos celestes aplaudiram Neymar após o último golo e cantaram o nome do craque, que devolveu a reverência aos cruzeirenses. Um momento quase inédito no futebol brasileiro.